Guilherme Estrella e o secretário-geral da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), Adaedson Costa, participaram da Live realizada pela AEPET-BA, no dia 07/10, e transmitida pelo canal do Youtube e pelo Facebook da Associação.
O geólogo e ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobrás, Guilherme Estrela, evocou as medidas formuladas pelo Consenso de Whashington, em 1989, e adotadas pelos governos neoliberais no Brasil, que sucederam à ditadura militar, para falar sobre a atual situação da Petrobrás. Em especial, atribuiu ao governo Fernando Henrique Cardoso a abertura do capital da empresa na bolsa de Nova Iorque, possibilitando a entrada dos fundos financeiros transnacionais. Segundo ele, esses fundos dominam a empresa, na atualidade.
Além disso, em 2016, o Brasil ser autossuficiente em petróleo representou uma ameaça para o capital internacional e muito mais ainda quando o país se tornou membro dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) com a possibilidade de criar um novo bloco econômico desses países emergentes. Segundo Estrella, esses fatores e o projeto privatista do atual governo são pistas que explicam o que está acontecendo, atualmente, com a Petrobrás.
A venda dos ativos produtivos da estatal como as Refinarias, campos maduros e muitos outras unidades que estão sendo entregues como sucatas mostra o desinteresse do governo com o que restou da empresa. Os olhos estão voltados para o pré-sal. “Os campos da Bacia de Campos e as refinarias do sudeste brasileiro são ativos financeiros, produzem muito lucro em tempo muito pequeno e sem risco, com um custo de manutenção muito baixos”, aponta Estrella.
Os convidados lembraram a importância de manter a empresa integrada, vertical. “É importante a Petrobrás integrada do poço ao posto. Nós, petroleiros, criamos uma empresa integrada que agora está sendo entregada”, ironizou Adaedson Costa. Estrella arrematou “a Petrobrás integrada, como até pouco tempo era, uma empresa muito inserida na sociedade, criando empregos, produzindo cultura, distribuindo energia, era uma ferramenta fundamental e absolutamente indispensável para a nação brasileira sair dessa crise”.
Também foram abordados, além da importância da empresa para o desenvolvimento do país, outros temas como a política de preços, as manobras do governo e da atual direção da empresa para sua privatização e os impactos negativos. Por exemplo, foi lembrado que a política de preços implementada pela empresa, com aumentos constantes no gás de cozinha, excluiu dois milhões de pessoas que agora usam lenha para cozinhar.
Para barrar esse projeto destrutivo, Estrella convocou a união das forças progressistas para enfrentar esse governo e disputar as próximas eleições presidências. Depois disso que o programa de governo deve deixar claro, convocar os brasileiros para que se manifestem em uma consulta popular para reestatização as unidades da Petrobrás privatizadas. Ele afirma que os atuais contratos de venda violam a Constituição Federal porque prejudicam os trabalhadores e o povo brasileiro.
“Queremos voltar a ser um país colônia com o povo escravizado e dependente do mercado financeiro internacional ou um país soberano com autossuficiência energética?”, perguntou finalmente Estrella
*Campanha salarial*
Durante a Live, Adaedson Costa atualizou informações sobre a campanha salarial que dividiu as duas Federações de Petroleiros. A FUP já assinou o Acordo Coletivo, mas as bases da FNP ainda tentavam avanços, em especial na proposta referente à Assistência Multidisciplinar de Saúde (AMS). Segundo ele foi muito difícil quebrar à intransigência da empresa, por isso a Federação precisou recuar. As assembleias estão aprovando a assinatura do ACT.
Segundo Costa, a próxima batalha é debater com a categoria a criação da Associação proposta pela Petrobrás para gerir a AMS. Ele convocou a categoria para participar ativamente das discussões sobre o tema. “A criação da associação pressupõe debater o estatuto e associado para aderir. Precisamos discutir a nossa participação na gestão. E se queremos associação, saber como vamos fazer com os R$ 180 milhões que virão direito para a conta do trabalhador, que é o valor gasto pela Petrobrás para administrar a AMS, divulgado no balanço de 2019, e que nós não pagamos atualmente”, desabafou ele.
Assista a Live agora!