Live debaterá a saúde mental dos petroleiros na pandemia.
Durante a Live, os participantes vão poder tirar dúvidas via chat do Youtube ou comentários do Facebook
Setembro é o mês em que se realiza a campanha de prevenção ao suicídio. Pensando nisso, a AEPET-BA realizará um importante debate sobre a saúde mental dos petroleiros na pandemia. A Live acontecerá na quinta-feira, dia 16/09, às 19h, pelo Youtube e Facebook da entidade.
Para abordar o tema, foram convidados técnicos do Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador/Diretoria de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador (Cesat/Divast), representantes do Ministério Público da Bahia (MPT-BA) e dois profissionais da área da psicologia e serviço social.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, na pandemia, piorou a saúde mental dos trabalhadores: 20% das pessoas consideram o estado de saúde ruim, 11% muito ruim e 13% relatam sofrer com depressão ou ansiedade. A maioria dorme mal, se sente nervosa, tensa, preocupada, triste e o trabalho diário é a causa do sofrimento. O percentual ficou entre 53% e 83%.
Uma das causas que piora o quadro de saúde dos trabalhadores é a prática de assédio moral, que, segundo a Organização Internacional do Trabalho, atinge a 42% dos brasileiros, atualmente.
Com a adoção do trabalho remoto, o cenário piorou. Os trabalhadores não desconectam mais. As cobranças chegam a qualquer hora, em qualquer dia.
Apesar dos dados preocupantes, a saúde mental ainda é vista como um tabu: 24% dos trabalhadores já precisaram se afastar por estresse, porém menos da metade dos afastamentos tiveram registros relacionados à saúde mental.
O caso do suicídio na RLAM
Em julho deste ano, a Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, foi autuada pela morte por suicídio, de um trabalhador ocorrido, no dia 22 de setembro do ano passado, nas dependências da Unidade de Desoleificação a Propano (atual U-13). A penalidade decorre das conclusões da investigação realizada pela Auditoria Fiscal do Trabalho, vinculada à Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT)/Ministério da Economia, e pelo Centro Estadual de Referência em Saúde do Trabalhador (Cesat), em atendimento à denúncia formulada pelo Sindipetro-Bahia.
Os relatórios divulgados pelos órgãos sobre a morte do trabalhador atestam que esta foi causada pelo ambiente de insegurança, tensão e mal-estar coletivo criado pelo processo de venda da unidade, além de outras irregularidades. No total, a RLAM recebeu seis autos de infração.
Segundo os relatórios das investigações, “um cenário mais amplo de tensões sociais se desencadeia entre os trabalhadores, desde o anúncio da venda da refinaria.” Esta decisão da Petrobrás, segundo aponta a 7ª Ata da reunião da Cipa, “instalou um clima de insegurança e de mal-estar coletivo, entre todos os trabalhadores de alguma forma vinculados à RLAM”.
O companheiro exercia a função de Coordenador Técnico Operacional (CTO), tinha 40 anos de idade, era casado e deixou dois filhos, com oito e dois anos de idade.
Leia aqui a matéria https://aepetba.org.br/v1/2021/07/07/morte-na-rlam-suicidio-de-petroleiro-foi-motivado-pelas-condicoes-de-trabalho-conclui-investigacao/
Saúde mental na Petrobrás
Por exigência das Federações de Petroleiros (FUP e FNP), em novembro do ano passado, a Petrobrás apresentou um programa de saúde mental baseado em conceitos que não correspondem à realidade da categoria. Inclusive, nesse sentido, a empresa descontinuou as avaliações de clima organizacional que levantava as percepções dos empregados quanto aos seus sentimentos e sensações com as atividades no setor em que atuam.
A discussão surgiu porque em menos de um mês, em setembro do ano passado, ocorreram dois casos de suicídio que abalaram ainda mais a categoria: na RLAM, na Bahia; e na Bacia de Campos, durante o pré-embarque em um hotel da região.
As causas da piora do quadro de saúde mental, na categoria, são a desestruturação da vida profissional e familiar em função do fechamento de unidades, das privatizações e do desmonte que compromete o presente e o futuro da companhia. No programa apresentado pela empresa, os gestores foram blindados de qualquer responsabilidade com os fatores geradores de estresse e pressão psicológica que afetam cada vez mais os petroleiros.
Em setembro, a AEPET-BA vai promover diversas atividades para chamar a atenção dos associados e amigos da ativa e aposentados para o grave problema referente à saúde física e psicológica da categoria. Temos como exemplo, nos ativos, reflexos na saúde emocional devido à insegurança com a desestruturação das famílias, por conta das transferências; o assédio moral organizacional usado como ferramenta de gestão de RH da Petrobrás e o medo de perder o emprego. Nos aposentados, a perda do poder aquisitivo decorrente da inflação, dos PEDs e agora da AMS estão tirando o sono e a dignidade de muitos petroleiros que não sabem mais como pagar as contas em razão de tantos descontos no benefício da Petros, causando-lhes angústia e sofrimento emocional. Isso é muito preocupante.