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Evento virtual com o tema “68 anos da Petrobrás”, aconteceu na manhã desta quinta-feira (16/12) e reuniu entidades representativas dos petroleiros, economistas e movimentos populares.

A sessão foi requerida pela vereadora Marta Rodrigues, atendendo solicitação do Fórum Baiano em Defesa da Petrobrás e debateu diversos temas, como por exemplo, a política de preços dos combustíveis, 68 anos da Petrobrás, 80 anos da exploração comercial de petróleo e gás no Brasil e a saída da estatal da Bahia. O Fórum é integrado pela AEPET-BA, ASTAPE-BA e Abraspet.

Transmitido ao vivo pela TV CAM – 12.3, o evento encerrou as atividades comemorativas programadas pelo Fórum para marcar os 80 anos da descoberta do Candeias 1, que abriu caminho para a exploração comercial do petróleo. O poço fica em Candeias, na Bahia, e foi vendido pela Petrobrás, junto com outros 13 campos de petróleo, para a 3RPetroleum.

A vereadora Marta Rodrigues (PT) ressaltou a importância da casa legislativa de Salvador em estar abordando um tema tão importante, que influencia a vida dos soteropolitanos, baianos e brasileiros.

“É uma sessão especial que foi aprovada por unanimidade por esta casa legislativa, dado o momento em que nós estamos vivendo esses ataques constantes. A casa legislativa tem o compromisso de trazer também para pauta, para a prioridade este debate necessário, porque nós sempre estamos falando na tribuna geral do que está acontecendo no município, mas esse tema também atinge todas as pessoas que moram em Salvador”, afirmou Marta.

O mandato da vereadora aprovou uma moção de solidariedade que será encaminhada à gestão da Petrobrás, solicitando a garantia de ocupação da área do CEPE Salvador. Os petroleiros lutam para barrar a decisão da empresa que pediu a desocupação da área que ocupa o clube.

A representante dos trabalhadores no Conselho Administrativo da Petrobrás, Rosângela Buzanelli, foi a primeira palestrante. Com mais de 32 anos na Companhia, ela falou sobre a importância da Bahia na criação da estatal e destacou a importância do povo brasileiro na luta pelo domínio do petróleo ao fazer um breve histórico da Petrobrás.

“Começamos a exploração em terra na Bahia, então a Bahia é o berço do nosso petróleo e da Petrobrás. Depois fomos para o mar, onde descobrimos petróleo em Sergipe e em 1974 descobrimos a Bacia de Campos, em águas rasas. Em seguida é criada a BR Distribuidora, que completaria 50 anos, mas que foi totalmente vendida. É importante ressaltar que nós não estatizamos uma empresa de petróleo, criamos uma para vencer todos os desafios que nos eram impostos e apesar de todos os obstáculos nós descobrimos o petróleo e fundamos a nossa Petrobrás, Petróleo Brasileiro S/A”, explica Rosângela.

O segundo palestrante foi o economista do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps) que criticou a política de preços dos combustíveis, baseada no dólar, implementada pelo governo Temer, a partir de 2016. Em cinco anos, os principais combustíveis do país chegaram a seus maiores patamares históricos com a disparada dos preços e aumento da inflação:  GLP, diesel, GNV e em outubro a gasolina. Os petroleiros, que resistiram à tentativa de privatização do governo Fernando Henrique Cardoso, agora no governo Bolsonaro enfrentam a pior fase na história da Petrobrás, sendo que o lucro está sendo distribuído a um pequeno grupo de acionistas estrangeiros.

Enquanto isso, grande parte da população não está conseguindo comprar gás de cozinha porque está muito caro e se arrisca usar lenha ou etanol para cozinhar “o Brasil sendo o nono maior produtor de petróleo do mundo, tendo grande parte de refino, o governo não consegue garantir à população brasileira acesso ao gás de cozinha e preços justos de combustível, que ela mesma produz”, criticou o economista.

Intervenções

Pedro Augusto Pinho, presidente da AEPET, também esteve presente no evento em defesa da Petrobrás e chamou a atenção da sociedade brasileira para a volta da ‘era do colonialismo’ na Petrobrás, citando a venda da RLAM para a Mubadala Capital.

“Esse estado colonial em que vivíamos até a revolução de 30 está lamentavelmente voltando. Só que ao invés de ter uma empresa estadunidense tomando conta do Petróleo Brasileiro, hoje nós temos capitais apátricas localizados em paraísos fiscais, onde aliás, o ministro da economia e o presidente do Banco Central dizem ter suas poupanças aplicadas sem nenhuma vergonha, sem um pingo de pudor para enormidade dessa. Mas, hoje quem vai controlar o petróleo no Brasil, aliás, já está controlando, são essas empresas de capitais apátricas que acabam de comprar a RLAM. Onde a primeira providência foi apagar a história, tirando o nome Landulpho Alves, mas ninguém apaga a história”.

Anistiados da Abraspet emocionaram os participantes da Live quando relataram as dificuldades e as péssimas condições de trabalho enfrentadas entre as décadas 1960 e 1980, nas unidades da Petrobrás, na Bahia, em especial na Refinaria Landulpho Alves (RLAM) e nos campos terrestres. Devido à persistência e criatividade desses pioneiros, que não contavam com o avanço tecnológico atual, ajudaram a construir uma das maiores empresas da América Latina. Narraram, ainda, o sofrimento dos petroleiros demitidos e perseguidos pelos militares na greve de 1983.

Esses pioneiros, os trabalhadores aposentados, foram homenageados pelo presidente da AEPET-BA, Marcos André dos Santos, na sua fala. Reagiu com indignação ao comportamento da Acelen, administradora da RLAM, que decidiu não baixar os preços dos derivados do petróleo na Bahia. Por isso, os consumidores baianos estão pagando mais caro pelo gás de cozinha e gasolina.

Para ele, os impactos imediatos da venda da RLAM já começam a ser sentidos “é o monopólio privado de um país estrangeiro que compra nossa refinaria e eu pergunto se amanhã tiver um problema qualquer de abastecimento de combustíveis o fundo árabe Mubadala vai preferir produzir combustíveis para o nosso mercado para satisfação da necessidade do povo baiano e nordestino ou ela vai exportar para os Emirados Árabes Unidos para satisfazer aquele que que é o dono dessa refinaria em prejuízo a nossa sociedade?”

Solicitou empenho dos parlamentares baianos para subscrever o requerimento do deputado federal, Paulo Ramos (PDT-RJ), para abrir a CPI da Petrobrás e investigar além da venda a preço vil dos ativos da empresa, a atual política de preços dos combustíveis.

Durante a audiência foi exibido o vídeo preparado pela AEPET-BA 68 anos da Petrobrás, uma história de luta, resistência e sucesso.

Estiveram presentes na audiência também o secretário-geral da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), Adaedson Costa; o coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar; o diretor da Faculdade de Economia da UFBA, Henrique Tomé Mata; o presidente do CEPE-Salvador, Dejair Santana, Francisco Coelho, da União de Moradia Popular; Juan Gonçalves, Movimento dos Trabalhadores por Direito; Tânia Nogueira do Papo Mulher.

 


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