Manobra da Acelen, empresa privada que administra a antiga RLAM, prejudica o abastecimento de diesel em toda região Nordeste; aumentos dos combustíveis são maiores que os praticados pela Petrobrás
Mal iniciou a operação, a nova administração da agora Refinaria de Mataripe (REFMAT), a Acelen, deixou sem combustível os navios da região, além do risco iminente pela falta do diesel no Nordeste e, não há previsão de retomada de abastecimento.
Tudo isso por um grave erro de planejamento e claro, grave consequência do programa de privatização promovido pelo governo Bolsonaro. De acordo com a Agência Nossa, a Refinaria de Mataripe, interrompeu nesta quarta (26) a operação de uma das duas unidades de destilação por falta de petróleo para processamento.
Um navio carregado com grande volume de petróleo para abastecer a antiga RLAM, não conseguiu atracar porque seu calado (parte da estrutura do navio) é maior do que comporta a profundidade da região. A culpa é da Acelen, que decidiu por conta própria, trazer petróleo do exterior em vez de comprar da Petrobrás, sendo que a empresa não tem capacidade de logística, com navios e embarcações para fazer transferência em alto mar.
O que agrava mais ainda a situação, porque o contrato de compra da refinaria baiana não teria incluído embarcações, provocando também a interrupção no abastecimento de bunker para navios em Salvador.
A opção viável para o momento e evitar mais prejuízos é transferir a carga de óleo para navios menores, em alto mar, uma operação conhecida como ship-to-ship. Mas há questões ambientais e burocráticas que podem atrasar a operação a ser feita pela Acelen, pois é uma manobra que traz risco de vazamento em grandes proporções. Ou seja, grande risco de poluição ambiental com consequências graves à vida marinha da Baía de Todos os Santos.
Impactos no bolso do trabalhador
Os analistas Christian Audi e Rodrigo Almeida observam que, em 2022, a Acelen tem reajustado os preços dos combustíveis com muito mais frequência do que a Petrobrás. A empresa particular do fundo soberano árabe, alterou os preços da gasolina três vezes, enquanto a estatal apenas uma. O mesmo foi observado no diesel. Os dados foram publicados no portal Money Times.
De acordo com os analistas, a Acelen está vendendo gasolina com um prêmio de aproximadamente 4,7% em relação aos preços da Petrobrás e diesel com um desconto de cerca de 2,2%.
Ou seja, a política de preço adotada pela Acelen destoa da praticada pela Petrobrás e aponta um desequilíbrio no mercado de refino do petróleo, já que não há uma concorrência direta da Petrobrás pelo mercado de abrangência do grupo árabe. O reajuste dos preços por conta própria, prejudica ainda mais os consumidores baianos, já que 90% do combustível vendido no estado vem da RLAM.
Além disso, acaba impactando também outros setores já que o produto está presente em toda a cadeia produtiva.
AEPET-BA alerta sobre privatização
Em dezembro de 2021, o presidente da AEPET-BA, Marcos André, alertou à sociedade sobre os malefícios da privatização da Refinaria Landulpho Alves e o risco de criar um monopólio regional.
“Privatizar faz mal ao Brasil. Isso é o que a AEPET-BA tem dito desde sempre. E agora, a Mubadala dá a demonstração disso (…) Só que agora, a venda fatiada das refinarias, como é o caso da nossa Refinaria Landulpho Alves, produziu um monopólio regional privado, ou seja, substituímos um monopólio estatal do petróleo dirigido pelo interesse nacional e para o povo, por um monopólio regional, cujo único objetivo é o lucro. (…) Essa privatização precisa ser revista imediatamente, é preciso que o povo volte a ser dono do seu patrimônio”, advertiu o presidente da AEPET-BA.