Agência Nacional do Petróleo (ANP) divulgou sua primeira pesquisa de preços com valores apurados após o segundo aumento da Petrobras em 2022. Segundo a agência, o preço médio da gasolina chegou aos R$ 7 por litro em 24 dos 27 estados brasileiros.
No começo de março, a Petrobrás anunciou seu segundo aumento do ano no preço dos combustíveis. A gasolina subiu 18,8%, passando de R$ 3,25 o litro para R$ 3,86 (valor médio). O diesel subiu 24,9%, de R$ 3,61 para R$ 4,51 (médio). Do mesmo modo, o gás de cozinha (GLP) teve acréscimo de 16,1%, de R$ 3,86 para R$ 4,48 por quilo (valor médio). Esse último reajuste motivou protestos de caminhoneiros na Bahia, motoristas de ônibus, carros e motos.
Recentemente, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) divulgou sua primeira pesquisa de preços com valores apurados após o segundo aumento da Petrobrás em 2022. De acordo com a análise da agência, o preço médio da gasolina chegou aos R$ 7,00 por litro em 24 dos 27 estados brasileiros. A pesquisa da ANP foi realizada entre os dias 13 e 19 de março, logo após o anúncio do reajuste.
O preço médio nacional estava em R$ 6,683 e subiu para R$ 7,267 por litro – uma diferença de 8,7%, de acordo com a ANP. A gasolina comum só tem preço médio abaixo de R$ 7 no Amapá (R$ 6,279), no Rio Grande do Sul (R$ 6,975) e em São Paulo (R$ 6,867). Como caso específico, só houve redução de preços na Bahia. No território baiano, 95% dos postos revendem combustível distribuído pela Acelen, que comprou e administra a antiga Refinaria Landulpho Alves (RLAM) da Petrobrás.
Acontece que, na Bahia, a Acelen entrou em acordo com a Sefaz-BA (Secretaria da Fazenda) e está praticando preços fixos de referência registrados em novembro de 2021, decreto que a mesma vinha descumprindo desde o mês de janeiro, quando o governo do estado congelou o ICMS sobre a gasolina. Agora, a redução por conta do congelamento desse imposto que deveria ser por três meses, valerá até o final de março – após a renovação do decreto. Caso haja uma nova renovação, a redução permanecerá.
Agora, com a redução, a Bahia deixa o posto de estado com a gasolina mais cara do país. Quem assume esse posto indigesto é o Piauí, com média de R$ 7,992 por litro.
Com relação ao diesel
Outra troca foi no posto de diesel mais caro do Brasil, a Bahia liderava o ranking, mas o custo do diesel também caiu no acordo feito pela empresa árabe. O primeiro lugar está com o Acre, com média de R$ 7,592 por litro.
A análise da ANP mostra que o preço médio do diesel S500, ultrapassou os R$ 6 por litro em 26 dos 27 estados brasileiros. O único estado onde o combustível custa menos de R$ 6, na média, é no Amapá – região norte: R$ 5,995 por litro em média.
Na última pesquisa realizada antes do aumento, em 20 estados, o preço médio do combustível custava menos do que R$ 6 por litro. Com o preço médio nacional em R$ 6,654, o diesel está 14,4% maior do que o valor apurado na semana anterior, R$ 5,814.
Com relação ao gás de cozinha…
A ANP também verificou os preços do GLP – Gás de Cozinha (13 kg). Após o aumento de 16% dado pela Petrobrás no começo de março, não há mais estados onde o preço médio do botijão seja menor que R$ 100. Na pesquisa anterior ao reajuste, o preço médio nacional era de R$ 102,42 – com seis estados comercializando o GLP por menos de R$ 100,00.
Nessa pesquisa mais recente, o valor subiu para R$ 112,54 – um aumento de 9,8%. Rondônia é o estado com botijão mais caro do país: preço médio de R$ 131,72.
A Petrobrás deveria cumprir sua função social ao estado
O conflito entre Rússia e Ucrânia é um exemplo das consequências negativas desse projeto de desinvestimento da Petrobrás que vem acontecendo nos últimos anos e acelerado por Bolsonaro. O preço do petróleo está em alta constante, que resulta em novos reajustes dos combustíveis no Brasil. Desde 2016, a estatal reduziu investimentos em refinarias e vendeu plantas de produção de combustível.
Na Bahia, a Refinaria Landulpho Alves (RLAM) foi vendida em 2021 ao fundo soberano árabe Mubadala, trocando o nome para Refinaria Mataripe e sendo administrada pela Acelen. O resultado disso são as constantes altas dos combustíveis em território baiano, sendo considerada a mais cara do Brasil pela ANP – Agência Nacional de Petróleo e com cinco reajustes em três meses de 2022, tendo preços maiores que as praticadas pela própria Petrobrás.
Isso aumentou a dependência do país em relação à importação de gasolina e diesel, o deixando mais vulnerável. O custo dessa vulnerabilidade ficou evidente com a guerra e a disparada do petróleo. Mas, em 2008, na crise econômica mundial, o barril de petróleo tipo Brent chegou ao preço recorde de US$ 147,50. Porém, a gasolina não foi reajustada, e continuava custando R$ 2,50 o litro.
Para os especialistas citados na matéria, a Petrobrás deveria cumprir uma função social. No caso específico dela, a companhia precisa trabalhar para que brasileiros tenham garantido o abastecimento de derivados de petróleo em momentos de crise, como esse que temos vivido nos últimos anos.
Confira na íntegra, a entrevista feita pelo Brasil de Fato com David Deccache, assessor econômico da bancada do Psol na Câmara dos Deputados e professor voluntário de Economia na UnB – https://www.brasildefato.com.br/2022/03/12/petrobras-deveria-assumir-papel-de-estabilizar-precos-no-brasil-diz-economista