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Por longos 21 anos, o Brasil viveu o período mais sombrio de sua história, quando os militares tiraram o presidente, João Goulart, e instauraram a ditadura militar. Tortura, mortes, perseguição e censura, fechamento do Congresso são lembranças desse período de obscurantismo

Há 58 anos acontecia o período mais repressivo e traumático na história do Brasil. O golpe militar de 1964, que durou longos 21 anos, quando os militares brasileiros tiraram João Goulart, então presidente da época, e instauraram, com repressão e muita crueldade, o regime ditatorial. Até 1985, cinco militares ocuparam a presidência do nosso país: Castelo Branco (1964-67), Costa e Silva (1967-1969), Médici (1969-1974), Geisel (1974-1979 e Figueiredo (1979-1985).

Na época, a antiga Constituição (1946) foi substituída arbitrariamente pelos militares, instituindo uma nova em 1967 – com as regras do jogo político definidas por eles. Além disso, foram criados 17 Atos Institucionais, o mais grave foi o AI-5, que dissolveram o Congresso Nacional, suprimiram liberdades individuais – como o direito ao voto, a liberdade de expressão, censura prévia, cassação de políticos e tortura deliberada dos opositores a Ditadura.

A ditadura civil-militar de 64, provocou o endividamento externo que até hoje o Brasil continua pagando, destruiu a educação pública e impediu avanços como a reforma agrária. São “filhos” da ditadura, políticos corruptos, a exemplo, de Paulo Maluf, Antônio Carlos Magalhães, Renan Calheiros, José Sarney, Jader Barbalho, dentre muitos outros, que fizeram carreira e cresceram na política à sombra da ditadura. Alguns deles, inclusive, hoje tentam reescrever a triste história, defendendo a ditadura, mas esquecem de falar sobre a inflação descontrolada, a miséria e fome e o rastro de sangue deixado pelos militares, apoiados por esses políticos.  

Lutando pelo restabelecimento da liberdade e em nome da democracia, centenas de pessoas foram mortas, e muitas delas nunca sequer foram identificadas, outras foram desaparecidas. Grandes artistas brasileiros e baianos, como Gilberto Gil e Caetano Veloso precisaram se exilar no exterior devido às constantes censuras e repressão dos militares. Mesmo após 58 anos desse triste evento, muitas perguntas ainda não foram respondidas e/ou esclarecidas.

Hoje, infelizmente, no governo Bolsonaro, os militares ocupam ministérios e cargos importantes. Segundo o cientista político William Nozaki, são mais de seis mil militares que ocupam cargos civis no atual governo. “É crescente o número de militares cedidos para cargos civis no governo federal ao longo dos últimos anos.”, afirma ele.

Eles querem a todo custo passar uma imagem inexistente e fora da realidade do que realmente aconteceu no Golpe de 64. No discurso, eles afirmam que a Ditadura foi uma “revolução”, repetindo o mesmo discurso pregado pelos militares quando há quase 60 anos atrás.

“Revolução é a forma como os golpistas sempre trataram o golpe e os militares permaneceram chamando assim. E hoje há militares ocupando o governo do Brasil. Além do ex-capitão expulso por insubordinação [o presidente Jair Bolsonaro], há cerca de 8 mil militares ocupando postos de alto escalão”, afirma o professor e doutor em História Carlos Zacarias, da Universidade Federal da Bahia (Ufba), em entrevista ao Jornal da Metrópole.

De acordo com o relatório da Comissão Nacional da Verdade, de 2014. A Ditadura Militar foi responsável por 191 assassinatos e 243 desaparecimentos. Estima-se também que 20 mil pessoas foram torturadas por todo o país.

“É um jogo de palavras para negar que houve o golpe. Foi a derrubada de um governo legítimo se utilizando de um subterfúgio falso: de que João Goulart havia abandonado o país. É uma manobra política com participação do próprio aparelho do Estado”, explica Demian Bezerra de Melo, professor de História Contemporânea na Universidade Federal Fluminense (UFF).

Evento em Salvador homenageia vítimas da Ditadura

Nesta sexta-feira (01/04), o Grupo Tortura Nunca Mais (GTNM) promove um ato público contra a Ditadura e homenageando as vítimas do Golpe de 64. Chamado de “Marcha do Silêncio”, o ato terá início às 16h, com manifestação partindo da Praça da Piedade até o Campo da Pólvora, onde está localizado o Monumento aos Mortos e Desaparecidos Políticos.

De acordo com a organização, o evento “mostra que não esquecemos as vítimas da ditadura, especialmente os mortos e desaparecidos políticos”. Serão distribuídas aos participantes tochas para relembrar a “luta e luz” das vítimas. “É momento deles falarem. Eles falarão pelos seus retratos, pelas cruzes que não puderam ser colocadas nos seus túmulos”, explica a convocação nas redes sociais.

E completam. “É momento de denunciar seus algozes, que até hoje não foram punidos e serão lembrados na história pelos crimes que cometeram. É momento de enfrentar os que, ainda hoje, negam a existência da ditadura, a defendem, a elogiam e, até, sonham em implantar outra.

O silêncio gritará a verdade que não esquecemos”, completa o chamado. De acordo com Diva Santana, a líder do Tortura Nunca Mais, a marcha ocorreu pela primeira vez na capital baiana em 2019, inspirada em atos realizados no Uruguai e na Argentina. A ação não pôde ser feita em 2020 e 2021 por causa da pandemia, mas deve ocorrer anualmente a partir deste ano”, finalizaram.

Lembrar sim, foi golpe sim, lugar de militar é no quartel e se eles mentem mil vezes sobre a ditadura, mil e uma, nós, falaremos a verdade. 

GOLPE nunca mais! 

(Com informações do Jornal da Metrópole e do Grupo Tortura Nunca Mais)

 


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