Petrobrás completa 69 anos e AEPET-BA ressalta a importância de eleger candidatos comprometidos com a reconstrução da empresa e retomada da RLAM
Na segunda-feira 03 de outubro, a Petrobrás fará 69 anos. Um dia antes, os eleitores brasileiros vão as urnas escolher presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais. Esta será a eleição mais importante para o país, nos últimos anos. Estão em jogo dois projetos antagônicos que definiram o futuro do país e da Petrobrás.
O presidente Jair Bolsonaro, que tenta a reeleição, ameaça privatizar a empresa. Já vendeu as refinarias, começando pela RLAM, na Bahia. Aliás é no seu governo que os brasileiros estão pagando a gasolina, o diesel e o gás de cozinha mais caros da história do país. E seu governo arrecadou quase 40 bilhões de reais com a venda dos ativos da empresa.
Também pela primeira vez na sua história, a empresa se tornou a maior pagadora de dividendos aos acionistas, grande parte investidores estrangeiros. No segundo trimestre deste ano, teve lucro de R$ 54 bilhões e distribuiu R$ 87,8 milhões aos acionistas.
Isso quer dizer que a Petrobrás, criada em 03 de outubro de 1953 com os objetivos estratégicos de garantir abastecimento nacional a preços acessíveis e fomentar o desenvolvimento econômico do país, virou uma empresa financeirizada. O fundo do pré-sal que seria destinado para a educação, saúde, segurança pública também foi desviado de sua finalidade.
“Tanto a Petrobrás quanto a imensa reserva de petróleo do pré-sal e dos campos terrestres e marítimos estão sob a mira de interesses estrangeiros e dos grupos econômicos sob seu controle”, denuncia um manifesto divulgado pela ABI e AEPET
São as piores consequências da política de Bolsonaro para a Petrobrás: privatizações, destruição do parque de refino, desemprego, saída das regiões do Norte/Nordeste, encolhimento de sua atuação, queda drástica dos investimentos e criação de monopólios privados regionais no setor.
A empresa pública 100% estatal, integrada na cadeia produtiva do poço ao posto que os petroleiros ajudaram a construir foi destruída. Foi fatiada, vendida aos pedaços, entregue às multinacionais.
A situação é tão grave que, na Bahia, as entidades representativas dos petroleiros se uniram em torno das candidaturas que defendem a Petrobrás, a soberania nacional e os direitos dos trabalhadores.
A AEPET-BA, por sua vez, divulgou um manifesto em que conclama os baianos, em geral, e os associados, em particular, a assumir o protagonismo nestas eleições.
“A AEPET-BA, como qualquer outra instituição, é política na sua essência. Querer desvincular a luta pela representatividade de classe da luta política é um ato falacioso, falso! O futuro depende do nosso protagonismo como cidadão, quanto mais despolitizada for à sociedade mais facilmente será dominada”, expressa o documento.
E prossegue: “Parlamentares e candidatos que defendem a privatização da PETROBRÁS e ameaçam à democracia não representam os valores da AEPET-BA e não devem ser eleitos. Por isso, a entidade recomenda aos eleitores, em geral, e aos seus associados, amigos, em particular, que não votem nos candidatos com programas favoráveis à privatização do patrimônio público, contrários à Constituição Brasileira”
Leia aqui a íntegra do documento – A neutralidade e um mito e viver é um ato politico
Destruição na Bahia
A Bahia ocupou o protagonismo na história do petróleo no Brasil. Contra todas as previsões dos entreguistas e do cartel das multinacionais que dominavam o setor, no dia 21 de janeiro de 1939, jorrou o “ouro negro”, no bairro de Lobato, subúrbio ferroviário de Salvador.
Esse foi o ponto inicial, no longo trajeto da autossuficiência. Em 1941, foi descoberto o poço Candeias 1, o primeiro campo comercial. Novas descobertas do petróleo e gás se sucederam no Recôncavo Baiano.
No dia 17 de setembro de 1950 foi dada a partida da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), em São Francisco do Conde, em uma solenidade que contou com a presença do então presidente da República, Eurico Gaspar Dutra.
Em abril de 1948, foi lançada a campanha “O Petróleo é nosso”, uma importante frente de resistência contra os entreguistas e de pressão sobre o governo e parlamentares. Em dezembro de 1951, Getúlio Vargas enviou ao Congresso um projeto de lei para a criação da empresa nacional de petróleo. A lei levou dois anos para ser aprovada e foi sancionada pelo presidente em 03 outubro de 1953. Nascia a Petróleo Brasileiro S.A.
A maior empresa brasileira nasceu das lutas populares para que o país pudesse ser uma nação desenvolvida e livre da dependência estrangeira. Com a dedicação dos seus trabalhadores, a Petrobrás se tornou a maior empresa da América Latina. Construiu o maior parque de refino da América Latina, desenvolveu a indústria nacional, tornou o Brasil autossuficiente e descobriu o Pré-Sal, que contém as maiores reservas de petróleo da atualidade.
Com tantas conquistas em um setor tão estratégico para o mundo, a Petrobrás tornou-se alvo de muitos interesses. Mas nunca antes em sua história, a empresa esteve sob risco de completa desintegração, como está agora.
A RLAM foi uma das primeiras unidades de refino do Brasil e a primeira a ser vendida por Bolsonaro pela metade do preço. Além das refinarias, o governo se desfez dos campos terrestres, termelétricas e as fábricas de fertilizantes.
A Bahia era o único estado que tinha toda a cadeia integrada de produção de petróleo e gás do poço ao posto, mas Bolsonaro entregou os ativos às multinacionais. Agora, os baianos pagam os combustíveis e o gás mais caros do país, devido ao monopólio regional que se formou depois da venda da RLAM para o grupo dos Emirados Árabes.
O ex-diretor de Produção e Exploração, Guilherme Estrella, que defende a reestatização da Petrobrás mandou recado para os petroleiros baianos “Foi na Bahia que jorrou petróleo pela primeira vez e começou a ser gestada a Petrobrás. A recriação da Petrobrás vai começar também na Bahia com a recuperação da nossa primeira refinaria. A RLAM é muito mais que a Refinaria Landulfo Alves Mataripe, é a materialidade simbólica da essência nacionalista da Petrobrás e da nossa soberania como Nação e povo!”, manifestou Estrella.
É com luta que vamos recuperar a Petrobrás e todos os ativos que foram vendidos. O novo governo, em 2023, será cobrado a fazer isso e enquanto a empresa não voltar para a Bahia não descansaremos.
Em 2 de outubro vote consciente e eleja os candidatos que defendem a Petrobrás e os direitos dos trabalhadores!