Desde abril, o valor do gás de cozinha no Brasil está 25% mais caro que no mercado internacional, mesmo com reduções recentes anunciadas pela Petrobrás. O levantamento foi feito pela Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), e divulgado pelo Estadão, com base em dados nos preços internacionais, que são usados como referência para calcular a defasagem diária no custo da gasolina, do diesel e do gás de cozinha – Gás de Liquefeito (GLP).
Enquanto o botijão de 13 kg está estimado em cerca de R$ 39 no mercado internacional, a Petrobras pratica hoje, em seus desembarques no Porto de Santos, o valor de R$ 49,19, o que significa um preço 25% superior à referência internacional.
Conforme a ANP, no país, o valor do produto também varia conforme o Estado. Mas a média nacional, incluindo impostos e margens de revendas, custa R$ 112,13. Entretanto, há cidades em que o preço chega a cerca de R$ 160, como é caso de Caçador, cidade do interior de Santa Catarina.
O Dieese calcula que, juntos, o preço do botijão de 13kg e o valor da cesta básica, comprometem cerca de 70% do salário mínimo dificultando ainda mais o orçamento das famílias de baixa renda. Em consequência disso, muitas famílias já desistiram de usar gás de cozinha ou usam apenas de vez em quando. Infelizmente, aumentou a utilização de lenha e álcool para cozinhar, apesar dos riscos.
Em entrevista para a CUT, a técnica do Dieese, Adriana Marcolino, explica que para os mais ricos, o impacto do preço do gás no orçamento familiar é quase nulo. “Quem ganha um salário mínimo (R$ 1.212) compromete cerca de 10% de sua renda num botijão de gás; quem ganha R$ 12 mil, dez vezes mais do que o mínimo, compromete apenas 1% do seu orçamento”.
Já os mais pobres, que também sofrem mais com a inflação, em especial a dos alimentos, e estão com os salários achatados, penam com a brutal queda do poder de compra. Para quem recebe salário mínimo deve escolher entre comprar comida, pagar as contas ou o botijão de gás.
Impactos da PPI nos combustíveis e gás de cozinha
Desde a implementação da política de Paridade de Preços de Importação (PPI), no governo do Michel Temer (MDB), e seguida à risca depois por Bolsonaro (PL), os preços dos combustíveis e do gás de cozinha dispararam.
A PPI define que os preços dos produtos derivados do petróleo e gás têm como base as cotações internacionais destes produtos mais os custos dos importadores, como por exemplo taxas portuárias e transporte. Entretanto, a Petrobrás produz em território brasileiro cerca de 80% dos combustíveis consumidos no país, pagando como se estes fossem importados.
Com isso, a Petrobrás está sendo responsável por grande parte da inflação, com os combustíveis passando os preços dos alimentos, corroendo o poder de compra dos brasileiros.
Ao contrário do que diz Bolsonaro, os preços dos combustíveis no Brasil não estão entre os mais baixos do mundo. Ele falou isso na Inglaterra, mas ignora ou omite o fato de que, em outros países, os salários dos trabalhadores são maiores e lhes proporcionam um poder de compra superior ao Brasil. Em público, Bolsonaro critica os preços, no particular, ele mantém a política de Temer.
Além de um salário mínimo insuficiente, que desde o início do atual governo não tem reajuste real porque Bolsonaro acabou com a Política de Valorização do Salário mínimo.
A PPI é criticada por especialistas e entidades dos petroleiros como a AEPET-BA porque penaliza os brasileiros. Uma das bandeiras de luta da entidade é o fim da PPI para voltar a ter preços dos derivados do petróleo a preços mais justos.
Reajustes na Bahia superam média nacional
Atualmente, os baianos estão pagando os combustíveis mais caros do país, inclusive com valores acima dos cobrados pela Petrobrás. isso vale para o gás de cozinha. Com a venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) para o fundo soberano dos Emirados Árabes, Mubadala, gerou a criação de um monopólio privado, prejudicando os consumidores.
A Acelen, que administra a RLAM, em junho, reajustou o gás de cozinha, o quarto na Bahia, neste ano. Segundo o Sindicato dos Revendedores de Gás do Estado da Bahia (Sinrevgas), com o novo aumento, o preço médio do botijão de gás está em torno de R$ 137 a R$ 139 no estado.
Já os combustíveis, desde o início do ano já sofreram 12 variações de preços. Em Salvador, o aumento mais recente foi no dia 08/10, provocando reajustes na gasolina e no diesel duas vezes em uma semana. A gasolina está saindo por R$ 5,99 e o diesel S10 a R$ 7,44.
Por isso, no próximo governo, a AEPET-BA defende a reestatização de todos os ativos vendidos, inclusive da RLAM.