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Continua faltando botijões de gás de cozinha nas revendedoras de Salvador e outras cidades da Bahia. O problema que começou há três semanas ainda não foi normalizado pela Acelen, administradora da Refinaria de Mataripe (antiga RLAM), que reduziu a produção do produto, provocando desabastecimento na Bahia, Sergipe e até na Paraíba.

A Refinaria é a principal fornecedora de derivados de petróleo do Nordeste e responde por 14% da capacidade de refino no Brasil. Quando a RLAM foi vendida para o fundo árabe Mubadala, em dezembro do ano passado, pela Petrobrás, a AEPET-BA alertou sobre as consequências da privatização, a exemplo, a criação de um monopólio regional privado.

Para o presidente da AEPET-BA, Marcos André, “a implementação do monopólio privado somado ao valor aviltante de venda da RLAM (pela metade do preço) não deixa dúvida da necessidade e urgência de retomarmos a Refinaria e reverter essa vexatória privatização que tanto vem infelicitando o povo baiano e nordestino”.

A Acelen vem reajustando os preços dos combustíveis e do gás de cozinha, acima dos preços da Petrobrás e agora provoca desabastecimento na região. A Bahia paga os combustíveis mais caros do Brasil. E também o gás de cozinha.

Um Levantamentos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), com base em preços acompanhados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), mostram que, durante o governo Bolsonaro, o gás de cozinha aumentou 96,7% nas refinarias, enquanto a inflação acumulou 24,9% e o salário-mínimo subiu 21,4% no período.

De acordo com a Associação de Revendedores de Gás, 60% das revendas na capital baiana continuam sem o produto e fecharam as portas. Feira de Santana, e Itabuna, sul do Estado, também relatam a falta de gás.

Na tentativa de reverter a situação, o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liqüefeito de Petróleo (Sindigás), informou em nota que as distribuidoras estão fazendo esforços para trazer o produto de fora da Bahia, em estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Recife. O que é um absurdo.

Até o estado da Paraíba foi afetado com o desabastecimento, por isso foi iniciado o racionamento do gás de cozinha. Segundo o presidente do Sindicato dos Revendedores de Gás na Paraíba (Sinregás-PB), Marcos Antônio Bezerra, o estado está com 50% do estoque que seria considerado normal.

Irresponsabilidade da Acelen

Em nota, a Acelen, que nega a falta de gás, informou que unidades da refinaria estão passando por manutenção programada ou reativação e foi necessário ajustar os prazos originalmente previstos para retomada de produção por questões de segurança de processo.

Em depoimento, um aposentado da RLAM, criticou a atual gestão da refinaria pela forma como conduziu a parada de manutenção, que provocou o desabastecimento. “Trabalhei 25 anos na RLAM, e no caso de uma parada como esta, havia um planejamento logístico para suprir a falta de gás, por autonomia local, reposição por duto, rodoviário ou marítimo de outras refinarias”, explicou ele.

Para ele, a falta de gás de cozinha é resultado da privatização, da incompetência da ACELEN e da terceirização desenfreada, atualmente em curso na RLAM.

Segundo a AEPET-BA, nos mais de 70 anos de funcionamento da RLAM está é a primeira vez que a gestão provoca desabastecimento do produto.


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