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A luta da categoria petroleira e petroquímica é pela reabertura da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados de Araucária (Fafen-PR), em Araucária, fechada em fevereiro de 2020.

Rumores de mercado davam conta de que a Petrobrás estaria negociando o ativo com o grupo norueguês Yara, mas a venda fracassou. Diante disso, a (Fafen-PR) continuará sob comando da empresa. O anúncio foi feito na segunda-feira, 19/12.

Com capacidade de produção de 1.975 toneladas por dia de ureia e 1.303 toneladas por dia de amônia, a unidade era responsável pela produção de 30% do mercado brasileiro de ureia e amônia e de 65% do Agente Redutor Líquido Automotivo (ARLA 32), aditivo para veículos de grande porte que atua na redução de emissões atmosféricas.

O Brasil é o quarto maior produtor de grãos do mundo e o segundo maior exportador. Essa produção exige a utilização de fertilizantes e hoje 85% desses produtos são comprados no mercado internacional, sendo a Rússia um dos maiores fornecedores do insumo para o agronegócio brasileiro, impactando diretamente nos preços dos alimentos e na inflação.

Cerca de 30 mil trabalhadores e trabalhadoras, petroquímicos e petroleiros  fizeram greve por 20 dias para evitar a hibernação da Fafen-PR, mas o governo Bolsonaro decidiu fechar a unidade. As consequências foram  desemprego em massa, que atingiu cerca de mil famílias, o prejuízo da economia local e o rombo nos cofres estaduais e municipais, que deixaram de arrecadar tributos em consequência da desindustrialização praticada pelo governo Bolsonaro. Além da crise dos fertilizantes vivenciada pelo setor agrícola, que levou o Brasil à dependência de outros países para o seu abastecimento

Atualmente, a situação dos ex-trabalhadores da fábrica continua crítica. Alguns foram atrás de trabalho em outros estados, outros ainda não conseguiram se recolocar no mercado. Para o coordenador do Sindiquímica-PR, Santiago Santos, todos os ex-funcionários foram atingidos pelo encerramento das atividades da Fafen. “A vida de todos, acredito que sem exceção, foi devastada por conta da demissão. Os trabalhadores próprios no qual a gente tinha mais contato, hoje, estão espalhados pelo país. A gente tem informações de vários companheiros e companheiras que desfizeram seus laços familiares e matrimoniais por conta da mudança. Então, isso foi muito triste. Sem falar de trabalhadores que não conseguiram se colocar no mercado de trabalho e que ainda estão penando com o desemprego”, lamentou.

Apesar de os últimos anos terem sido de grande dificuldade para toda a categoria, principalmente para os trabalhadores demitidos da Fafen-PR, para o coordenador do Sindiquímica-PR, a vitória de Lula trouxe a esperança de que a fábrica volte a gerar empregos de qualidade e renda para o estado. “Estamos com expectativas positivas, uma vez que o presidente Lula citou em algumas entrevistas e debates a necessidade de diminuir a dependência externa de fertilizantes. A gente está trabalhando junto à equipe de transição dando suporte e informações para que no futuro governo a gente tenha condições para a reabertura da Fafen”, concluiu.

Prejuízo para o Brasil 

A saída definitiva da Petrobrás do setor de fertilizantes foi anunciada pelo governo Bolsonaro em 2019. Nos últimos anos, o Brasil aumentou sua dependência de importação para suprir o mercado doméstico, enquanto suas unidades de fertilizantes permanecem desativadas. Segundo dados da balança comercial brasileira, da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), no ano de 2021, o Brasil gastou US$ 15,2 bilhões em importações de adubos e fertilizantes químicos. O valor é 90% maior do que o gasto em 2020. Foi o produto mais importado entre os itens da categoria “indústria de transformação”. O país adquiriu no exterior 41,5 milhões de toneladas de fertilizantes – incremento de 22% nas quantidades –, a preço médio de US$ 364,34 por tonelada, 56% acima dos valores pagos em 2020.

A Fafen-BA – cujos principais produtos são amônia, uréia, gás carbônico e Agente Redutor Líquido Automotivo (Arla 32) –, foi hibernada em 2018 e arrendada à Proquigel, subsidiária da Unigel, em 2020, assim como a Fafen-SE, produtora de ureia fertilizante, ureia para uso industrial, amônia, gás carbônico e sulfato de amônio (também usado como fertilizante).

A AEPET-BA se solidariza com a luta dos trabalhadores da FAFEN-PR. Chegou o momento de avançar e brigar para ter de volta todos os ativos vendidos, fechados ou hibernados da Petrobrás pelo governo Bolsonaro.

Defender o retorno das Fafens é defender a Petrobrás.


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