O Ministério do Trabalho lançou nesta quinta-feira (27/04), a Campanha Nacional de Prevenção ao Acidente no Trabalho (Canpat), que tem como tema os riscos psicossociais relacionados ao ambiente de trabalho. Este ano, o foco é a saúde mental dos trabalhadores.
Nos últimos anos, os problemas mentais oriundos das condições precárias de trabalho estão aumentando. Dados da Previdência Social apontam que, no Brasil, em 2021, mais de 75 mil pessoas se afastaram do trabalho por conta da depressão.
Também aumentou o número de acidentes de trabalho. Segundo o Ministério do Trabalho, entre 2002 e 2021, houve mais de 600 mil acidentes no Brasil, dos quais 2.591 resultaram em mortes e 9.419 em alguma incapacidade física permanente.
O mundo, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), perde 4% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) em decorrência de acidentes e doenças do trabalho. Considerando-se o PIB planetário de 2022, essa perda se aproxima dos R$ 400 bilhões.
Acidente na Petrobrás
A categoria petroleira, que convive diariamente com os riscos de acidentes de trabalho, ainda convive com as consequências da privatização fatiada da empresa e a redução de investimentos da Petrobrás, nos últimos seis anos.
Unidades sucateadas que aumentaram a insegurança no trabalho têm sido objeto de denúncias dos trabalhadores e suas entidades representativas.
Segundo levantamento da FUP, só em 2022, ocorreram três mortes por acidentes na Petrobrás. Em fevereiro desse ano, um trabalhador faleceu durante serviço realizado em espaço confinado na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro. Em março, ocorreu um acidente fatal em um helicóptero contratado pela Petrobrás, na Baía de Camamu, no baixo-sul da Bahia.
Além disso, com as mudanças na AMS, os petroleiros encontram dificuldades para custear os tratamentos de doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. Há denúncias de omissão também nos procedimentos adotados pela empresa em relação ao atendimento imediato e ao acompanhamento posterior desses trabalhadores. Esses temas estão sendo objeto de discussão entre o GT e Petrobrás.
Impactos na saúde mental
É preocupante também o aumento do número de trabalhadores (as) que apresentam impactos na saúde mental. A AEPET-BA está preocupada, principalmente, com os trabalhadores movimentados em consequência do programa de desinvestimento da gestão anterior da Petrobrás. Esses empregados foram transferidos de suas cidades de origem e, por diversas razões, viajaram sem a família. Isso os deixa cada mais vulneráveis, com reflexos na saúde mental e física.
Mesmo com os tratamentos em saúde mental, esses empregados não conseguem superar sua condição e, às vezes, apresentam dificuldades para se relacionar com os colegas e a família. Situação muito pior enfrentam os que estão se locomovendo de suas cidades de origem para a unidade de trabalho em outro estado, o chamado bate-volta, que devem viajar toda semana.
Por isso, a AEPET-BA, junto com as federações – FUP e FNP – encaminharam propostas ao novo presidente da empresa, Jean Paul Prates, e ao gerente de RH, Felipe Freitas, que acabem com esse sofrimento dos petroleiros transferidos e suas famílias.
No Brasil, os números alertam para a urgência em combater os locais de atuação precários, o excesso de demanda, as metas abusivas, e todos os fatores que causem dano à integridade física e mental. Investir na segurança e na saúde do trabalhador é o primeiro passo para a construção de um ambiente de trabalho seguro e saudável.
A AEPET-BA, no 28 de abril, rende homenagem aos engenheiros de segurança do trabalho que trabalham diariamente para e implementar medidas de segurança que visem a reduzir ou eliminar os riscos de acidentes de trabalho.
Origem da data
O dia 28 de abril foi instituído para dar maior visibilidade às questões relacionadas à segurança e saúde nos locais de trabalho e conscientizar as empresas para criar condições para o trabalho seguro. No Brasil, a data foi instituída pela Lei nº 11.121/2005.
A data teve origem a partir da explosão de uma mina no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, em 28 de abril de 1969, quando morreram 78 mineiros.