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No novo tempo, apesar dos perigos, comemoramos o 1º de Maio, no Brasil, depois de uma longa noite que sucedeu o golpe de 2016. Deixamos para atrás a perda da esperança, as reduções de direitos, as reduções salariais, as perdas do salário para a inflação e ficou para trás a sombra permanente da violência institucional para calar a luta dos trabalhadores e do povo. Ficou para trás também, o governo da ditadura, da morte, do ódio e da mentira.

Apesar do Novo Tempo, tema da música cantada em homenagem ao presidente Lula na China, não podemos esquecer que estamos na luta, o tempo é de renovar as esperanças na luta organizada da classe trabalhadora. O 1º de Maio, o primeiro após o golpe, tem de simbolizar a maturidade da classe trabalhadora na construção da unidade política necessária para a intensificação e o reacendimento dos valores do trabalho, da democracia e da luta como meios necessários para a transformação da vida de tantos milhões de brasileiros, inclusive aqueles expurgados pelo sistema capitalista e que hoje são vítimas do desemprego, da miséria e da fome.

O novo tempo, apesar dos avisos, sendo preciso que se diga em alto e bom som que quem venceu as eleições de 2022 não foram as máquinas partidárias, não foram os marqueteiros nem muito menos as redes sociais. A vitória das eleições foi uma vitória da democracia brasileira representada no que há de mais genuíno: a classe trabalhadora.

Fez-se uma opção evidente de derrotar as forças do atraso, os inimigos da classe trabalhadora, os inimigos do país e do povo. Ainda assim, não podemos vender ilusões. Ainda está distante o dia em que a classe trabalhadora reúna as condições objetivas e subjetivas para levantar-se contra todo os sortilégios que ainda perduram na nossa sociedade, entre elas, as chagas da escravidão que marcam as relações de trabalho, em que os trabalhadores e as trabalhadoras jamais foram entendidos e respeitados como cidadãos e cidadãs, mas são vistos e tratados, como objeto de produção e reprodução do capital não tendo direito nem aos seus corpos.

O assédio sexual o assédio moral são marcas de um processo ultra explorador, concentrador de renda e distribuidor da miséria, de alienação e de toda sorte de violência que se pode perpetrar contra o que denominamos de a classe trabalhadora.

Surge a aurora do novo tempo, apesar dos perigos, a urgente e necessária união de todos e todas que emanados como uma única classe possamos, a partir do processo de construção de consciência de classe, derrotarmos ultraliberalíssimo e o fascismo que ainda ameaçam o país.

É preciso a luta cotidiana dos trabalhadores para superar definitivamente a fase da tutela estabelecida, a partir de um processo de liderança que subverte a lógica democrática, substituindo a base e utiliza-se dos instrumentos da classe trabalhadora como ferramentas partidárias, como instrumento de enriquecimento do grupo hegemônico na direção e como trampolim político eleitoral.

É preciso que os trabalhadores e trabalhadoras, neste 1º de Maio, entenda que não há heróis e que todos são chamados a serem agentes da transformação, que se reconheçam em si mesmos que são os únicos capazes de se libertar dos grilhões que os aprisionam a uma vida indigna, vazia de sentido e de ilusão da classe média consumidora.

É preciso mais do que nunca que a unidade seja a transformadora para que através do exercício da luta política, a classe trabalhadora desenvolva a consciência de classe e finalmente possa cantar a uma só voz nas praças, nas ruas, que haverá sim um novo tempo, em que a falta de direito já não seja a marca das relações trabalhistas, em que os trabalhadores tenham o direito à dignidade e possamos construir pelas próprias mãos e trabalho, podendo colher o fruto que produzem e não servir como meros acumuladores para que outros exportem o suor do nosso rosto como dividendos e lucros.

É preciso que os trabalhadores do campo e da cidade, dos serviços e da indústria, da agricultura e da tecnologia se unam em uma só classe que são, trabalhadores, que a entrega do melhor de nossas vidas se reverta em benefício para toda a sociedade e não aos poucos.

Só nos resta a nós mesmos, e a única fé possível, é na luta, na unidade dos que sofrem e na construção da consciência de classe que supere o engano da classe média como objetivo do empreendedorismo como eufemismo da precarização. Se recebe salário, não importa se engenheiro ou operador, nem se professor ou gari, se advogado e ou empregado doméstico, se geólogo ou ASG, somos todos trabalhadores e trabalhadoras vivemos do suor do nosso rosto, vendendo nossa força de trabalho a alguém que nos expropria quase tudo nos deixando apenas o mínimo.

Neste novo tempo, em quatro anos de governo, urge a revogação da contrarreforma trabalhista, da reforma previdenciária, a reestatização das empresas e ativos públicos privatizados, retomada da industrialização do país, da construção de empresas públicas de Estado que sirvam ao povo brasileiro, e a retomada de uma agenda de reformas capazes de assegurar a cada brasileiro uma vida digna. Com combustíveis a preços justos, taxação de grandes fortunas e recriação do fundo soberano composta pela renda do petróleo para financiamento da educação e da saúde públicas.

Longa vida à luta da classe trabalhadora que com suas mãos construirá o seu próprio tempo, apesar dos perigos.

 

Marcos André, presidente da AEPET-BA

 


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