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Há 28 anos, em 3 de maio de 1995, para se contrapor ao projeto neoliberal do então presidente, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), os petroleiros protagonizaram aquela que é considerada a maior greve dos trabalhadores da Petrobrás 

O movimento começou em adesão às categorias do setor público, que decidiram realizar uma greve unificada.  No dia 03 de maio de 1995, os petroleiros aderiram em massa ao movimento, somando-se aos eletricitários, telefônicos, trabalhadores dos Correios e servidores federais. Além da recuperação das perdas salariais e da preservação de direitos, os trabalhadores lutavam contra a quebra dos monopólios do petróleo e das telecomunicações.

O movimento acabou perdendo força e os petroleiros sustentaram a greve sozinhos por 32 dias. Isso porque o setor petróleo foi um dos mais atacados com o avanço do neoliberalismo. Quando tomou posse em 1995, FHC enviou um projeto de emenda que visava acabar com o monopólio da Petrobrás de exploração e produção de petróleo.

Em outubro de 1994, os petroleiros já tinham feito uma greve contra o governo que também foi duramente reprimida.

A greve teve adesão de mais de 90% da categoria, que paralisaram as refinarias, as plataformas, os terminais de distribuição e as unidades administrativas. Na Bahia, a adesão dos petroleiros foi de 100%. Embora a mídia acusasse os petroleiros pela falta dos derivados de petróleo, como gás de cozinha, eles se revezavam para garantir o abastecimento básico da população.

 

Os trabalhadores foram duramente reprimidos pelo governo. Em seu sétimo dia, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) o julgou a greve abusiva. Os petroleiros não se intimidaram nem mesmo quando a direção da Petrobrás anunciou em 11 de maio de 1995 a primeira lista de demitidos. Antônio Carlos Spis, coordenador da FUP, liderava a relação de 25 nomes que a empresa comunicou à mídia.

Na Bahia, também houve demitidos, entre eles, o integrante do Conselho Fiscal da AEPET-BA, Nelson Araújo Filho.

A repressão do governo FHC estava apenas começando. No dia 24, o Exército ocupou as refinarias no Paraná (REPAR), Paulínia (REPLAN), Mauá (RECAP) e São José dos Campos (REVAP). No dia seguinte, os petroleiros receberam seus contracheques zerados.

No 23º dia da greve, o TST impôs, à FUP e aos sindicatos, multa de R$ 100 mil por cada dia não trabalhado. Com essa medida, a grave ganhou apoio de diversas categorias que realizaram passeatas em todo o país com o tema “Somos todos petroleiros”.

Após uma frente parlamentar formada por representante de vários partidos intermediar uma renegociação com a Petrobrás, a greve foi suspensa, no dia 02 de junho.  Mas não todos voltaram de imediato, 300 trabalhadores que ocupavam a RPBC, em Cubatão, no Litoral Paulista deixaram a refinaria no dia seguinte (3 de junho), cantando o hino nacional e cobertos pela bandeira brasileira, em uma das mais emocionantes cenas da greve de 1995. Hoje o sindicato é filiado à FNP.

Mesmo com o fim da greve, os sindicatos e a FUP tiveram suas contas bloqueadas, o repasse das mensalidades dos associados retido e os bens penhorados. Cada um dos 20 sindicatos que participaram do movimento recebeu multas de R$ 2,1milhões.

Ao todo, 73 trabalhadores foram demitidos, entre eles vários dirigentes sindicais. Mais de mil petroleiros foram punidos, a maioria com suspensões de até 29 dias. Para manter-se na luta, alguns sindicatos foram obrigados a atuar quase que na clandestinidade. Tamanha repressão sofrida pelos trabalhadores e pela organização sindical só havia ocorrido no Brasil durante a ditadura militar.

Em 2003, após as mudanças políticas que aconteceram em função da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é que as demissões e punições começaram a ser revistas pela Petrobrás. A luta dos petroleiros garantiu a anistia de 88 demissões, 443 advertências, 269 suspensões e 750 punições de trabalhadores que participaram das greves de 94 e 95. Além disso, a luta pela anistia trouxe de volta aos quadros da Petrobrás mais de mil trabalhadores das extintas Interbrás, Petromisa e Petroflex.

O objetivo final do governo neoliberal de Fernando Henrique sempre foi o de privatizar a Petrobrás. Isto ele não conseguiu. A resistência dos petroleiros que enfrentaram os governos neoliberais que se sucederam depois, impediu destruir a Petrobrás.

Hoje, 28 anos depois da greve de 1995, os petroleiros continuam à frente dessa trincheira em defesa da Petrobrás.

 

(Com informações da FUP)

 


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