“Vantagens da permanência da Petrobrás na operação de áreas terrestres na Bahia”, foi o tema debatido, na tarde de sexta-feira (02/06), no auditório B, do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (IGEO/UFBA), em Salvador. O debate encerrou o curso “Introdução à geopolítica do petróleo”.
O evento integrou as comemorações dos 65 anos da Escola de Geologia e 70 anos da Petrobrás. A realização do curso foi da AEPET BA, da Associação Baiana de Geólogos (ABG), Núcleo Bahia/Sergipe, da Sociedade Brasileira de Geologia, do Diretório Acadêmico de Geologia e da Comissão 65 anos Geologia UFBA, com o patrocínio da Mútua- BA.
O debate foi conduzido pela professora Simone Cruz, do Departamento de Geologia, Instituto de Geociências, com a participação do geólogo e ex-gerente geral da Unidade de Exploração e Produção da Bahia (UN-BA), Antônio Pinheiro Rivas; do presidente da AEPET-BA, Marcos André; e do geólogo e engenheiro de segurança, Leonardo Mascarenhas.
Na sua exposição, Rivas falou de diversos temas sobre a indústria do petróleo e a Petrobrás: breve histórico; a evolução do petróleo, a partir da Bahia (De Lobato ao pré-sal); verticalização da Petrobrás; Universidade Petrobrás; início da privatização em 2000 (Portfólio 1); privatizações das unidades, na Bahia, novas tecnologias desenvolvidas pela Petrobrás; entre outros assuntos.
Segundo Rivas, os investimentos realizados pela Petrobrás, na Bahia, entre 2004 e 2015, sempre foram muito altos em torno de US$ 1 bilhão por ano, apenas na Exploração e Produção. Também destacou as ações de Responsabilidade Social nas regiões em que a Petrobrás atuava em benefício das comunidades no entorno das suas áreas de produção, citando como exemplo, entre três e quatro milhões de quilômetros de estradas recuperadas pela empresa, só no estado.
Em relação aos impactos econômicos após a saída da Petrobrás, o geólogo Rivas se baseou em levantamento sobre a força de trabalho e os investimentos exploratórios em terra. No que se refere a massa salarial, considerou o salário médio de um operador pleno (20 anos de carreira), na Petrobrás e nas operadoras privadas, diretos e terceirizados: em um total de 2.300 empregados, a perda anual para a economia local foi de mais de R$ 332 milhões, considerando a PLR dos empregados diretos, passa para mais de R$ 404 milhões. “Isso dá a dimensão do que estamos falando, são esses recursos que a Petrobrás gerava para a economia no estado”, disse ele.
Entre as propostas apresentadas ao Instituto de Geociências, Rivas sugeriu a criação do “Núcleo de Tecnologias para Campos Maduros” em colaboração interinstitucional que desenvolva tecnologias para atuar nos campos de petróleo, a Bahia, incentivando a geração de empregos.
Reconstruir a Petrobrás na Bahia
O empregado da Petrobrás e presidente da AEPET-BA, Marcos André, abordou o processo de terceirização na Petrobrás, a luta pela retomada dos ativos da empresa na Bahia.
“O Brasil está exportando 1 milhão de barris de petróleo todos os dias, e esse dinheiro que poderia muito bem ajudar a financiar a educação, para que a universidade estivesse ainda mais pujante, incentivar a pesquisa, o ensino e a extensão, para que pudéssemos contribuir mais e melhor para a transição energética, para a eficiência do consumo, infelizmente, está servindo para o enriquecimento de grupos muitos minoritários e quase todos estrangeiros”, disse ele.
Sobre o processo de privatização da empresa, tanto na exploração quanto no refino, Marcos disse que provoca ainda maior desigualdade entre as regiões sudeste e nordeste. Por isso, a AEPET defende a retomada do monopólio estatal do petróleo como atividade estratégica, a transformação da Petrobrás em empresa pública de energia. A energia é um bem social pertencente ao Estado brasileiro, como está garantido na Constituição e deve ser distribuído pelo menor preço possível para garantir a dignidade da população e as melhores condições competitivas para a industrialização do país.
“Essa interação entre nós da AEPET, a Petrobrás, e essa casa [Instituto de Geociências da UFBA], demonstrando os prejuízos causados com a saída da Petrobrás é urgente. Só a sociedade devidamente apropriada desse conhecimento vai construir as condições necessárias para que a gente pressione os governos, no sentido de que retorne as atividades da Petrobrás na Bahia”, afirmou Marcos
O geólogo e técnico de segurança, Leonardo Mascarenhas, falou sobre sua experiência na área de petróleo, em empresas privadas, como a PetroReconcavo, onde atualmente desempenha a função de coordenador de segurança.
Leonardo falou sobre os passivos ambientais, em especial, em áreas degradadas e a atuação dos geólogos nas operadoras privadas. Sugeriu à Escola de Geologia convidar as operadoras privadas e a Petrobrás para fazer apresentações sobre o trabalho desenvolvidos nos campos de produção, assim como criar um banco de dados sobre os poços na Bahia.
Após o debate, teve sorteio de brindes.
Curso durou uma semana
O curso “Introdução à geopolítica do petróleo”, começou na segunda-feira (29/05) com uma palestra do geólogo e ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobrás, Guilherme Estrella, explicando sobre a influência da energia, da água e do petróleo na história do Brasil, e destacando o potencial de desenvolvimento do país.
As aulas prosseguiram até sexta-feira, quando aconteceu o encerramento com o debate que contou com as presenças de Antônio Rivas, Marcos André e Leonardo Mascarenhas.
A AEPET-BA parabeniza a Escola de Geologia da UFBA pelos seus 65 anos, as geólogas e aos geólogos pelo seu dia (30/05).
Parabéns aos palestrantes, professores (as), estudantes e petroleiros (as) que participaram do curso!
A AEPET-BA agradece, ainda, a participação dos geólogos Guilherme Estrella, Marcos Machado, Leonardo Mascarenhas e Antônio Rivas e a geóloga, Patrícia Laier. Agradecemos, ainda, a Escola de Geologia pela parceria e nos colocamos a disposição para futuras atividades.
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