Neste 25 de julho, celebramos os 33 anos do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, uma data que vai muito além da comemoração. É um marco histórico de resistência e de articulação política das mulheres negras da região, que se mobilizam para combater o racismo, o sexismo e as desigualdades estruturais que afetam de forma intensa suas vidas.
No Brasil, a data também celebra o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, em homenagem à importante líder quilombola do século XVIII, símbolo da luta contra a escravização e a opressão.
A criação da data remonta ao primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, realizado em 1992, em Santo Domingo, na República Dominicana. Daquele encontro nasceu a Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas, com o objetivo de dar visibilidade à luta das mulheres negras, denunciar as opressões históricas e promover a solidariedade entre as que enfrentam condições semelhantes em diferentes países.
Os números demonstram a urgência dessa mobilização. No Brasil, 54% da população se declara negra, segundo o IBGE. Contudo, três em cada quatro pessoas que vivem na pobreza são negras. E quando se trata de mulheres negras, a realidade é ainda mais grave: elas estão entre as principais vítimas de violência, recebem os menores salários da região, mesmo com o mesmo nível de escolaridade e carga de trabalho, e lideram os índices de pobreza em famílias chefiadas por mulheres.
A interseccionalidade entre raça, gênero e classe é central nessa discussão. As mulheres negras enfrentam uma combinação cruel de opressões que impactam diretamente suas condições de vida, seu acesso à saúde, educação, trabalho digno e à participação política.
A presença das mulheres negras nos espaços de poder e decisão ainda é limitada, e suas demandas muitas vezes invisibilizadas.
Mesmo diante de tantos desafios, a resistência continua viva e pulsante. Coletivos de mulheres afrodescendentes, camponesas, urbanas, acadêmicas, ativistas e profissionais seguem organizando redes de apoio, promovendo ações culturais, marchas, rodas de conversa e debates em toda a América Latina e Caribe.
As vozes dessas mulheres ecoam exigindo direitos, reparação histórica e políticas públicas eficazes, que considerem as especificidades de suas vivências e fortaleçam seus protagonismos.
O 25 de julho, portanto, é um chamado à ação coletiva. É dia de lembrar Tereza de Benguela, mas também todas as mulheres negras que seguem construindo caminhos de dignidade e justiça para si, suas famílias e suas comunidades.
AEPET-BA e a importância da data
Neste 25 de julho, a AEPET-BA reforça a urgência de ampliar o debate antirracista e em defesa da inclusão e da justiça social não apenas nos espaços corporativos, mas em todos os âmbitos da sociedade — sejam eles públicos ou privados. A luta das mulheres negras é, acima de tudo, uma luta coletiva, que diz respeito a todos e todas.
As batalhas por equidade racial, de gênero e de classe, em um país profundamente desigual como o Brasil, não devem ser tratadas como pautas identitárias isoladas. Elas representam uma luta essencialmente democrática. Reconhecendo e respeitando o protagonismo das pessoas mais atingidas pelas opressões, esse é um compromisso que deve ser assumido por todas e todos que acreditam na construção de uma sociedade verdadeiramente justa e igualitária.