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Neste domingo (09/05) comemora-se o Dia das Mães. A data surgiu nos Estados Unidos, bem no começo do século XX, para homenagear as mães. Este ano, com a pandemia do coronavírus, a recomendação é cumprimentar as mães à distância e manter o isolamento.

Os tempos modernos exigem criatividade para homenagear as mães. Afinal, a pandemia tem atingido muito mais as mulheres, independentes se são mães ou não. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), as mulheres foram as mais afetadas pelo trabalho não-remunerado, principalmente, em tempos de crise. Na atual situação pandêmica, evidencia-se uma intensificação ainda maior do trabalho doméstico, não remunerado, que implica em duplas e triplas jornadas de trabalho às mulheres, incluindo a sobreposição de tarefas, inclusive por conta do teletrabalho.

Em decorrência do distanciamento e isolamento social, aumento de doentes, do fechamento das escolas e da ampliação do trabalho remoto, essas tarefas recaem ao gênero feminino, de forma acentuada. Um trabalho não remunerado, invisível e não reconhecido simbólica e materialmente, em que se atribui às mulheres o cuidado das crianças, dos doentes, idosos e também a manutenção do lar.

No home office, então a situação das mulheres piorou, pois conciliar mais pessoas em casa, o cuidado com os filhos (e, às vezes, auxiliá-los em atividades escolares a distância) e o expediente é muito mais complicado.

O confinamento colocou uma lente de aumento na desigualdade de gênero e na sobrecarga que atinge a vida das trabalhadoras. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, mostram que as mulheres realizam serviços domésticos durante 18,5 horas por semana, em comparação com 10,3 horas semanais gastas pelos homens. No momento atual, a carga de atividades de casa deve ser bem maior para as mulheres.

Petroleiras e mães ao mesmo tempo

No caso do Sistema Petrobras, está muito mais difícil combinar a atividade laboral com as atividades domésticas. Como a indústria petrolífera é um setor prioritário, as mulheres petroleiras também estão atuando na linha de frente, seja em alto mar ou em terra, produzindo os combustíveis que abastecem as ambulâncias, as casas dos brasileiros e toda a cadeia de transportes e de petroquímica, que movimenta o país. O medo de levar o vírus para casa preocupa essas trabalhadoras, já que a Petrobrás efetivamente não tem seguido os protocolos de segurança, colocando o lucro acima da vida.

Na Bahia, ainda temos a ameaça de privatização e o terror psicológico constante que estão adoecendo as petroleiras. Por exemplo, as trabalhadoras do setor administrativo do Conjunto Pituba, mesmo em situação de excepcionalidade, estão sendo pressionadas a pedir transferência para unidades do Rio de Janeiro, porque a maioria das unidades ou foram fechadas, vendidas ou estão ameaçadas de privatização.

Na maioria dos casos, as mulheres são chefes de família ou são responsáveis por pessoas idosas e estão impossibilitadas de ir para outros lugares. Desta forma, não é fácil manter a saúde física e emocional com tanta pressão por parte dos gerentes.

A “mãe” Petrobrás aproveitou a pandemia para se tornar uma empresa insensível e covarde que está fazendo de tudo para prejudicar não só as mulheres, mas também toda a categoria.

Domingo, no Dia das Mães, será difícil lembrar que a Petrobrás, para muitos brasileiros (as) e petroleiros (as), já foi uma mãe provedora e indutora do desenvolvimento.

 

 


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