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A invasão do Campus da UFBA, no Ondina, em 16 de maio de 2001, promovida pela Polícia Militar durante o governo carlista de César Borges, foi um triste episódio na história política da Bahia. Para lembrar a passagem dos 20 anos, neste domingo (16/05), a líder da oposição na Câmara Municipal de Salvador, vereadora Marta Rodrigues (PT), promoveu um ato no viaduto do Canela, palco da repressão selvagem contra os estudantes e manifestantes.

O presidente da AEPET-BA, Marcos André dos Santos, foi um dos homenageados pela vereadora.  Ele recebeu uma placa comemorativa por ter participado ativamente nas manifestações cujas bandeiras principais pediam democracia, ética e moralidade na política. À época, Marcos André era diretor do DCE da UFBA.

Durante o ato, a vereadora Marta trouxe à tona projeto de sua autoria, apresentado em 2009, aprovado na Câmara e enviado à prefeitura, para dar o nome de 16 de Maio ao viaduto. “Esse viaduto marca a trajetória do povo soteropolitano e baiano contra o autoritarismo e as arbitrariedades do carlismo. Fomos violentados como cidadãos. A UFBA, uma instituição federal, foi invadida pela polícia militar contrariando a Constituição Federal. Jovens, professores, pais e mães foram agredidos com uma força brutal da polícia, porque estávamos exercendo nosso direito de liberdade de expressão. Foi um exemplo nítido de um governo moldado pela corrupção e pela ditadura militar”, recordou ela.

Marcos lembrou com orgulho as manifestações das quais participou, que se estenderam entre os dias 10 e 28 de maio, pelas ruas de Salvador. As manifestações foram convocadas primeiro pelos estudantes secundaristas e universitários, mas depois milhares de baianos se somaram, pedindo a abertura do processo de cassação dos mandatos dos senadores Antônio Carlos Magalhães, o ACM avô, e José Roberto Arruda. A cassação dos senadores se justificava pela violação do painel eletrônico do senado, no episódio da votação pela cassação do senador Luiz Estêvão, em 14 de junho de 2000.

Truculência policial contra estudantes

No dia 16 de maio de 2001, a manifestação pacífica reuniu cerca de seis mil estudantes. O ato se concentrou na Reitoria e saiu em passeata pelas dependências da UFBA com destino ao edifício no bairro da Graça, onde morava ACM. A proposta era para promover uma lavagem simbolizando a luta contra a corrupção.

Quando os manifestantes chegaram ao viaduto do Canela foi interditado pelos policiais do Batalhão do Choque. A ordem para reprimir veio do então governador César Borges, que para agradar o seu chefe político ACM, mandou os PMs usarem bombas de gás lacrimogêneo, tiros de borracha, cavalos e cassetetes contra os estudantes. O local virou praça de guerra e muitos estudantes ficaram feridos, inclusive alguns menores de idade. O movimento ganhou repercussão nacional pela violência e truculência policial.  Em 30 de maio, ACM renunciou ao senado.

20 anos depois desse episódio, Marcos lamenta o retrocesso político com Bolsonaro na presidência da República que não perde oportunidade de ameaçar a democracia. Com a promessa de combater a corrupção, Bolsonaro foi eleito presidente, mas está envolvido com o que há de pior na política, inclusive, recentemente, foi denunciado pela imprensa por estar envolvido em um esquema milionário de liberação de verbas para os deputados do centrão (orçamento paralelo) e evitar o impeachment.

Para o presidente da AEPET-BA, a luta pela ética na política deve continuar e enaltece a participação da juventude na defesa da democracia. “Devemos aprender com os jovens de ontem e de hoje que continuam defendendo a democracia, quem sabe em 20 anos mais possamos comemorar os 40 anos do Maio Baiano numa sociedade mais justa, mais democrática, com menos desigualdades e com mais ética na política”, explica Marcos.

A AEPET-BA continua comprometida com os ideais daqueles jovens que enfrentaram à repressão naquele 16 de maio de 2001, para combater as mazelas do Brasil. Devemos retomar o destino histórico do povo e dizer com todas as letras que “Nunca mais o despotismo regerá nossas ações, com tiranos não combinam Brasileiros corações”

Fotos: mandato da vereadora Marta Rodrigues


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