Acelen, do fundo árabe, anuncia aumento de R$ 0,21 para a gasolina, destoando dos valores que eram praticados pela Petrobrás
Os baianos começam a sentir no bolso os impactos da privatização da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), em São Francisco do Conde, agora Refinaria de Mataripe, do fundo árabe Mubadala. Em dezembro, a Acelen, que administra a RLAM, assegurou que acompanharia a política de preços da Petrobrás, mas em 1º de janeiro, reajustou os preços em R$ 0,21 para a gasolina tipo A, de R$ 0,13 para o diesel S10 e R$ 0,14 para o diesel S500.
O Sindcombustíveis da Bahia, por meio de nota, declarou a preocupação pontuando que a política de preço adotada pela Refinaria destoa da praticada pela Petrobrás e aponta para um desequilíbrio no mercado de refino do petróleo, já que não há, segundo o sindicato, uma concorrência direta da Petrobrás pelo mercado de abrangência do grupo árabe (Bahia e Sergipe).
“Além disso, a estrutura portuária da Bahia não está adequada para receber grandes navios petroleiros e isso impedirá as distribuidoras de buscarem alternativas no mercado internacional”, declarou o presidente do Sindicombustíveis Bahia, Walter Tannus Freitas.
Ainda de acordo com o Sindcombustíveis, somado ao reajuste anunciado pela Acelen, o diesel também terá impacto em seu custo de R$ 0,06 em função do biodiesel, que é misturado ao produto e que sofreu aumento em 1º de janeiro de 2022.
“Houve também aumento do Gás Natural Veicular (GNV) pela Companhia de Gás da Bahia (Bahiagás). A tarifa do GNV foi reajustada em 3,88% (média de todos os segmentos), no primeiro dia do ano novo, conforme Resolução Nº 59 da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba), publicada no Diário Oficial do Estado de 30 de dezembro de 2021”, diz parte da nota.
Impactos na Bahia
O aumento chegou nas bombas de muitas cidades do interior da Bahia. Em Vitória da Conquista, o preço médio da gasolina está em R$ 7,10 e em Juazeiro R$ 7,19. Em Salvador, os consumidores chegam a pagar R$ 7,19 por litro.
Em 2021, foram 16 reajustes da gasolina promovidos pela Petrobrás, só em março foram 4 reajustes.
Agora a Acelen reajusta os preços por conta própria, prejudicando ainda mais os consumidores nordestinos, já que 90% do combustível vendido no estado vem da RLAM.
Além disso, o reajuste dos combustíveis acaba impactando outros setores já que o produto está presente em todo o que se produz.
AEPET-BA alerta sobre privatização
Em dezembro, o presidente da AEPET-BA, Marcos André, alertou à sociedade sobre os malefícios da privatização da Refinaria Landulpho Alves e o risco de criar um monopólio regional.
“Privatizar faz mal ao Brasil. Isso é o que a AEPET-BA tem dito desde sempre. E agora, a Mubadala dá a demonstração disso (…) Só que agora, a venda fatiada das refinarias, como é o caso da nossa Refinaria Landulpho Alves, produziu um monopólio regional, ou seja, substituímos um monopólio estatal do petróleo dirigido pelo interesse nacional e para o povo, por um monopólio regional, cujo único objetivo é o lucro. (…) Essa privatização precisa ser revista imediatamente, é preciso que o povo volte a ser dono do seu patrimônio”, advertiu o presidente da AEPET-BA.
Estudo comprova criação de monopólios privados
Um estudo chamado de “Competitividade no mercado de gasolina e diesel no Brasil: uma nova era?”, feito por quatro pesquisadores do Departamento de Engenharia Industrial do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio): Antônio Márcio Tavares Thomé, Marcelo Seeling, Carlos Maligo e Allan Cormack, comprovam que as vendas das Refinarias: REFAP/RS, REPAR/PR, REGAP/MG, RLAM/BA, RNEST/PE e REMAN/AM, podem criar um monopólio privado da gasolina no Brasil.
“Como resultado da primeira fase do estudo, os pesquisadores identificaram a possibilidade entre moderada e alta, dependendo da refinaria, de formação de monopólios privados regionais, sem garantia de aumento de competitividade que possa ser refletido em redução do custo aos consumidores finais. Este estudo foi apresentado remotamente no dia 28 de abril para o Ministério de Minas e Energia junto ao grupo CTCB Abastece Brasil, com participação de técnicos dos Ministérios da Economia, Infraestrutura, Tribunal de Contas da União, Agência Nacional de Petróleo e comissão parlamentar”, afirma.
Confira o estudo na íntegra através deste link: http://www.federacaobrasilcom.org.br/2020/05/26/venda-de-refinarias-pode-criar-monopolio-privado/
