Compartilhe

O preço médio de venda da gasolina da Petrobrás para as distribuidoras passou de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro. Já o preço médio do diesel saltou de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro

Enquanto a Acelen já anunciou cinco aumentos em 2022, na Bahia, a Petrobrás reajustou os valores da gasolina e do diesel pela segunda vez no ano. De acordo com a estatal, o preço da gasolina subiu 18% e o do diesel 25%. Os novos reajustes começaram a ser válidos desde esta sexta-feira (11/03).

Contudo, a Petrobrás ainda é dona da maioria das refinarias do país, então o impacto poderá ocorrer de forma indireta através da cadeia econômica da população brasileira, como o preço dos alimentos, frete, custos de operação e etc. O preço médio de venda da gasolina da Petrobrás para as distribuidoras passou de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro. Já o preço médio do diesel saltou de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro.

O último aumento no preço dos combustíveis foi há 57 dias atrás. Outro produto que sofreu reajuste foi o GLP (gás de cozinha – botijão de 13kg), que também passará a valer nesta sexta. O preço médio de venda do botijão passará de R$ 3,86 para R$ 4,48 por kg, equivalente a R$ 58,21 por 13kg, refletindo reajuste médio de R$ 0,62 por kg. Um dos fatores que impactam no aumento dos produtos energéticos é o conflito entre Rússia e Ucrânia, que elevaram muito o preço do barril de petróleo, cotado em dólar.

O último ajuste de preços no gás de cozinha ocorreu em 9 de outubro de 2021.

Esses reajustes da Petrobrás não atingem Bahia e Sergipe, porque a Acelen, que administra a Refinaria de Mataripe (antiga RLAM), é quem decide os preços. E segundo estudo do Observatório Social da Petrobrás (OSP), a gasolina já está custando 27,4% a mais do que o mesmo produto vendido pela Petrobrás, na Bahia. A diferença fica maior, em relação ao valor do diesel S-10, com 28,2%. Ou seja, reforça o triste cenário onde os combustíveis comercializados pela Acelen têm os preços mais elevados do Brasil.

Ou seja, mesmo com o aumento da Petrobrás, na Bahia, o litro de gasolina sairá a 6,8% e o diesel 2,8% acima da média da empresa.

 Os malefícios do PPI na vida dos brasileiros

A atual política de preços da Petrobrás tem dificultado a vida financeira dos brasileiros, que se sacrificam diariamente ao abastecer o carro no posto de gasolina, com os constantes aumentos no preço dos combustíveis. E isso também afeta toda uma cadeia econômica, envolvendo: frete, preço dos alimentos, o custo do gás de cozinha etc. Nos últimos anos a estatal tem atrelado o preço da gasolina ao custo do barril em Dólar americano, favorecendo o mercado internacional, sendo que o Real brasileiro segue sendo desvalorizado pelo atual governo.

Desde janeiro de 2019, quando Bolsonaro assumiu o governo, a gasolina foi reajustada em 116%, o gás de cozinha em 100,1%, e o diesel em 95,5%. A inflação oficial do período, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi de 20,6%, de acordo com dados da Petrobrás analisados pela subseção do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Os dados foram divulgados em fevereiro, pelo jornal Estadão.

A prática citada no começo da matéria, é chamada Política de Paridade de Importação (PPI), que reajusta os valores de acordo com o barril de petróleo a partir dos preços internacionais, cotados em dólar. A PPI foi implantada pelo governo golpista de Michel Temer (MDB) e mantida por Bolsonaro. De outubro de 2016, quando a PPI foi implementada até 1º de fevereiro de 2022, o gás de cozinha na refinaria subiu 287,2%, a gasolina 117,2% e o diesel, 107,1%. A inflação acumulada no período foi de 29,8%.

Nos postos de combustíveis, os reajustes acumularam no período: 81,6% na gasolina, 88,1% no diesel e 84,8% no gás de cozinha, segundo o estudo.

Os aumentos de preço nas refinarias também repercutem nos postos de revenda, ou seja, no bolso do consumidor final. De janeiro de 2019 até hoje, a gasolina subiu 52,8%, o diesel 63,6% e o GLP, 47,8%, muito acima também do reajuste do salário-mínimo, de 21,4% no período, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Em seu artigo, o vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), Felipe Coutinho, explicou algumas das consequências negativas dessa política perversa da Petrobrás que tem afetado o bolso dos brasileiros.

“Com preços altos em relação aos custos de importação, os combustíveis da Petrobrás perdem competitividade e até 30% do mercado brasileiro é transferido para os importadores. A ociosidade das refinarias aumenta também em até 30%, há redução do processamento de petróleo e da produção de combustíveis no Brasil. No 2º trimestre de 2021, a ociosidade das refinarias da estatal foi de 25%. Outra consequência da política de preços é a desnecessária e perniciosa elevação da exportação de petróleo cru”, explica.

 

 


Compartilhe