De acordo com a ANP, no desgoverno de Bolsonaro, o aumento total foi de 56,5%. Já o litro do diesel teve alta ainda maior, de 69,1%. Subiu de R$ 3,437, no início do mandato, para 5,814, atualmente. Os caminhoneiros pedem o fim do PPI na justiça
Em 2018, quando a sociedade brasileira alertava sobre os perigos de colocar uma pessoa como Bolsonaro, na presidência, um panfleto de campanha dele prometia o litro da gasolina a “no máximo” R$ 2,50 e o gás de cozinha a “no máximo” R$ 35,00.
No momento da posse de Bolsonaro, em 2019, o litro da gasolina era vendido por R$ 4,268 em média. Três anos depois, o consumidor está pagando R$ 6,683, de acordo com levantamento da ANP – Agência Nacional de Petróleo. Em alguns estados, já passa dos R$ 8,00, no interior do Acre sai por R$ 11,56. Portanto, no desgoverno de Bolsonaro, o aumento total foi de 56,5%. Já o litro do diesel teve alta ainda maior, de 69,1%. Subiu de R$ 3,437, no início do mandato, para 5,814, atualmente.
Já o botijão de gás de 13 quilos, que está presente na maioria das casas brasileiras – sobretudo na população de baixa/média renda, saltou de R$ 69,26 para R$ 102,42, aumento de 47,8%. Lembrando que o prometido naquele panfleto eleitoreiro era custo de no máximo R$ 35,00, ou seja, está custando quase o triplo do valor “prometido”. Nesse intervalo, a inflação geral medida pelo IPCA (IBGE) ficou em 21,86%. Ou seja, os aumentos da gasolina superam em 158,46% (quase 2,6 vezes) a já elevada inflação oficial.
Isso tem afetado diretamente a vida dos brasileiros, que vê a alta dos combustíveis influenciar no preço final dos alimentos e custos básicos, além disso, esse aumento da gasolina puxa também a alta da inflação, fazendo com que o poder de compra seja muito menor, apenas para a sobrevivência.
Na última sexta-feira (11), vigorou um novo aumento da Petrobrás. A gasolina subiu 18,8%, passando de R$ 3,25 o litro para R$ 3,86 (valor médio). O diesel subiu 24,9%, de R$ 3,61 para R$ 4,51 (médio). Do mesmo modo, o gás de cozinha (GLP) teve acréscimo de 16,1%, de R$ 3,86 para R$ 4,48 por quilo (valor médio). Mas, nem sempre o valor médio reflete a realidade.
Segundo a ANP, por exemplo, a Bahia hoje tem a gasolina e o diesel mais caros do país, onde chegam a custar até 7,569 e R$ 8,770 o litro, respectivamente. A disparada dos preços é consequência da privatização da RLAM (atual Refinaria Mataripe), que foi comprada pela Acelen – Grupo Árabe Mubadala.
Só em 2022 foram cinco aumentos no preço dos combustíveis, anunciados pela Acelen. Assim o preço da gasolina é 27,4% mais caro do que o praticado pela Petrobrás, o qual reajustou os valores duas vezes nesse ano. No diesel S-10, a diferença é ainda maior, chegando a 28,2%. O Mato Grosso tem o botijão de gás mais caro do país, podendo chegar a até incríveis R$ 140,00, segundo a ANP.
Em mais uma falácia, o governo Bolsonaro e as direções da Petrobrás, tanto a atual como a anterior, diziam que o aumento da concorrência no setor – com as privatizações, beneficiaria o consumidor final. O caso da antiga RLAM faz cair por terra esse argumento.
PPI não beneficia consumidor, só os acionistas
O malfadado Preço de Paridade Internacional (PPI), foi criado em outubro de 2016, no governo Temer, durante a gestão de Roberto Castello Branco, na Petrobrás, logo depois do golpe do impeachment contra a ex-presidenta Dilma Rousseff. Bolsonaro, fica pagando de bom moço e defensor do povo ao criticar as ações dos gestores da Petrobrás, mas é tudo da boca para fora. Ele até trocou a presidência da estatal, colocando o general Joaquim Silva e Luna – e pode mudar 7 dos 11 membros do Conselho de Administração, portanto sim, Bolsonaro é o responsável pelo atual preço dos combustíveis.
Bolsonaro pode baixar o preço dos combustíveis, o que falta não é poder, mas coragem! O PPI nunca foi lei, é apenas uma decisão do CA da Petrobrás. Graças a essa decisão a estatal atrela o preço dos combustíveis e do gás de cozinha ao dólar e a custos fictícios, favorecendo o mercado internacional e os acionistas da empresa, sendo na maioria investidores internacionais. Pela incompetência de Bolsonaro/Paulo Guedes, o Real segue sendo a moeda mais desvalorizada do mundo, a inflação produz carestia e fome entre os trabalhadores. O descontrole do preço dos combustíveis não afeta somente aqueles que possuem veículos, prejudica toda a economia, envolvendo: frete, preço dos alimentos, o custo do gás de cozinha etc.
O PPI também atende aos interesses de 392 empresas importadoras de petróleo, que não conseguiriam competir no mercado interno caso a Petrobrás considerasse os custos em reais na hora de estabelecer os preços dos combustíveis. Nessa atual política de preços, a gasolina já subiu 82,4%. O diesel, 93,2%, e o gás de cozinha, 85%.
O que está agravando ainda essa situação não é o conflito entre Rússia e Ucrânia, apesar da elevação do preço do petróleo. Isso deve resultar em novos reajustes dos combustíveis em nosso país. Mas, em 2008, na crise econômica mundial, o barril de petróleo tipo brent chegou ao preço recorde de US$ 147,50. Porém, a gasolina não foi reajustada, e continuava custando R$ 2,50 o litro.
Caminhoneiros exigem fim do PPI
Na última sexta-feira (11/03), vários caminhoneiros paralisaram as atividades na BR-116 Norte, em Feira de Santana. Eles mantiveram os veículos parados no meio da estrada, causando longos congestionamentos na região. Apenas veículos pequenos, ambulâncias e carros transportando produtos perecíveis estavam passando. Eles protestavam contra mais um aumento no preço dos combustíveis.
No sábado (12), a Abrava – Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores, entrou com ação no TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), pedindo a suspensão da PPI. Contudo, ainda não há um consenso entre os caminhoneiros para reeditar aquela grande greve, realizada em 2018.
O presidente da associação é Wallace Landin, conhecido como Chorão – líder da greve de 2018. Leia abaixo a nota da associação.
“A Abrava entende que cada aumento da Petrobrás estrangula os brasileiros, pois a consequência direta é o aumento dos preços dos alimentos, remédios, etc. Não somos contra a Petrobrás ter lucro, o que não aceitamos é que ela tenha um lucro de 1400% em detrimento do sofrimento dos brasileiros, e principalmente daqueles que trabalham com o transporte.
Nosso pedido é pela suspensão da Política de Paridade de Preço Internacional – PPI que deixa toda a sociedade refém do mercado internacional, pagando pelo barril de petróleo mais de US$ 105,00 (preço atual) enquanto o custo para a Petrobrás de produção é de aproximadamente US$ 20,00”.
Saiba mais sobre os malefícios do PPI
Em seu artigo, o vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET), Felipe Coutinho, explicou algumas das consequências negativas dessa política perversa da Petrobrás que tem afetado o bolso dos brasileiros.
“Com preços altos em relação aos custos de importação, os combustíveis da Petrobrás perdem competitividade e até 30% do mercado brasileiro é transferido para os importadores. A ociosidade das refinarias aumenta também em até 30%, há redução do processamento de petróleo e da produção de combustíveis no Brasil. No 2º trimestre de 2021, a ociosidade das refinarias da estatal foi de 25%. Outra consequência da política de preços é a desnecessária e perniciosa elevação da exportação de petróleo cru”, explica.
Leia o artigo na íntegra: https://aepetba.org.br/v1/2022/03/15/cinco-falacias-sobre-o-preco-paritario-de-importacao-ppi-praticado-pela-direcao-da-petrobras/
