Este é o segundo aumento em 2022, somando os dois reajustes, dá quase 13% de aumento em 30 dias
A cada dia que passa, o trabalhador baiano enfrenta muitas dificuldades para colocar comida na mesa, com a disparada de preços, em especial do gás de cozinha. A Acelen, empresa do Fundo Soberano Árabe Mubadala, que administra a Refinaria Mataripe – antiga RLAM, anunciou nesta quarta (02/03), o aumento no preço do botijão de gás de cozinha em 3,24%. Este é o segundo aumento em 2022, no mês passado, a Acelen reajustou o valor do gás pela primeira vez no ano, que subiu entre 9,1% e 9,4%. Somando os dois reajustes, dá quase 13% de aumento em 30 dias.
Diferentemente, do que acontecia com a Petrobrás, quando a RLAM era da estatal, e os aumentos valiam por todo território nacional, a Bahia foi o único estado a ter o reajuste. Isso é devido a política de desmonte e desinvestimento da Petrobrás, praticado no desgoverno Bolsonaro, que vendeu a refinaria baiana para o fundo árabe.
A Acelen vem praticando preços acima do normal, já trabalhados na Petrobrás, apesar do Preço de Paridade de Importação (PPI) adotado pela estatal, que por si só já é uma prática danosa, mas não tanto quanto em comparação a empresa árabe.
O último aumento do gás de cozinha anunciado pela Petrobrás foi em outubro de 2021. Com relação aos preços da gasolina e do diesel, a Acelen já anunciou quatro aumentos nos preços destes combustíveis, só em 2022. Sendo três em janeiro e um em fevereiro – quando o valor do produto poderia chegar até R$ 120, de acordo com Sindicato dos Revendedores de Gás.
Em setembro de 2020, um botijão custava em média, R$ 68 no estado. Em 2021, o valor chegou a R$ 105 em Salvador. As cidades do interior baiano também sofreram com os reflexos no reajuste do preço do botijão de gás no último ano. Em Luís Eduardo Magalhães, oeste do estado, o produto foi comercializado por R$ 125, preço acima do estipulado no novo reajuste.
Tendência de piora nos aumentos com guerra na Europa
Com a guerra envolvendo Rússia x Ucrânia, os preços dos combustíveis vão aumentando de forma exponencial, afetando os preços de diversos outros produtos, incluindo o gás de cozinha. A escalada dos preços é puxada pela alta do barril de petróleo. Lembrando que a Rússia é conhecida pela enorme produção energética, com destaque no gás natural.
De acordo com economistas, se for mantido, mesmo que por curto período, o patamar acima de US$ 100 o barril, a estimativa é que o litro da gasolina salte para perto de R$ 8 reais, ou mais, na bomba.
A alta no preço do barril, superando os três dígitos, não acontecia desde 2014. Além disso, o dólar também tem alta, superando a casa dos R$ 5,20, sendo que estava em queda nos últimos dias e compensava o crescimento do valor do petróleo. Agora, com a guerra acirrada entre os países, a tendência é de que eles turbinem os preços.
Gasolina mais cara do Brasil
A Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) informou que a Refinaria de Mataripe, antiga RLAM, já registra o recorde da gasolina mais cara do Brasil. Segundo a Veja, o litro do combustível na unidade, que historicamente custava 2 centavos a menos do que o preço médio cobrado nas outras refinarias da Petrobrás, em 2022 está sendo vendido, em média, por 14 centavos a mais.
De acordo com petroleiros, a gasolina mais barata do país é comercializada pela ela Refinaria Potiguar Clara Camarão, do Rio Grande do Norte. Em pouco tempo de operação na Bahia, os preços da Acelen já são os mais elevados do país.
Segundo Walter Tannus Freitaso, presidente do Sindicombustíveis Bahia, nos últimos 12 meses mais de 6.000 trabalhadores de revendedoras de combustíveis foram demitidos. A tendência é de haver mais demissões, principalmente nos postos de rodovias, que compram óleo diesel mais caro do país, já que em postos de estados vizinhos o ICMS é mais baixo. “Esses aumentos constantes da Acelen estão inviabilizando a economia baiana e penalizando o consumidor, que está sentindo o galopar dos preços, refletindo numa redução drástica do consumo”, afirmou ao portal Ibahia.
AEPET-BA alerta sobre privatização
Em dezembro de 2021, na época da venda da RLAM, o presidente da AEPET-BA, Marcos André, alertou à sociedade sobre os malefícios da privatização da Refinaria Landulpho Alves e o risco de criar um monopólio regional.
“Privatizar faz mal ao Brasil. Isso é o que a AEPET-BA tem dito desde sempre. E agora, a Mubadala dá a demonstração disso (…) Só que agora, a venda fatiada das refinarias, como é o caso da nossa Refinaria Landulpho Alves, produziu um monopólio regional, ou seja, substituímos um monopólio estatal do petróleo dirigido pelo interesse nacional e para o povo, por um monopólio regional, cujo único objetivo é o lucro. (…) Essa privatização precisa ser revista imediatamente, é preciso que o povo volte a ser dono do seu patrimônio”, advertiu o presidente da AEPET-BA.
