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A Assembleia Geral Ordinária (AGO), que definiu o nome de José Mauro Coelho como presidente da Petrobrás, no dia 13 de abril, foi marcada pelo avanço dos minoritários na composição do Conselho. Antes, a União (governo) tinha 7 membros, os minoritários (acionistas) 3 e os empregados 1 (Rosangela Buzanelli). Mas, com a nova ofensiva do mercado – que tem mandado e desmandado na companhia, o número de representantes subiu para 4, tirando uma vaga da União (que ficou com 6). 

Na última eleição, em 2020, os acionistas minoritários já tinham avançado de 2 para 3 membros no Conselho. Isso representa o aumento de poder do mercado privado sobre a estatal, para que possa fazer barulho contra qualquer política que não seja favorável visando encher seus bolsos. 

De acordo com os bastidores, o principal responsável por esse movimento é o empresário José João Abdalla Filho, bilionário brasileiro que está pressionando constantemente a Petrobrás e Bolsonaro para manter o PPI e assim seguir lucrando cada vez mais, para alimentar sua fortuna e dos outros acionistas da empresa. 

Juca Abdalla, 76 anos, atua há anos como representante do capital especulativo na Petrobrás. Na lista da Forbes dos homens mais ricos do país, Abdalla figura em 18º, com uma fortuna estimada em US$ 2,8 bilhões. Entretanto, ele acumula denúncia de suborno e sonegação. Segundo a Revista Seu Dinheiro, Abdalla foi denunciado em 2019 pelo Ministério Público Federal por sonegar, de acordo com os procuradores, R$ 617 milhões em impostos à Receita Federal referentes aos anos de 2006, 2007 e 2008. Abdalla também é réu em processo na Justiça Federal de Americana (SP), acusado de ter omitido R$ 3 milhões recebidos pela Jupem Participações e Empreendimentos.

No dia 19 de abril, o Observatório Social da Petrobrás (OSP), comandado pelo economista Eric Gil Dantas, divulgou um gráfico com a divisão dos acionistas na companhia. A comparação é entre os anos de 2006, ainda no governo do PT e 2022, na administração de Bolsonaro. A diferença é bastante significativa, sobretudo na porcentagem dos acionistas estrangeiros e no capital total da União (estado).

Em 2006, o cenário constituía da seguinte forma: 39,8% para a União, 39,5% para os estrangeiros e 20,7% para o privado brasileiro. 16 anos depois, após o governo Temer e agora, com Bolsonaro, a coisa mudou de figura, são: 44,42% para os estrangeiros, 36,74% para a União e 18,84% para o privado brasileiro. Ou seja, tem mais participação estrangeira na estatal brasileira e com domínio deles no total de ações.

Isso representa mais uma ação bolsonarista, para acelerar o desmonte e privatização da Petrobrás. O atual governo tenta de todas as formas, privatizar a companhia, ao manter a dolarização da gasolina com o PPI, elegendo ou indicando pessoas com ligações privadas para presidir a empresa que defendem o preço de paridade; e agora, dando maior participação estrangeira na estatal.

A Petrobrás, nas mãos de Temer e Bolsonaro, está se distanciando do propósito de sua função, que é de garantir a soberania energética do país e combustível acessível à população. Atualmente, o que se vê, são combustíveis muito caros afetando toda a base econômica do país e, o trabalhador sofrendo para levar o básico do básico para suas casas, na tentativa de sobreviver.

O poder de ganho do brasileiro é baixo, já o dos acionistas da Petrobrás é cada vez maior – com o lucro recorde de R$ 106 bilhões em 2021 – 1.400% a mais do que em 2020. A estatal deixou de ser um vetor forte para garantir preços justos nas bombas e acompanhar o desenvolvimento do Brasil. Em março, o IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, apontou que a inflação no Brasil foi de 1,62%, a maior para o terceiro mês do ano desde 1994, antes da implantação do Plano Real. O aumento de 6,70% dos combustíveis foi o maior vilão, responsável pela alta da inflação. 

Saiba mais: Petrobrás volta ter o maior valor de mercado na bolsa, mas o povo paga caro pela gasolina 

A AEPET-BA demonstra clara preocupação com o futuro da Petrobrás, cada vez mais entregue ao mercado privado. E reforça a sua luta pela retomada da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), bem como dos demais ativos da Bahia e do Brasil. Queremos de volta aquela companhia que trabalhava a favor dos brasileiros, com preços dos combustíveis mais justos e garantias de direitos para a força de trabalho: os trabalhadores petroleiros. 


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