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Na manhã da última quarta-feira (04), a unidade da Refinaria de Mataripe, em São Francisco do Conde, na região do Recôncavo Baiano, teve uma intercorrência no sistema de ar comprimido. Por conta disto, a Acelen precisou ter suas atividades interrompidas. A intercorrência gerou chamas e fumaça preta em uma das torres de queima de excedentes – imagens foram registradas por funcionários da refinaria.

Segundo comunicado da empresa divulgado à imprensa, e postado pelo site Bahia Notícias, a situação aconteceu por volta das 10h e causou um “consequente envio do excedente de produtos não processados para queima segura no flare”.

Ainda de acordo com a nota: “Não há qualquer risco para colaboradores e entorno da refinaria, e que o aumento de queima de gases é um processo de controle para garantir a proteção das instalações e segue as normas definidas pelas entidades reguladoras”.

 

Primeiro ano de gestão

 

A Acelen é a empresa que cuida da operação da Refinaria de Mataripe – antiga Refinaria Landulpho Alves (Rlam), que foi comprada pelo fundo árabe Mubadala no final 2021 – e tem registrado a ocorrência de acidentes que podem causar danos tanto aos funcionários quanto às populações vizinhas.

Nesse primeiro ano de gestão do novo dono, já foram registradas duas ocorrências relevantes: a primeira foi o desabastecimento do gás de cozinha (GLP), em novembro de 2022, que provocou desabastecimento do produto na capital e em diversas cidades, além de ter impactado na distribuição, gerando a suspensão das atividades de diversas revendedoras.  A segunda foi a intercorrência de ontem (04 de janeiro) – mais informações acima. Quando a Refinaria estava sob a gestão da Petrobrás, não havia registros de ocorrências nos últimos quinze anos sobre falta de gás quanto ou paralisação emergencial da planta.

Segundo informações publicadas no site da FUP, o Sindipetro Bahia apresentou uma denúncia contra a empresa ao Ministério Público do Trabalho (MPT). A ação, que tem pedido de mediação, relata ações e omissões da Acelen que colocam a vida de trabalhadores em risco de acidentes graves ou fatais. A denúncia se baseia nas atividades de risco que são desenvolvidas na empresa.

 

 

Privatização da mais complexa refinaria privada do país

 

Privatizada em dezembro de 2021, a atuação da Refinaria vem levantando uma série de questionamentos sobre os discursos do governo anterior (Bolsonaro vendeu a RLAM à Acelen, controlada pelo fundo árabe Mubadala), que priorizava a venda de bens públicos. Três meses após a privatização, a gasolina na Bahia se tornou a mais cara do Brasil, o que representa riscos à economia local.

Além disso, como relato acima, em pouco tempo de gestão, cresce o número de ocorrências, que colocam em ameaça a vida de trabalhadores e populações que vivem no entorno. Segundo dados informados pelas organizações que representam a categoria de petroleiros, a Refinaria Mataripe vende gasolina 6,4% mais cara do que a da Petrobrás; e o óleo diesel S-10 subiu, custando 2,66% a mais.

Com esses dados em mãos surgem os questionamentos: a privatização beneficiou qual grupo? Qual o cenário dos impactos que a privatização vem causando? Quem lucra com os preços dos combustíveis que foram dolarizados?


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