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Ex-presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, participou de Live sobre aumentos dos preços dos combustíveis, do gás de cozinha e da privatização da Petrobras. O debate integra o calendário do Movimento A Bahia Contra as Privatizações, formado por várias entidades e parlamentares.

A população não aguenta mais a disparada dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha. O país é autossuficiente em petróleo e pode refinar quase todo o combustível que precisa, tem tudo para fazer controle de preços, mas não é isso que está acontecendo. Este e outros assuntos relacionados à matriz e segurança energética foram tratados pelo ex-presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, em conferência virtual, promovida pelo movimento A Bahia Contra as Privatizações, na quinta-feira (11/03).

Com o tema “Alta dos preços dos combustíveis e do gás de cozinha; privatização da Petrobrás”, a live, aberta ao público, foi transmitida pelo canal do Youtube e a página do Facebook da Associação dos Engenheiros da Petrobrás, Núcleo Bahia (AEPET-BA).

Além de Sérgio Gabrielli, participaram do evento o diretor de Comunicação do Sindipetro-BA, Radiovaldo Costa e o secretário-geral da Federação Nacional do Petroleiros (FNP), Adaedson Costa. O presidente da AEPET-BA, Marcos André dos Santos, foi o mediador do debate.

Foram quase três horas de debates, com grande participação da audiência que encaminhou várias perguntas pelo chat, no Youtube.

Gabrielli, na sua apresentação fez uma contextualização da política de preços da Petrobrás em duas dimensões: a forma como são fixados os preços dos derivados no mundo e uma síntese, a partir de 2012, sobre a definição dos preços implementada pelo governo brasileiro e a direção da Petrobrás.

Segundo Gabrielli, foi a partir de 2016, com o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff (PT), que o governo e a direção da Petrobrás mudaram a política de preços, com base no mercado internacional. Mas, pior que isso, no governo Bolsonaro, tem sido o estímulo para que as importadoras de derivados se instalem no Brasil. Hoje funcionam cerca de 400 empresas importadoras que têm forte interesse em manter a atual política de preços.

O professor explicou que a opção do governo Bolsonaro é política e não econômica. “Há uma ligação direta entre a política de preços da Petrobrás atrelada aos preços internacionais, que é uma opção política do Brasil, não é uma necessidade do mercado internacional, porque isso não é generalizável, essa opção está associada à redução do tamanho da Petrobrás e a concentração das atividades de produção do pré-sal, na bacia de Santos, na área de Búzios e também associada com a saída da empresa de todas as demais atividades”, explicou o professor Gabrielli. Ele acha completamente errada essa estratégia do governo.

Concluiu, com base nas projeções internacionais, que caso a Petrobrás continue com a mesma política de preços, a tendência, a curto prazo, é continuar com aumentos crescentes nos preços da gasolina e do diesel e do gás de cozinha.

Campanhas contra a privatização da Petrobrás

O secretário-geral da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), também criticou a política de preços da atual direção da Petrobrás e reafirmou que é possível ter um preço justo nas bombas sem prejuízo para a estatal.  O estudo do Instituto Brasileiro de Estudos Sociais (Ibeps), que analisou a variação do custo de extração de cada barril de petróleo pela Petrobrás nos últimos dez anos, mostrou uma significativa redução. Hoje é de cinco dólares, menos de R$ 30 reais, enquanto o preço internacional é de 60 dólares, o que não justifica os preços caros dos combustíveis, menos ainda a Política de Paridade Internacional (PPI)

Em relação à luta contra a privatização da empresa, Adaedson defendeu a Petrobrás como empresa do povo. “A população precisa entender a importância da Petrobrás para o desenvolvimento do Brasil, os protagonistas de tudo isso somos nós, trabalhadores petroleiros, que sabem a importância da empresa para o Brasil.”

Em protesto contra a privatização da empresa, a FNP vem promovendo atrasos nas bases da FNP e em breve será lançada uma campanha nacional em defesa da estatal.

Desmonte na Bahia

Descrevendo um cenário de terra arrasada, o diretor de Comunicação do Sindipetro-BA, Radiovaldo Costa, falou do desmonte da estatal na Bahia e em outros estados do Nordeste. Segundo ele, que trabalha na empresa há 35 anos, o que acontece hoje com a Petrobrás não tem paralelo de comparação.

“A Bahia que sempre teve a característica de ser o único estado que nós tínhamos todas as atividades da Petrobrás e todas as unidades estão sendo privatizadas. Isso vale também para outros estados do Nordeste. Campos terrestres como o histórico campo de Carmópolis, em Sergipe; São Miguel dos Campos, em Alagoas; Polo Riacho da Forquilha, Fazenda Belém e Icapuí, localizados na Bacia Potiguar, no Ceará, todos eles estão sendo entregues ao capital privado”, denunciou ele.

Ele citou como exemplo, na Bahia, o fechamento do campo terrestre de Água Grande, em Catu, com grande produção de petróleo, onde trabalhavam mais de 4.000 trabalhadores próprios e terceirizados.

Radiovaldo mostrou as campanhas desenvolvidas pelo Sindipetro-BA contra as privatizações no estado e atualizou informações sobre a greve dos petroleiros da Refinaria Landulpho Alves, em Mataripe, que começou na sexta-feira, 05/03.

Exemplo de unidade contra as privatizações

O presidente da AEPET-BA, Marcos André, falou sobre o movimento A Bahia Contra as Privatizações, uma articulação formada por sindicatos; movimentos populares e sociais, de negros, mulheres, estudantes; parlamentares, partidos políticos, associações, centrais sindicais, religiosos, dentre muitas outras. O objetivo do movimento é a defesa das estatais ameaçadas de privatização pelo governo Bolsonaro, a exemplo, da Petrobrás, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Correios, Serpro, Eletrobrás, entre muitas outras.

“O movimento A Bahia Contra as Privatizações é um esforço de superação, é um exemplo que queremos construir na sociedade, onde todos os que padecem do mesmo mal, superam as diferenças e se unem em torno de uma mesma bandeira a defesa das empresas públicas ameaçadas de privatização e o nosso desejo é que esse movimento se amplie para outros estados”, concluiu Marcos.

Foi feito um convite para que mais pessoas se integrem ao movimento.

Mortes de petroleiros

Na Live, além de manifestar respeito e solidariedade a todos as famílias brasileiras que perderam parentes para a Covid, foram denunciadas as mortes de dois petroleiros baianos também vítimas da doença. Na quinta-feira 11/03, no dia do evento, um técnico de segurança, prestador de serviço da UN-BA, que trabalhava na região de Taquipe, morreu vítima do coronavírus.

No domingo (07/03), morreu Carlos Alberto, técnico de Operação da RLAM, lotado na CAFOR. Com 55 anos, 33 dedicados à empresa, Carlos estava se recuperando de uma cirurgia e a RLAM não o afastou do trabalho. O Sindipetro-BA apurou que Carlos contraiu a doença dentro da Refinaria e contaminou a mulher e a filha.

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