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Segundo reportagem da revista Crusoé, o gerente de RH da Petrobrás, Cláudio Costa, homem de confiança de Castello Branco, foi demitido sob suspeita de negociar ações da estatal quando soube que Bolsonaro demitiu Castello Branco.

A reportagem apurou que Costa negociou as ações da Petrobrás em 18 de fevereiro. Bolsonaro anunciou publicamente a decisão de demitir Castello Branco no dia seguinte.

A revista informou que Cláudio Costa foi demitido no domingo 28/03.

A Petrobrás divulgou uma nota à imprensa, na noite de segunda-feira (29/03), confirmando a demissão do executivo. Segundo o documento ele foi desligado de suas funções por ter atuado “em desacordo com o disposto na Política de Divulgação de Ato ou Fato Relevante e de Negociação de Valores Mobiliários, que veda a negociação de valores mobiliários de emissão da Petrobras por Pessoas Vinculadas nos 15 dias que antecedem a divulgação das demonstrações financeiras da companhia”.

Costa também foi demitido do cargo de Conselheiro Administrativo da Transpetro.

O gerente de RH da Petrobras, Cláudio Costa, acumulava críticas entre os petroleiros devido às medidas assumidas por ele na sua gestão sob a justificativa de foco na eficiência e na meritocracia. Na prática, elas se mostraram ineficientes e serviram apenas para reduzirem direitos dos trabalhadores, aumentando o bônus do próprio Costa e dos demais diretores da empresa.

Esse projeto de gestão da força de trabalho foi idealizado por Castello Branco e implementado por Cláudio Costa que acabou gerando uma profunda crise na AMS e exigindo enormes sacrifícios aos petroleiros.

Segundo os petroleiros, Costa está por trás da retirada irresponsável dos empregados lotados no prédio administrativo Torre Pituba, em Salvador, que levou à Petrobrás a desembolsar R$ 50 milhões para fechar um duvidoso acordo com Ministério Público do Trabalho (MPT), em dezembro de 2019.

O gerente é responsável também pelos últimos Acordos Coletivos de Trabalho (ACT) lesivos aos trabalhadores e que levaram aos descontos abusivos e irregulares na AMS. E, ainda, pelos impactos na péssima política de RH que causaram prejuízos milionários à Petrobrás. O discurso de modernidade e meritocracia camufla a política de destruição da Petrobrás que na prática promove a destruição dos direitos dos trabalhadores. Por outro lado, a alta administração da empresa se beneficiou com essa política de bonificação milionária e a contratação de muitos gestores não concursados.

Na sua gestão foram adotadas as medidas de resiliência impostas aos trabalhadores, em abril do ano passado, e que resultaram na redução salarial de 25% em mais de 20 mil empregados do administrativo. Milhares de trabalhadores das áreas operacionais foram obrigatoriamente colocados no administrativo, com redução de 50% nos salários.

Outra medida polêmica tomada por ele na empresa é a transformação do plano de saúde – Assistência Multidisciplinar de Saúde (AMS) – em uma associação: Petrobrás de Saúde. A expectativa é que, com a mudança, a contribuição da empresa diminua e os empregados passem a pagar mais pelo plano.

O gerente vinha acumulando derrotas sucessivas na Justiça do Trabalho, pelas suas trapalhadas à frente do Recursos Humanos, por descumprir acordos e fabricar soluções ilegais na implementação das medidas.

Apesar das acusações que pesam contra ele, o gerente não foi demitido por justa causa. Os petroleiros estão na expectativa de que o ex-gerente Cláudio Costa seja responsabilizado judicialmente não só para responder pelos crimes financeiros, mas também pelos danos causados à imagem da empresa.

Por enquanto, o chefe do gabinete da Presidência da Petrobrás, Pedro Brancante, vai ocupar o cargo vago por Costa.


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