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Apesar de ser estratégica para a comunicação da empresa o governo quer entregar a rede aos estrangeiros

Bolsonaro continua com o desmonte da Petrobrás. Na sexta-feira (30/09), a empresa divulgou comunicado ao mercado informando que iniciou a etapa de teaser (oportunidades) de venda de sua rede de fibra óptica onshore, que conta com uma extensão aproximada de 8 mil quilômetros. A rede abrange todas as regiões do país, conectando diversas capitais e regiões metropolitanas.

O teaser inclui as principais informações sobre os critérios de elegibilidade para a seleção de possíveis interessados na compra da rede. A consultoria Ernst & Young foi contratada pela empresa como assessor financeiro para conduzir o negócio.

Além da fibra óptica, a rede acompanha gasodutos da empresa e é estratégica para sua comunicação. Mesmo assim, o governo vai entregar às empresas estrangeiras. A rede de fibra óptica é composta por cabos enterrados que possuem, em sua grande maioria, capacidade de 36 fibras ópticas cada, acondicionados em tubos de polietileno de alta densidade PEAD (bi tubo) para maior proteção e versatilidade de manutenção

As fibras estão distribuídas nacionalmente seguindo as faixas de gasodutos e oleodutos do Nordeste ao Sul e um trecho na região Norte. Os ativos serão vendidos em 4 blocos – Norte, Nordeste, Sul e Sudeste – segmentadas conforme as faixas de dutos.

O bloco do Nordeste, que inclui a Bahia, abrange o trecho que segue o litoral, se estendendo do norte do estado do Rio de Janeiro até Ipojuca, no Pernambuco, no total de 2.100 metros, é o segundo maior bloco depois do Sudeste.

Em entrevista para o Hora do Povo, o professor Ildo Sauer, titular do Instituto de Energia da USP e ex-diretor da Petrobras disse que a venda da rede de fibras ópticas “vai criar uma dependência permanente da Petrobras, com custos permanentes, como os da rede de gasodutos, para operar suas redes e as comunicações internas da empresa entre suas instalações e escritórios. É mais um ataque contra sua integridade e eficiência econômica”, acrescenta o especialista.

Sauer comparou a venda dos cabos para as empresas estrangeiras com a venda da rede de gasodutos que foi construída pela Petrobras durante o governo Lula. Ele diz que é como a pessoa que vende a sua casa e passa a morar em sua própria casa, só pagando aluguel. É exatamente isso o que ocorreu com a rede de gasodutos vendida. A Petrobras era a dona da rede e, agora, paga para empresas estrangeiras pelo uso de seus próprios gasodutos.

O professor acredita que o novo governo, que assumirá em janeiro de 2023, deverá suspender os ataques do governo Bolsonaro à Petrobras. “(esses ataques) são feitos na surdina em plena disputa eleitoral”, adverte o professor da USP. Ou seja, o que Bolsonaro está fazendo é cometendo, na calada da noite, mais um crime de lesa-pátria.

A AEPET-BA defende que um dos primeiros atos do próximo governo deverá ser a reestatização da Petrobrás e da Refinaria Landulpho Alves. A empresa terá papel importante na reconstrução do país, na retomada dos empregos e no desenvolvimento econômico do Brasil. 


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