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A UFN3 foi entregue para o grupo Acron, da Rússia e o negócio, que não teve valor revelado, foi muito comemorado pelos entreguistas

Infelizmente, o desmonte a Petrobrás continua a todo vapor. A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a ruralista Tereza Cristina, anunciou a venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3) da Petrobrás, para o grupo Acron, da Rússia. A unidade estava sendo construída desde 2011, para produzir fertilizantes nitrogenados para a agricultura, quase onze anos depois, o desgoverno de Bolsonaro entrega a UFN3 para a iniciativa privada. O valor da venda não foi informado.

A venda foi comemorada pelos entreguistas. Tereza Cristina contou que conversou com Bolsonaro sobre a situação da UFN3 e ele imediatamente ligou para o presidente da Petrobrás, general Joaquim Silva e Luna, e pediu celeridade neste processo. Tereza, em seguida, recebeu a mensagem de Luna confirmando a venda da Unidade, que foi muito comemorada por todos os presentes.

A UFN3 é uma unidade industrial de fertilizantes nitrogenados localizada em Três Lagoas, Mato Grosso. A construção da UFN3 foi interrompida em dezembro de 2014, com avanço físico de cerca de 81%. Após concluída, a unidade terá capacidade projetada de produção de ureia e amônia de 3.600 t/dia e 2.200 t/dia, respectivamente. A conclusão da Unidade será de responsabilidade do grupo russo.

A Petrobrás tentava se desfazer da fábrica de Três Lagoas desde 2019, dentro de uma estratégia de desinvestimentos em negócios que não estejam diretamente relacionados à exploração de petróleo e gás.  Chegou a negociar a unidade com a própria Acron, mas não houve sucesso.

O portal Poder 360 apurou que o principal motivo para as empresas não terem chegado a um acordo na época teria sido a proposta de venda casada feita pela Petrobrás, que queria vender a UFN3 junto com a ANSA (Araucária Nitrogenados S/A), em Araucária-PR. Mas os russos não tinham interesse na fábrica paranaense porque era considerada a mais deficitária de todas as fábricas do país.

O desmonte também aconteceu na Bahia

Enquanto o Brasil aumenta sua dependência de importação para suprir o mercado doméstico de adubos e fertilizantes químicos, a Petrobrás fecha ou vende as unidades de fertilizantes instaladas no país.

Em 2020, foi fechada a unidade no Paraná (Fafen-PR), em Araucária. Operando desde 1982, a Fafen-PR, adquirida pela Petrobrás em 2013, era responsável pela produção de 30% do mercado brasileiro de ureia e amônia e 65% do Agente Redutor Líquido Automotivo (ARLA 32), aditivo para veículos de grande porte que atua na redução de emissões atmosféricas. Os petroleiros reagiram e participaram de uma greve histórica.

Um ano antes, a Petrobrás já tinha arrendado por 10 anos, para a Proquigel Química, as unidades da Bahia (Fafen-BA) e Sergipe (Fafen-SE).

Pertencente ao grupo Unigel, a empresa pagou R$ 177 milhões à estatal pelo direito de utilização das unidades. Essa quantia, entretanto, representa apenas 0,85% da expectativa de faturamento de R$ 2 bilhões anuais anunciado pelo próprio grupo que arrendou as fábricas. O contrato ainda prevê a possibilidade de renovação por mais uma década.

A Fafen-BA, localizada no Polo Petroquímico de Camaçari, foi criada há cerca de 50 anos e é símbolo da industrialização nacional. Até a hibernação, a unidade gerou empregos que nenhuma empresa privada geraria: cerca de 700 empregos diretos e mais de 1800 indiretos.

Atualmente, a Unigel gera muito menos empregos que a FAFEN-BA, oferecendo salários reduzidos. Para os empresários é uma ótima oportunidade de negócios. A unidade conta com um moderno sistema de controle de processos e subestações elétricas recentemente automatizadas. “Mesmo sendo o valor do arrendamento muito baixo, em relação aos custos médios de empresas do setor industrial, a Unigel manifestou publicamente que só aceitaria a negociação com a injeção de mais incentivos governamentais. Assim, o governo estadual concedeu isenções nos custos de gás natural”, denunciou um ex-trabalhador da Fafen-BA.

Por isso, que a AEPET-BA reforça a necessidade de retomar todo o que foi vendido pelo governo Bolsonaro. É necessário pautar nacionalmente a retomada do papel do Estado como indutor de desenvolvimento econômico e social. Reverter as privatizações como a da FAFEN-BA, bem como impedir que novos danos ao patrimônio nacional continuem ocorrendo.

A Petrobrás como uma empresa pública, horizontalizada e integrada em toda a cadeia produtiva do petróleo, desde a produção em campos terrestre ao pré-sal, no refino, transporte, na petroquímica e na produção de biocombustíveis de forma sustentável. Em um país de grandes áreas cultiváveis, a produção de fertilizante é estratégica para garantir a máxima produtividade no setor agrícola.

 


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