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Pesquisa realizada pela Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) com 1.268 trabalhadores de todo o país confirmou ser justa reivindicação dos empregados e empresa deve custear as despesas relacionadas ao teletrabalho. Do total de respondentes: 64,5% afirmaram ter gastado recursos financeiros próprios para a garantia do teletrabalho, 81% disseram não ter recebido nenhum equipamento da empresa para trabalhar remotamente.

Significa que no teletrabalho, o aumento de despesas com internet, energia elétrica e equipamentos estão saindo do bolso dos petroleiros, “isso ocorre ao mesmo tempo em que essa gestão reduz sensivelmente a capacidade de compra do petroleiro, com a não reposição da inflação, o encarecimento da AMS e o equacionamento da Petros”, denunciou um dirigente da Federação.

A pesquisa de opinião da FNP, feita em parceria com o IBEPS (Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais), foi realizada nos meses de agosto e setembro com trabalhadores que estão em trabalho remoto. Desses 72% trabalhavam em atividades administrativas, essencialmente realizadas em escritório e não tiveram treinamento para o teletrabalho.

Em número de respondentes, a Bahia ocupou o terceiro lugar depois do Rio de Janeiro e Litoral Paulista.

O estudo revelou também que desde a adoção do teletrabalho quase a metade aumentou a quantidade de horas efetivamente trabalhadas (48%). Em relação à cobrança de resultados, 85% responderam que o monitoramento acontece por metas e prazos. Já 36% afirmaram que estavam trabalhando muito além da jornada. Chama a atenção o percentual de 43% de trabalhadores que apresentaram algum tipo de problema físico decorrente do teletrabalho por conta das instalações físicas (mesas e cadeiras).

O relatório final da pesquisa foi apresentado pelo economista do IBEPS, Eric Gil, na Live da FNP, no dia 11/11. A pesquisadora em saúde pública da Fiocruz, Luciana Gomes, também participou do evento e tratou sobre os impactos do teletrabalho na saúde mental e física dos trabalhadores. Para ela, nessa modalidade, as mulheres são as principais vítimas de adoecimento e sofrimento mental na pandemia. A pesquisa da FNP confirmou essa realidade, pois 42% das mulheres revelaram sofrimento mental contra 35% dos homens.

Além disso, outra pesquisa realizada com trabalhadores da Serpro revelou que 53% das mulheres aumentaram a carga horária no home office contra 46% dos homens. A pesquisadora apontou que existe muita dificuldade em conciliar o teletrabalho com a vida familiar, em especial, para as mulheres com filhos em idade escolar, sendo delas a responsabilidade pelo trabalho doméstico.

Luciana mostrou os riscos do teletrabalho dentro das exigências da empresa, como a Petrobrás, por produtividade, metas e resultados que a longo prazo trazem complicações sérias na saúde dos trabalhadores. Por isso, reiterou que o teletrabalho seja amplamente “discutido com os trabalhadores e trabalhadoras devido à forma como está sendo colocado, considerando as reais condições de trabalho e a sua relação com a saúde. Essa modalidade precisa ser desenvolvida em condições materiais e organizacionais adequadas de modo que assegure boas condições de saúde para os trabalhadores e trabalhadoras”, concluiu a pesquisadora.

FNP discute teletrabalho com a Petrobrás

Na primeira reunião do Grupo de Trabalho sobre home office, na quinta-feira (12/11), entre a FNP e Petrobrás, foi apresentado o relatório final da pesquisa. A proposta da Federação é manter diálogo permanente sobre trabalho remoto, inclusive até depois do fim do isolamento social. Na reunião, foi cobrado o custeio das despesas atreladas ao teletrabalho e o regramento desta modalidade de trabalho.

A Federação, ainda, questionou a Petrobrás em temas sobre remuneração e adicionais dos trabalhadores de áreas operacionais em teletrabalho, capacitação, saúde e segurança no teletrabalho, carga horária de trabalho (entregas e condições de trabalho), dentre outras questões.

Em relação à manutenção do trabalho presencial durante a pandemia, a Petrobrás disse que está sendo discutido no grupo de Estrutura Organizacional de Resposta (EOR). A FNP esclareceu que como a pandemia continua e ainda não tem vacina, o ideal seria manter o teletrabalho, além do período regrado pela empresa. Solicitou ainda a empresa olhar com cuidado e responsabilidade os empregados que estão no grupo de risco e que para eles seja mantido o teletrabalho até depois de acabar o isolamento socia.

Veja aqui o relatório do resultado da pesquisa

Veja aqui o material sobre impactos do teletrabalho na saúde mental

Assista a Live da FNP agora

 


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