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Apesar do lucro recorde de 106 bilhões de reais da Petrobrás em 2021, a população brasileira está sendo penalizada a pagar gás de cozinha, gasolina e diesel, ninguém aguenta mais tantos aumentos. Especialistas afirmam que esse não é o verdadeiro objetivo da Petrobrás.

Enquanto a economia brasileira segue de mal a pior, com a população tendo dificuldade para comprar produtos básicos e essenciais, sem contar as altas provocadas pela inflação, as empresas estatais seguem batendo recordes de lucros. Em 2021, a Petrobrás lucrou R$ 106 bilhões, 1.400% a mais do que em 2020, sendo o maior lucro da história da Companhia.

O resultado veio da alta do petróleo no mercado internacional e pelo repasse desses aumentos no preço dos combustíveis vendidos no Brasil, em consequência do PPI. O famoso Preço de Paridade Internacional (PPI), foi criado em outubro de 2016, na gestão do economista Pedro Parente, logo depois do golpe do impeachment contra a ex-presidenta Dilma Rousseff.

Desde então, a estatal atrelou o preço da gasolina ao custo do barril em dólar americano, favorecendo o mercado internacional e os acionistas da empresa, enquanto o real brasileiro continua desvalorizado no atual governo. Isso não afeta somente os consumidores, prejudica a cadeia econômica, envolvendo: frete, preço dos alimentos, o custo do gás de cozinha etc.

Os acionistas, que são investidores privados, ganham muito dinheiro em lucros e dividendos da estatal em detrimento do sofrimento de grande parte da população, que é de baixa renda. O PPI também atende aos interesses de 392 empresas importadoras de petróleo, que não conseguiriam competir no mercado interno caso a Petrobrás considerasse os custos em reais na hora de estabelecer os preços dos combustíveis. Desde a adoção dessa atual política de preços, a gasolina já subiu 82,4%. O diesel, 93,2%, e o gás de cozinha, 85%.

Só em 2021, essa ação perversa na economia brasileira elevou o preço da gasolina em 46% e contribuiu para que a inflação fechasse o ano passado em mais de 10%, algo que não ocorria desde 2015. Tudo isso citado e explicado até aqui levou a uma matéria especial sobre esses grandes lucros em detrimento do sofrimento do povo, feito pelo portal Brasil de Fato, que levantou uma questão: vale a pena ter uma estatal tão lucrativa e, ao mesmo tempo, pagar uma gasolina tão cara?

Obviamente que a resposta é não e isso foi respondido por economistas especialistas no tema. “O lucro está aumentando em cima da população. Quando falamos de combustível, não estamos falando só de uma pessoa que tem uma Land Rover. Estamos falando de trabalhadores que estarão impossibilitados de exercer suas funções, como motoristas de aplicativos, e de uma série de outros efeitos indiretos”, afirmou Eric Gil Dantas, do Observatório Social da Petrobras (OSP).

“Uma empresa estatal tem uma dupla natureza. Como empresa, ela deve gerar lucro, mas também tem que participar do processo de soberania nacional. No caso da Petrobrás, há um desequilíbrio entre esses dois pratos da balança”, destaca William Nozaki, professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp).

Outras companhias estatais, além da Petrobrás também tiveram lucros recordes e estão dentro do pacote de empresas governamentais que o desgoverno Bolsonaro, encabeçado por Paulo Guedes, quer privatizar. Tudo em nome do liberalismo, mas colocando o povo cada vez mais na sarjeta, voltando aquela época da fome, miséria, baixo poder aquisitivo e com mais poder dos ricos no Brasil. São elas: Eletrobras, Correios, Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES.

A Petrobrás deveria cumprir sua função social ao estado

O conflito entre Rússia e Ucrânia é um exemplo das consequências negativas desse projeto de desinvestimento da Petrobrás que vem acontecendo nos últimos anos e acelerado por Bolsonaro. O preço do petróleo está em alta constante, que resulta em novos reajustes dos combustíveis no Brasil. Desde 2016, a estatal reduziu investimentos em refinarias e vendeu plantas de produção de combustível.

Aqui na Bahia, a Refinaria Landulpho Alves (RLAM) foi vendida em 2021 ao fundo soberano árabe Mubadala, trocando o nome para Refinaria Mataripe e sendo administrada pela Acelen. O resultado disso são as constantes altas dos combustíveis em território baiano, sendo considerada a mais cara do Brasil pela ANP – Agência Nacional de Petróleo e com cinco reajustes em três meses de 2022, tendo preços maiores que as praticadas pela própria Petrobrás.

Isso aumentou a dependência do país em relação à importação de gasolina e diesel, o deixando mais vulnerável. O custo dessa vulnerabilidade ficou evidente com a guerra e a disparada do petróleo. Mas, em 2008, na crise econômica mundial, o barril de petróleo tipo Brent chegou ao preço recorde de US$ 147,50. Porém, a gasolina não foi reajustada, e continuou custando R$ 2,50 o litro.

Para os especialistas citados na matéria, a Petrobrás deveria cumprir uma função social. No caso específico dela, a companhia precisa trabalhar para que brasileiros tenham garantido o abastecimento de derivados de petróleo em momentos de crise, como esse que temos vivido nos últimos anos.

Confira na íntegra, a entrevista feita pelo Brasil de Fato com David Deccache, assessor econômico da bancada do Psol na Câmara dos Deputados e professor voluntário de Economia na UnB – https://www.brasildefato.com.br/2022/03/12/petrobras-deveria-assumir-papel-de-estabilizar-precos-no-brasil-diz-economista

Brasileiros querem os preços dos combustíveis congelados

Essa política perversa do desgoverno Bolsonaro tem impactado negativamente na economia e na vida dos brasileiros. Uma pesquisa da Quaest – Instituto mineiro de pesquisa e consultoria, indica que 52% das pessoas querem o congelamento dos valores nos preços dos combustíveis no país. Recentemente, alguns estados e o governo federal tem congelado o ICMS sobre os combustíveis para “frear” as altas nos produtos energéticos.

Esse levantamento mostrou grande rejeição da população brasileira com as medidas adotadas por Bolsonaro, Guedes e cia. Quase 30% dos brasileiros avaliam a medida como “errada” e 2% não acreditam que a iniciativa tenha impactos nos preços. Outros 16% não souberam ou não quiseram responder.

 


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