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Durante a AGO – Assembleia Geral Ordinária, que aconteceu na quarta-feira (13/04) e definiu o nome de José Mauro Coelho como presidente da Petrobrás, a companhia atingiu uma marca importante. A estatal voltou a ser a empresa com maior valor de mercado da bolsa, atingindo o valor de R$ 462 bilhões, superando em R$ 10 bilhões a mineradora Vale (antiga estatal Vale do Rio Doce), avaliada em R$ 452 bilhões (2º lugar).

Confira lista com as 10 maiores empresas do Brasil:

  1.         Petrobras – R$ 462 bilhões;
  2.         Vale – R$ 452 bilhões;
  3.         Ambev – R$ 237 bilhões;
  4.         Itaú Unibanco – R$ 237 bilhões;
  5.         Bradesco – R$ 188 bilhões;
  6.         Weg – R$ 136 bilhões;
  7.         Santander – R$ 131 bilhões;
  8.         BTG – R$ 129 bilhões;
  9.         Banco do Brasil – R$ 100 bilhões;
  10.         Telefônica Brasil – R$ 89 bilhões.

Segundo o portal Valor Investe, desde que começaram os ruídos que culminaram com a demissão de Joaquim Silva e Luna da presidência da Petrobras, os papéis chegaram a cair 18%.

Apesar da instabilidade no comando da Petrobrás, sendo três presidentes diferentes em três anos de Bolsonaro, a ação da empresa ainda sobe 22% no ano, comparada à alta de 11% do Ibovespa, puxada pela alta dos preços do petróleo, que voltaram a subir na quarta (13/04). São R$ 84 bilhões de valor de mercado adicionados desde o início de 2022.

O novo presidente, José Mauro Coelho, dará continuidade ao processo de privatização da empresa e ao PPI – Preço de Paridade de Importação, assim, seguindo a política de dolarização dos combustíveis.

Não diferente dos últimos nomes indicados por Bolsonaro e aqueles que passaram pela presidência da Petrobrás, Coelho defende o PPI. Assim, como defendia o Adriano Pires e o próprio Bolsonaro, José acredita que a redução ou congelamento do imposto ICMS sobre os combustíveis baratearia os preços. Só que essa não é a medida mais inteligente, pois reduz o poder de arrecadação e, consequentemente, de investimento dos estados em educação, saúde, moradia e políticas públicas.

Há uma contradição nesse crescimento da Petrobrás na bolsa de valores, uma vez que isso deveria caminhar lado a lado com o crescimento do Brasil, algo que não acontece. A companhia vendeu ativos importantes e reduziu os investimentos. Leia mais

Balanço do desmonte da Petrobrás com Bolsonaro

No discurso de posse, ao lado do ministro Bento Albuquerque, o presidente José Mauro Coelho disse que a queda no endividamento da Petrobrás permitiu “ampliar investimentos para US$ 8,8 bilhões em 2021”.  O executivo disse que isso se deu graças ao modelo de gestão da empresa implantado em 2017 e mantido no governo Bolsonaro.

Para os petroleiros, Coelho não expressa a verdade, pois levantamento feito pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostra que a curva de investimentos começou a baixar a partir de 2013. Em 2020, na gestão Bolsonaro, atingiu apenas US$ 8 bilhões, o menor patamar desde 2004, o que se manteve também em 2021.

Além disso, segundo estudo do Dieese, em março de 2022, foram vendidos 62 ativos da Petrobrás no governo Bolsonaro. Todas essas vendam somam o valor de US$ 33,9 bilhões, envolvendo diversas frentes da empresa, entre campos de petróleo; distribuição e transporte de gás; refinarias; termelétricas; eólicas etc.

Entre janeiro de 2019 e fevereiro deste ano, foram feitos 74 anúncios de venda, sendo o maior índice já registrado nos últimos dez anos (média dois ativos anunciados por mês).

Há ainda 34 ativos da Petrobrás à venda, como: campos de petróleo em terra e mar; participações em empresas petroquímicas; subsidiária em biocombustíveis (PBio); refinarias, entre outros. A pesquisa do Dieese mostra que a Petrobrás chega em 2022 tendo concluído a venda de 93 ativos, sendo 79 no Brasil e 14 no exterior, arrecadando US$ 59,8 bilhões.

Um dos exemplos dessa situação foi a venda da antiga Refinaria Landulpho Alves (RLAM), comprada pela Acelen, do fundo soberano árabe e grupo Mubadala, adotando o novo nome de Refinaria Mataripe.

Só em quatro meses de 2022 foram seis reajustes aplicados nos preços dos combustíveis, gerando um grande monopólio regional e fazendo com que a nossa gasolina seja a mais cara do Brasil, de acordo com as pesquisas da ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.

Essa venda da RLAM foi o tiro de misericórdia para a retirada forçada da Petrobrás na Bahia, que já havia perdido o Torre Pituba, onde funcionava o administrativo da companhia em nosso estado. Hoje, a categoria luta para que os trabalhadores não sejam remanejados a força para outros estados e abandonem suas famílias, como Rio de Janeiro.

Guilherme Estrela quer ver a Petrobrás voltar a crescer como deveria

O geólogo Guilherme Estrella, que ocupou a diretoria de Exploração e Produção da Petrobrás, reconhecido como principal responsável pela descoberta das reservas do pré-sal e ativista político, discursou na primeira mesa do 18º Congresso dos Petroleiros e Petroleiras do Norte Fluminense (Congrenf).

Em seu momento de fala, Estrella relembrou toda história de crescimento, luta e glória da Petrobrás:

“Foi com Getúlio Vargas na década de 30 que o país descobriu o primeiro campo de petróleo em Candeias (que produz até hoje), e aí o petróleo passou a ser um componente energético da economia e para protegê-lo foi criado o movimento de massa em defesa da soberania. O petróleo é nosso. Depois com a descoberta da Bacia de Campos chegamos à autossuficiência em 2006 e em seguida a descoberta do pré-sal que chamou atenção do mundo todo” – contou.

Conhecido como o “pai do pré-sal”, Estrella acredita ser possível desfazer tudo o que foi feito nessa destruição da Petrobrás, com um grande plebiscito revogatório. Assim, reconstruindo a companhia, fazendo com que a estatal volte a ser um pilar de desenvolvimento do Brasil.


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