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MAIS MODERNA E LIMPA

De olho na legislação ambiental e em ganhos econômicos, a modernização da Repar adcionou 19 unidades à planta

Felipe Areia

Perto de concluir seu projeto de modernização, iniciado em 2005, a Refinaria Presidente Getulho Vargas (Repar), no Paraná, está em contagem regressiva para a partida da unidade de coque. A estrutura será a última a ser entregue do pacote de 19 novos empreendimentos instalados na planta de refino, num investimento total de 10 bilhões.

O principal objetivo das obras foi adaptar a refinaria à regulamentação ambiental, sobretudo em relação às emissões de poluentes provenientes da queima de derivados. Para obter mais pureza no óleo diesel, por exemplo, foi instalada uma unidade de hidrotratamento com capacidade de processar até 6 mil m³ diários do combustivel.

“Entramos com novo HDT de diesel de alta severidade. São cinco reatores em série gerando uma pressão altissima”, conta João Adolfo Oderich, que comandou a Repar durante os sete anos de modernização. A partida da unidade, no fim do ano passado, associada à outra unidade de geração de hidrogênio com 1,6 mil kNm³/dia, capacita a refinaria a colocar no mercado diesel dentro das atuais especificações de nivel de enxofre (s50 e s10).

Também a carteira de gasolina – que deverá ter concentração de até 50 ppm de enxofre a partir de 2014 – recebeu outras três unidade de tratamento para aprimorar as características do produto. Foram adicionadas uma unidade de hidrodessulfurização (HDS) com capacidade de tratar 5 mil m³ de gasolina por dia; uma de hidrotratamento de nafta de coque (3 mil m³/d); e outra de reforma catalítica (1.000 m³/d).

A modernização ainda incluiu adequações dos processos a fim de reduzir a demanda elétrica da refinaria, assim como a adução de água, a partir do reúso do recurso natural. “Utilizamos 1.000m³/h de água. Se trabalhássemos no padrão antigo, iríamos praticamente dobrar o consumo”, afirma Oderich. Com a instalação de um sistema de reúso de ciclo fechado, garantido por uma nova unidade de tratamento de despejo industrial, será possível economizar 400 m³/h de água.

A preocupação ambiental também está presente na partida das unidades de recuperação de enxofre e de tratamento de gás de refinaria (tail gas). Os empreeendimentos, parte da carteira de diesel, contribuem, principalmente, para a redução das emissões da planta de óxidos nitrogenados e de enxofre.

Principais unidades do processo de modernização da Repar

Unidade de Coqueamento Retardado – 5 mil m³/dia

Unidade de Hidrojateamento de Instáveis – 6 mil m³/dia

Unidade de Geração de Hidrogênio – 1.600 kNm³/dia

Unidade  de Hidrojateamento de Nafta Craqueada – 5 mil m³/dia

Unidade de Hidrojateamento de Nafta de Coque – 3 mil m³/dia

Unidade de Reforma Catalítica – 1.000 m³/dia

Unidade de Propeno – 490 t/d

Modernização da Repar

Duração – 2005 a 2012

Investimento -R$ 10 bilhões

Novas unidades – 19

Tancagem total – 1,6 milhão de m³

Capacidade de processamento – 207,6 mil barris/dia

Origem de óleo refinado – 70% nacional de Marlim, Albacora e Caratinga e 30% importado de Angola

Destino dos derivados – Paraná, grande parte de Santa Catarina, sul de São Paulo e de Mato Grosso do Sul

Produção dos derivados em 2011 (barris)

Total: 73,8 milhões

Diesel: 31,97 milhões (43,3%)

Gasolina: 18,25 milhões (24,7%)

Óleo combustível: 8,27 milhões (11,2%)

GLP: 7 milhões (9,47%)

Asfalto: 2,52 milhões (3,41%)

QAV: 1,64 milhão (2,22%)

Nafta: 627,3 mil (0,85%)

Solvente: 130 mil (0,18%)

Óleo 100% brasileiro

A unidade de coque da Repar cuja partida está marcada para junho capacitará a planta a processar óleo 100% nacional. Atualmernte, a participação de petróleo proveniente de campos brasileiros gira em torno de 70% do total processado.

Poder utilizar apenas óleo nacional reduz a dependência da Repar de óleo importado e minimiza sua exposição à  volatilidade dos preços do mercado internacional. Isso pode representar maior previsibilidade e aumento do resultado financeiro da planta.

A partida do coque,  com capacidade de processar 5 mil m³/dia, também garante importante ganho econômico com a melhoria do perfil de derivados. A unidade será capaz de rentabilizar o óleo combustível – derivado de menor valor agregado -, transformando parte do produto em coque e corrente de gasóleo. Essa parte líquida poderá ser posteriormente reprocessada e convertida em gasolina de óleo diesel.

O coque também resolve um gargalo na Repar imposto pela destilação a vácuo. Por ter capacidade menor do que a geração de resíduo da destilação atmosférica, o processamento de óleo da refinaria é cerca de 13 mil barris/dia menor do que poderia ser. Agora, porém, parte do excedente do resíduo atmosférico vai virar carga para o coque.

Contabilizados o aumento da capacidade processamento – de 194,9 mil b/d para 207,6 mil b/d – e a conservação do óleo combustível, a expectativa é obter um aumento de 8% a 10% na produção de gasolina e diesel. A previsão tem como base a produção em 2011, que ficou em 31,97 milhões de barris de diesel (média de 87 mil b/d) e 18,25 mihões de barris de gasolina (média de 50 mil b/d).

Fonte: Revista Brasil Energia, ano 31 – maio 2012 – n°378 – www.brasilenergia.com.br


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