Compartilhe

 

O presidente Lula sugeriu, na última quinta-feira (04), que pode tornar o 2 de julho uma outra data oficial da independência do Brasil, além da do 7 de setembro. A declaração foi dada em Campinas durante um evento.

Caso a proposta seja concretizada, o 2 de julho, que é feriado estadual na Bahia, passará a ser considerada como data oficial da independência do Brasil, junto com o 7 de setembro. Lula esteve em Salvador, no Largo da Soledade, participando do circuito das comemorações e autoridades locais. O presidente foi ovacionado pelo povo baiano por onde passou.

No discurso Lula disse “nós tivemos a verdadeira independência do Brasil, que foi o resultado final da expulsão dos últimos portugueses, que foi o 2 de Julho em Salvador, na Bahia”.

O presidente também reconheceu a participação das mulheres baianas na independência do país. “Ali, houve luta e houve mulheres heroínas, muitas mulheres que lutaram para garantir a independência. Eu agora vou tentar transformar os dois dias em ato oficial da Independência”, referindo-se ao 7 de setembro e o 2 de julho

Motivo de orgulho para o povo baiano, dada a importância do marco, o dia 02 de julho, celebrado no estado como “a Independência do Brasil na Bahia”, se dá porque na mesma data, em 1823, 10 meses após a Independência oficial, em 7 de setembro, as últimas tropas portuguesas se retiraram do território brasileiro após baianos e baianas lutarem pela liberdade do Brasil em relação a Portugal.

Após a consagração dos baianos sobre as tropas portuguesas, 17 meses após o início do embate, a data entrou para o calendário de festividades e para o imaginário do povo baiano, que tem a data até hoje como um marco na história da Bahia e do Brasil. Essa consagração criou também grandes heróis e heroínas como João das Botas e Joana Angélica. Que hoje são homenageados com nomes em ruas e avenidas importantes  de todo o estado.

Outra figura que permeia o imaginário e que também é motivo de orgulho para o povo baiano é  Maria Quitéria, heroína que precisava vestir-se de homem para poder lutar no exército pela independência do país. Em 28 de junho de 1996, por decreto do presidente à época, foi reconhecida como Patrono do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro.

Diante de todos esses acontecimentos históricos e de extrema importância na luta pela independência contra os portugueses, ainda há dúvidas sobre a data ganhar reconhecimento nacional nos últimos anos.

Para o historiador e professor do Instituto Federal da Bahia, Alex de Souza Ivo, a data do 2 de Julho é o reconhecimento da própria história nacional. “A história do Brasil foi contada pensando apenas nos centros de maior desenvolvimento econômico no último século, quando na verdade a gente tem que pensar a história do Brasil para além de uma espécie de ‘sudestecentrismo’

Ivo pontua as diferenças da história de luta pela independência aqui na Bahia e em outros estados e o papel do povo e figuras emblemáticas dessa luta. “A diferença da Bahia para outras realidades do Brasil, exemplo de São Paulo, falando especificamente da independência, é a participação de elementos populares. O Caboclo e a Cabocla, estamos celebrando a participação de personagens indígenas. Quando a gente fala da participação negra nesses eventos, a gente está dando evidência e dando relevância a personagens históricos que uma historiografia mais tradicional desprezou, negou, não deu o seu devido espaço, não deu o seu devido reconhecimento”, complementa ele.

A AEPET-BA apoia a iniciativa do governo federal de reconhecimento do 2 de julho como uma das datas importantes pela verdadeira libertação do jugo português. E o mais importante, é legitimar a participação do povo baiano na luta pela independência do Brasil.

 


Compartilhe