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3 de outubro é uma data histórica para o povo brasileiro. Em 1954 nascia a Petrobrás, completando este ano 69 anos. Uma longa trajetória histórica marcada pela luta, resistência e avanços. No meio disso tudo, os trabalhadores petroleiros que resistem bravamente contra os ataques da atual gestão bolsonarista.

Bolsonaro ameaça privatizar a empresa e se isso acontecer o Brasil vai perder uma empresa estratégica para o futuro do país. A gestão da empresa colocou à venda as refinarias, destruindo o parque de refino. A primeira a ser vendida foi a RLAM, na Bahia, ao fundo dos Emirados Árabes Mubadala pela metade do preço, US$ 1,6 bilhão. Também foram vendidas a refinaria Lubnor (Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste), no Ceará; Reman (Refinaria Isaac Sabbá), no Amazonas; a SIX (Unidade de Industrialização de Xisto), no Paraná.

Outras estão em processo de venda: Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais; Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco; Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná; Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul.

Também já foram vendidas as maiores empresas do país como BR Distribuidora, Liquigás, Gaspetro, NTS, TAG. E outros ativos valiosos: campos de petróleo e gás, termelétricas, unidades de processamento de gás e Fábricas de Fertilizantes.  Até agora, o governo arrecadou quase 40 bilhões de reais com a venda dos ativos da empresa.

Pela primeira vez na sua história, a empresa se tornou a maior pagadora de dividendos aos acionistas, grande parte, investidores estrangeiros. No segundo trimestre deste ano distribuiu R$ 87,8 bilhões aos acionistas. No mesmo período, registrou lucro líquido de R$ 54,3 bilhões.

A política de preços implementada desde o governo Temer, mas seguida à risca por Bolsonaro faz com que os brasileiros paguem a gasolina, o diesel e o gás de cozinha mais caros da história do país.

Isso quer dizer que a Petrobrás, criada em 03 de outubro de 1953 com os objetivos estratégicos de garantir abastecimento nacional a preços acessíveis e fomentar o desenvolvimento econômico do país, virou uma empresa financeirizada. O fundo do pré-sal que seria destinado para a educação, saúde e segurança pública também foi desviado de sua finalidade.

“Tanto a Petrobrás quanto a imensa reserva de petróleo do pré-sal e dos campos terrestres e marítimos estão sob a mira de interesses estrangeiros e dos grupos econômicos sob seu controle”, denuncia um manifesto divulgado pela ABI e AEPET

São as piores consequências da política de Bolsonaro para a Petrobrás: privatizações, destruição do parque de refino, desemprego, saída das regiões do Norte/Nordeste, encolhimento de sua atuação, queda drástica dos investimentos e criação de monopólios privados regionais no setor.

A empresa pública 100% estatal, integrada na cadeia produtiva do poço ao posto que os petroleiros ajudaram a construir está sendo destruída, fatiada, vendida aos pedaços, sendo entregue às multinacionais.

Destruição na Bahia

A Bahia ocupou o protagonismo na história do petróleo no Brasil. Contra todas as previsões dos entreguistas e do cartel das multinacionais que dominavam o setor, no dia 21 de janeiro de 1939, jorrou o “ouro negro”, no bairro de Lobato, subúrbio ferroviário de Salvador.

Esse foi o ponto inicial, no longo trajeto da autossuficiência. Em 1941, foi descoberto o poço Candeias 1, o primeiro campo comercial. Novas descobertas do petróleo e gás se sucederam no Recôncavo Baiano.

No dia 17 de setembro de 1950 foi dada a partida da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), em São Francisco do Conde, em uma solenidade que contou com a presença do então presidente da República, Eurico Gaspar Dutra.

Em abril de 1948, foi lançada a campanha “O Petróleo é nosso”, uma importante frente de resistência contra os entreguistas e de pressão sobre o governo e parlamentares. Em dezembro de 1951, Getúlio Vargas enviou ao Congresso um projeto de lei para a criação da empresa nacional de petróleo. A lei levou dois anos para ser aprovada e foi sancionada pelo presidente em 03 outubro de 1953. Nascia a Petróleo Brasileiro S.A.

A maior empresa brasileira nasceu das lutas populares para que o país pudesse ser uma nação desenvolvida e livre da dependência estrangeira. Com a dedicação dos seus trabalhadores, a Petrobrás se tornou a maior empresa da América Latina. Construiu o maior parque de refino da América Latina, desenvolveu a indústria nacional, tornou o Brasil autossuficiente e descobriu o Pré-Sal, que contém as maiores reservas de petróleo da atualidade.

Com tantas conquistas em um setor tão estratégico para o mundo, a Petrobrás tornou-se alvo de muitos interesses. Mas nunca antes em sua história, a empresa esteve sob risco de completa desintegração, como está agora.

A Bahia era o único estado que tinha toda a cadeia integrada de produção de petróleo e gás do poço ao posto, mas Bolsonaro entregou os ativos às multinacionais. Agora, os baianos pagam os combustíveis e o gás mais caros do país, devido ao monopólio regional que se formou depois da venda da RLAM para o grupo dos Emirados Árabes.

O ex-diretor de Produção e Exploração, Guilherme Estrella, que defende a reestatização da Petrobrás, mandou recado aos petroleiros baianos: “Foi na Bahia que jorrou petróleo pela primeira vez e começou a ser gestada a Petrobrás. A recriação da Petrobrás vai começar também na Bahia com a recuperação da nossa primeira refinaria. A RLAM é muito mais que a Refinaria Landulfo Alves Mataripe, é a materialidade simbólica da essência nacionalista da Petrobrás e da nossa soberania como Nação e povo!”, manifestou Estrella.

Por isso, a AEPET-BA reforça também que é com luta que a Petrobrás será reconstruída e recuperada a RLAM. Este é o nosso compromisso nos 69 anos da Petrobrás!


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