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Depois de adotar o home office como prática permanente de atendimento e mudar de sede, a Petros, fundo de pensão dos empregados da Petrobrás, colocou à venda 56 imóveis entre salas comerciais e lojas, inclusive uma participação em imóvel dentro de um shopping.

Segundo a Petros, o leilão faz parte do plano de desinvestimento em imóveis para focar em ativos que proporcionem melhor rentabilidade para o patrimônio dos planos. Entretanto, algumas medidas da Fundação prejudicam participantes e assistidos, como por exemplo, quando decidiu descontinuar o atendimento presencial no Posto Salvador. O atendimento está sendo por meio dos canais digitais, onde milhares de aposentados e pensionistas têm dificuldades de acesso.

O leilão da Petros acontecerá, no dia 30 de outubro, e estão sendo disponibilizadas salas comerciais e lojas de centros empresariais localizados no Rio de Janeiro e em Brasília, São Paulo e Belo Horizonte. O leilão poderá render cerca de R$ 80 milhões se saírem pelo lance mínimo.

Entidades que representam empregados e aposentados, como a AEPET-BA, criticam o leilão já que este não é o melhor momento para se desfazer de parte do patrimônio em imóveis da Petros, diante do cenário ainda desafiador em que se encontra o mercado imobiliário com a crise provocada pela pandemia do coronavírus.

A Petros apresentou superávit nos PPSP, fechando 2019 com R$ 4,99 bilhões. O presidente da Petros, Bruno Dias, explicou que com isso as contribuições extraordinárias cobradas dos 57 mil participantes para cobrir o déficit do fundo que chega hoje a R$ 33 bilhões poderão ser reduzidos progressivamente.

Então se a fórmula está dando certo, não há necessidade de se desfazer do patrimônio. De acordo com o economista Luiz Calado, autor do livro Imóveis, da editora Saraiva, o fato de o desemprego estar em alta – são 13 milhões de desempregados, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – faz com que os valores dos imóveis continuem depreciados, diferente do ápice em que se encontravam há alguns anos.

Para Calado, o prolongamento da quarentena e da crise econômica do Brasil deve acarretar numa baixa ainda acentuada dos preços médios praticados pelo setor imobiliário nos próximos meses. Isto porque, mesmo que as atividades da construção civil tenham diminuído, ainda há ampla oferta de imóveis disponíveis nas grandes cidades.

Venda da sede em 2018

Outro leilão realizado pela Petros, em 2018, gerou críticas entre os participantes e obrigou à direção do fundo de pensão a justificar o negócio. Naquele período, segundo a Petros, o objetivo do Plano de Desinvestimentos de imóveis era ter mais liquidez para aplicar em investimentos com melhor rentabilidade ajustada ao risco, visto que a carteira de imóveis, em função da conjuntura, vinha apresentando desempenho abaixo do esperado, sendo a única carteira do PPSP que apresentou rentabilidade negativa (-2,78%). A decisão de vender o edifício-sede da Petros tinha como objetivo corrigir essa situação.

O Edifício Petros integra a lista de ativos imobiliários para desinvestimento da Petros e atualmente está alocado no PGA (Plano de Gestão Administrativa).

Naquele ano, a Fundação não recebeu proposta de compra para todos os imóveis à venda, incluindo o edifício-sede. Com a venda dos imóveis a Petros arrecadou R$ 25,4 milhões em propostas. Mas, segundo os jornais da época, a expectativa era arrecadar pelo menos R$ 111,5 milhões com a venda dos imóveis de sua carteira.

É necessário que a Petros trate o assunto com maior transparência e o presidente da Petros, Bruno Dias, divulgue os imóveis que fazem parte do patrimônio. A alienação dos imóveis não pode dar prejuízo, pois depois participantes e assistidos são convocados para cobrir os rombos em consequência da péssima gestão. Este não é o melhor momento para o leilão, foi precipitação da Petros.

As más aplicações antigas da Petros, que resultaram nos déficits que os participantes estão pagando por meio dos equacionamentos e reajustes da contribuição ordinária devem servir de alerta para os gestores da Petros em não continuarem dando passos em falso.


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