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“O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os próprios oprimidos”

Simone de Beauvoir

 

As indicações de alguns nomes para ocupar as gerências da Petrobrás feitas pelo novo presidente, Jean Paul Prates, têm sido bastante incômodas para a força de trabalho, como foi o caso do diretor de Abastecimento. Outras têm causado polêmicas e debates na categoria. Existem fortes rumores sobre a indicação do administrador Felipe Freitas para ocupar a gerência de Recursos Humanos.

Enquanto setores defendem Freitas, trabalhadores petroleiros criticam a indicação. Felipe ingressou na Petrobras em 2005 na Unidade de Exploração e Produção da Bahia.

Felipe Freitas era apenas substituto do gerente setorial de suprimentos da UO-BA, conforme afirmam os trabalhadores. Ele ascendeu na carreira gerencial durante o governo golpista de Michel Temer, período do lavajatismo e momento dramático da categoria em que os novos gestores taxavam de incompetentes e corruptos os empregados e adotavam posições claramente antipetistas.  Muitos apontam uma possível proximidade ideológica com o ex-presidente Jair Bolsonaro e com o ex-ministro da economia Paulo Guedes e a amizade com o ex-gerente Cláudio da Costa Oliveira. Esse último foi o gerente executivo de RH que durante a pandemia da Covid-19 acabou com um dos planos de saúde mais antigos do Brasil, a AMS, transformada em Saúde Petrobrás.

 

Já na gerência geral do Compartilhado, gestão em que ele era parte importante, eram muitas as acusações de assédio moral contra os empregados, perseguição a ex-gestores do PT e proibição de acesso aos dirigentes sindicais ao Conjunto Pituba, em Salvador.

Freitas é administrador, formado pela UNEB e fez mestrado Mestrado em Supply Chain. Atualmente trabalha na Tesla, do bilionário empresário Elon Musk, conhecido por defender as políticas de ultradireita e ultraliberais e que, em nome da defesa da liberdade de expressão, abraça e propaga fake news. Devido essa trajetória, não é a pessoa mais indicada para ocupar o cargo de gestor de RH na empresa.

Em 2020 quando Cláudio Costa comandava o ataque à AMS, Freitas era o Gerente Geral do plano de saúde dos petroleiros e, por razões desconhecidas, acabou se afastando quando deveria ter ficado na empresa para ajudar a defender a Petrobrás e os seus empregados. Foi quando ele pediu licença sem vencimentos para estudar nos Estados Unidos e foi trabalhar na Tesla. Por conta disso, uma parte dos trabalhadores é contra a nomeação de pessoas com esse perfil na empresa, em especial depois do inferno que foi a gestão de terror implantada quando Cláudio Costa era o Gerente Executivo do RH. Foi na gestão de Costa também que diretoras do Sindipetro-RJ perderam suas consultorias técnicas em 2019, recuperando-as na justiça trabalhista.

 

Ao trazer Freitas para a Petrobrás, a direção escolhe o caminho de dar continuidade à administração neoliberal na empresa, em que a “meritocracia” é tratada como “ativo”, favorecendo os que podem ficar sem salário, para supostamente estudar, com capacidade e perfil de gestão de RH.

Difícil supor que entre os empregados não há nenhum outro que associe esforço, dedicação, formação e aptidão para gestão de pessoas com a coragem de defender a empresa e seus empregados quando tudo era mais difícil. A afinidade com um projeto de uma nova Petrobrás alinhada com a formação e competência deveriam contar mais que as mudanças de lado de última hora. Como se todos os que não puderam pedir licença sem vencimentos não tivessem méritos.

Favorecer a privilegiados em prejuízo dos petroleiros (as) que não quiseram fazer tal opção é preterir as pessoas que optaram por enfrentar os gerentes na tentativa de ficarem próximas de suas famílias durante o processo de destruição da Petrobrás, em especial no Nordeste o que incluía Bahia, de onde Freitas é oriundo. Ele fez parte, por muito tempo, da gestão que assediou e humilhou os trabalhadores durante o fechamento do Conjunto Pituba, devolveu o Ediba e o anexo III para a Petros. Hoje o Ediba e o Anexo I consomem recursos dos aposentados (as) para o pagamento de IPTU, água, energia, segurança, manutenção e limpeza com os prédios fechados que deveria ser de responsabilidade da Petrobrás.

 

A Petrobrás que a AEPET-BA defende e quer ver construída é feita por empregados comprometidos com a empresa. Não se trata de manifestar opinião pessoal contra este ou aquele gestor, mas não se pode premiar àqueles que tanto mal fizeram a empresa e se beneficiaram em um momento tenebroso da política nacional associando-se a golpistas, fascistas e privatistas para destruir a Petrobrás e atacar covardemente a força de trabalho.

 


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