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O incidente acontece após a renúncia do presidente da Eletrobrás, Wilson Ferreira Junior. Empresa foi privatizada por Bolsonaro em 2022.

Cidades dos 25 estados do Brasil e mais o Distrito Federal tiveram o fornecimento de energia elétrica interrompido na manhã desta terça-feira, 15 de agosto, por volta das oito horas da manhã. Apenas Roraima não foi atingido pelo apagão nacional, porque a energia do estado é fornecida pelas termelétricas locais, ficando de fora do Sistema Interligado Nacional, responsável pela distribuição de energia.

O Operador Nacional do Sistema (ONS) e o Ministério de Minas e Energia (MME) ainda não sabem a causa do incidente, mas informaram que a Polícia Federal e a Abin vão investigar o ocorrido.

O coordenador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), José Marengo, disse ao G1 que a causa do apagão deve ser operacional, pois não há um alerta pela seca, por exemplo, que pudesse impactar a produção e distribuição de energia.

“Apesar do baixo nível de chuva, não estamos em uma situação de seca extrema, principalmente na região Nordeste, que foi onde começou o apagão”, explicou.

Em nota, a ONS confirmou “uma ocorrência na rede de operação do Sistema Interligado Nacional interrompeu 16 mil MW de carga em estados do Norte e Nordeste do Brasil. Estados do Sudeste também foram afetados”.

Privatização da Eletrobrás e renúncia do presidente

A Eletrobrás foi privatizada em junho do ano passado pelo governo de Jair Bolsonaro, em meio a denúncias de prejuízos aos cofres públicos, pela venda abaixo do preço de mercado.

Seus trabalhadores e trabalhadoras vêm lutando contra os ataques da atual direção em seus direitos, além do desmonte de setores fundamentais para o bom funcionamento da empresa e do atendimento à população. O Coletivo Nacional dos Eletricitários (CNE) alertou diversas vezes sobre a possibilidade de um apagão nacional e, inclusive, enviou correspondência ao MME, a NOS e à Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

“Ainda não sabemos exatamente a causa, mas a falta de pessoal qualificado, após a dispensa de milhares de trabalhadores experientes, a não reposição da mão de obra, os problemas com falta de equipamentos adequados e com a visão da atual direção da Eletrobras em distribuir lucros aos acionistas em detrimento dos investimentos necessários são responsáveis pelo apagão”, diz Nailor Gato, diretor da CNE, que trabalha na Eletronorte.

A empresa passa por um momento de tensão com o governo. A privatização da empresa tem sido alvo de críticas pelo governo atual do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que chegou a mencionar a possibilidade de “reestatizar” a empresa.

Nesta segunda-feira, 14 de agosto, em nota endereço ao mercado, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, pediu renúncia. O comunicado não informa o motivo da saída. Ferreira estava no cargo desde setembro de 2022 e já havia presidido a empresa entre 2016 e 2021.


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