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A morte de um trabalhador petroleiro, no sábado (23/09), gerou forte comoção em todo o país. Segundo relato de familiares, ele morreu por volta das 17h40, em sua residência, em Macaé (RJ).

O Sindipetro-NF tem informações iniciais de que o trabalhador era de Fortaleza, trabalhava no Rio Grande do Norte e foi transferido compulsoriamente para a Bacia de Campos, lotado na base de Imboassica.

Trata-se de mais um nordestino vítima das transferências compulsórias da gestão anterior que tiveram a paz roubada durante os governos Temer e Bolsonaro. Uma situação que precisa ser resolvida de imediato. Para isso, o presidente Jean Paul Prates, junto com o RH, deve adotar medidas urgentes que acabe com as transferências e o sofrimento desses trabalhadores (as).

A AEPET-BA reconhece avanços da atual gestão, mas sem sombra de dúvida podemos afirmar que a política até então adotada pela atual gestão e pelo RH ainda contém resquícios da gestão passada tal a ineficiência, procrastinação, desinteresse, menosprezo pela vida humana e falta de transparência quando se trata dos transferidos (as). Achávamos que o “pesadelo” do RH havia acabado, mas parece que a administração nefasta de Claudio Costa ainda se mantem, mesmo no novo governo.

A promessa de que a Petrobrás não vai mais sair do Nordeste e a música ecoada durante a reinauguração do Torre Pituba, no dia 03 de julho, “Casa”, cujo refrão é “Que eu estou voltando pra casa”, revelaram-se ineficazes.

Gerentes têm oferecidos aos empregados (as) a possibilidade de voltarem para seus estados de origem, mas pagando todas as suas despesas de viagem de retorno com a família, sob a cínica afirmação que é por interesse do empregado.

Foram seis anos de sofrimento, mas com a eleição de Lula veio a esperança de reconstruir a Petrobrás, em particular no Norte-Nordeste, onde foi mais atacada. A esperança dos empregados (as) de retorno às suas cidades de origem, acabou virando um pesadelo, porque vão precisar desembolsar R$ 30 mil, em média, com os trâmites da mudança.

Para os empregados do administrativo a Petrobrás se recusa a pagar a passagem e o translado do empregado (a) e sua família e a mudança. Mas a perversidade vai além, pois para os empregados (as) do turno porque além de não pagar o retorno, na maioria dos casos, eles serão colocados no regime administrativo com perda salarial de mais de 50% e sem a indenização do turno.

Ao optar pelo retorno ao estado de origem, eles (elas) vão para a função administrativa, renunciando a mais de 50% da remuneração e sem possibilidades de indenização do turno. Essa indenização é a condição objetiva daquele empregado que depois de certo tempo, tendo uma estabilidade financeira, a empresa pelo seu interesse retira o turno, desemplanta o embarque e, portanto, o indeniza na razão do tanto quantos anos tenha dedicado aquele regime de trabalho. Além do mais, eles (elas) vão precisar se readaptar profissionalmente, saindo de uma função operacional para outra atividade administrativa.

É evidente que a mudança da política da empresa precisa reconhecer que os empregados, na sua maioria, estão em sofrimento e não é razoável subordinar seu retorno e enormes perdas financeira e salarial.

É absurdo, incorreto e injusto obrigar os empregados (as) a custearem o seu retorno, pois a grande maioria está endividado com os custos da moradia atual e muitos sustentando duas casas porque seus familiares não puderam viajar.

Está claro que a Petrobrás não quer enxergar o sofrimento a que foram submetidos esses empregados (as) transferidos (as) que também estão passando dificuldades financeiras para poder se manter longe das famílias.

A AEPET-BA, mais uma vez, encaminhou correspondência ao RH, enfatizando que tanto a transferência e o retorno do empregado (as) foram involuntários e não podem ser classificados apenas como “interesse do empregado”.

Para a entidade, a reconstrução da Petrobras, levando em consideração a retomada de ativos e novos investimentos nas regiões Norte/Nordeste devem ser responsabilidade da Petrobrás, pois essas regiões foram bastante penalizadas nos governos Temer e Bolsonaro. Além disso, se a nova gestão admite o cuidado com os empregados, como essencial, precisa resolver a situação dos trabalhadores (as) transferidos (as), oferecendo condições para que retornem aos estados de origem.

A AEPET-BA manifesta profundo pesar pela morte de mais um trabalhador petroleiro transferido compulsoriamente, que estava em condição de sofrimento. A falta de solução para o problema mostra uma gestão desrespeitosa, insensível a dor de quem se encontra longe da família, morando e trabalhando em outras localidades fora de seu estado de origem.

Manifestamos à família, amigos e colegas do companheiro nossas sinceras condolências.

Além de solicitar o fim das transferências, a AEPET-BA vai pedir ao RH uma política ativa de combate à depressão, de cuidado e escuta para que casos de saúde mental na força de trabalho da Petrobrás não continuem se agravando.

Saiba mais – Tentativa de suicídio de empregada da Petrobrás mostra agravamento da situação dos transferidos

 


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