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A Associação dos Engenheiros da Petrobrás, núcleo Bahia (AEPET-BA) realizou uma live comemorativa pelos 70 anos da Petrobrás, na terça-feira (03/10). Na transmissão, estavam presentes o presidente e a diretora de comunicação da entidade, Marcos André e Érika Grisi, e os convidados, o ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobrás, Guilherme Estrella, o ex-governador do Paraná, Roberto Requião, e o economista do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps) e do Observatório Social do Petróleo (OSP), Eric Gil Dantas.

Para marcar a data foi lançado um vídeo preparado pela equipe de Comunicação da entidade, lembrando a trajetória da Petrobrás; a campanha “O petróleo é nosso”; a importância da Bahia – berço da indústria do petróleo -; as mudanças de governo e seus impactos no desenvolvimento da empresa e as lutas reivindicatórias de petroleiros e petroleiras.

Neste ano, a entidade lembrou as consequências da política devastadora praticada pelas gestões passadas nos governos Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL). Além disso, foi feita uma homenagem dos petroleiros (as) aos colegas vítimas fatais em consequências das transferências compulsórias nos últimos anos. Foi mostrado símbolo dessa luta uma fita amarela e preta.

“É muito orgulho fazer parte dessa empresa, mas hoje estamos precisando reconstruir, inclusive o sentimento que temos pela companhia. Tudo que a gente passou nesses últimos anos, gerou e continua gerando um sofrimento muito grande. Por isso temos esse momento de dor e de pesar pelos que se foram. Precisamos de uma Petrobrás de 70 anos renovada”, explicou Érika Grisi.

 

O resgate da missão da Petrobrás pelo olhar de Guilherme Estrella

 

Em sua participação na live, o ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobrás falou sobre a importância da Bahia para o nascimento da estatal. Para Estrella, as comemorações desses 70 anos serão as mais importantes da existência da companhia por carregar duas dimensões essenciais: a primeira é o papel de lembrar a todos que a Petrobrás foi fundada por luta do povo brasileiro; a segunda é convocação para a sociedade ir às ruas para recuperar a estatal. “Hoje a Petrobrás não pertence ao povo brasileiro, foi vendida no país inteiro. Todo complexo industrial da Petrobrás foi destruído.”

Estrella destacou, principalmente, a necessidade de exigir que a Petrobrás volte a ser uma companhia estatal, pertencente ao povo brasileiro. Para o ex-diretor, o foco dessas comemorações tem que ser a reconstrução da estatal e resgatar a missão inicial de inovação, independência e soberania nacional.

“O tempo conta contra nós. Estamos enfrentando uma situação em que há um projeto de país desnacionalizado e subalterno aos grandes interesses financeiros transnacionais. Cada mês que passa, as coisas se consolidam. Se nós não agirmos rapidamente para recuperarmos o sistema industrial integrado da Petrobrás, essas coisas vão se naturalizar”, alertou Estrella.

 

Eric Gil e o destaque para os novos desafios

 

O economista apresentou dados que são claras consequências negativas das privatizações. Gil falou do fatiamento da Petrobrás e como o setor ficou frágil e caro, revelando novos desafios para a categoria petroleira e para toda a sociedade brasileira.

Com uma longa lista dos ativos privatizados, Gil frisou os impactos para os consumidores, em especial os baianos, que pagam altos preços nos combustíveis por conta da venda da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), e explicou que “para uma nova política de preço ocorra, primeiro a gente tem que buscar a reestatização das refinarias e voltar para a distribuição de combustíveis”.

Destacando que as medidas tomadas pelas gestões anteriores da companhia não foram para investimentos, e citando as distribuições de dividendos, o economista disse que “há espaços para cobrar menos [pelos combustíveis], há espaço para uma política de preços que exista realmente o abrasileiramento”. Para isso, é necessário buscar a recompra dos ativos, o retorno à distribuição e enxergar os absurdos dos dividendos distribuídos, enquanto a empresa carece de investimentos.

 

O olhar político de Requião sobre a reestatização da Petrobrás

 

Em sua contribuição, o ex-senador lembrou da criação da Petrobrás, da defesa da campanha “O Petróleo é Nosso” e como, já naquela época, havia a tentativa de usurpação a respeito da existência da estatal. Destacou o fim do monopólio, classificando o ato do governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) como a primeira agressão à Petrobrás.

Requião sugere que o foco atual seja na recompra da companhia e, para isso, “mobilizar a opinião pública para que o Lula assuma a posição que ele gostaria, pois ele está governando a frente da esperança. Nós precisamos de pressão popular. Não podemos admitir o que acontece na Bahia com os combustíveis mais caros”. O político cobrou que a população ganhe às ruas para pressionar o governo Lula a retomar os ativos vendidos.

Em meio à sua análise política, Requião reiterou ainda a importância dos empregados e empregadas da companhia: “É claro que a Petrobrás deve tudo aos funcionários, aos engenheiros. O respeito aos funcionários é devido e tem que ser honrado”. Para o ex-senador, não é só os cargos e salários que importam, e sim que a empresa esteja a serviço do desenvolvimento do povo brasileiro.

 

Reconstruir a Petrobrás é Reconstruir o Brasil

 

Durante o debate, o presidente da AEPET-BA falou sobre o momento peculiar nos 70 anos da Petrobrás. Marcos André explicou que o sentido de reconstruir a Petrobrás está em fazer mais, onde mais foi destruído, citando o atual cenário da Bahia, um dos estados mais atacados, com maior número de ativos vendidos.

“Reconhecer os 70 anos da Petrobrás é apontar no sentido de que é preciso, sim, retomar a RLAM para o povo brasileiro. É reconhecer, sim, que precisamos trazer investimentos em exploração. Alguém acha realmente razoável que tenhamos pré-sal até no Espírito Santo, em Sergipe, mas não tenhamos pré-sal na Bahia?”, questionou o presidente da entidade.

A fala se refere a retomada não só dos ativos, mas da importância do estado que foi berço da criação da Petrobrás e hoje sofre com os estragos das privatizações e com as vítimas fatais das transferências involuntárias.

Com mais de 400 visualizações, a live contou com a participação ativa dos espectadores e teve como principal objetivo a reconstrução da Petrobrás na Bahia com a retomada urgente da Refinaria Landulho Alves (RLAM), da Fafen-BA (arrendada), da Universidade Petrobrás e das operações financeiras e de todos os outros ativos que foram vendidos no programa de desinvestimentos.

Também foram reivindicados os investimentos na exploração em terra e mar e nas energias potencialmente renováveis, no estado.

Com a Petrobrás de volta à Bahia será possível ter combustíveis e gás de cozinha a preços justos, empregos de qualidade, mais impostos e royalties para melhor distribuição de renda, ações sociais e de incentivo à cultura e aos esportes.

#ReconstruiraPetrobráséRecosntruiroBrasil


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