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O tempo e dinheiro perdidos fundamentais para o futuro da Petrobrás e do Brasil

A Petrobrás inaugurou na sexta-feira (13/09) o Complexo de Energias Boaventura, uma unidade de processamento de gás natural (UPGN), a maior do país, com capacidade de processar 21 milhões de m³ de gás por dia, o início das operações comerciais está previsto para a primeira quinzena de outubro. Uma solenidade grandiosa para colocar em operação algo que foi pensando muito maior, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

Tudo começou em 2006, quando o projeto foi oficialmente lançado durante o primeiro mandato do governo Lula. Sob o nome de Comperj – Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, a ideia inicial era que o projeto pudesse processar 150 mil barris diários de petróleo pesado do campo de Marlim, com o objetivo de criar um grande polo petroquímico em Itaboraí e região. As obras começaram efetivamente em 2008, com a previsão inicial de que o complexo entraria em operação em 2012. O então Comperj incluiria dois conjuntos de unidades para refino para produção de combustíveis e insumos petroquímicos, uma unidade de processamento de gás natural e unidades para produção de petroquímicos.

Já em 2012, surgiam sinais de que o projeto ambicioso poderia não sair como planejado. Naquele ano, a Petrobras reduziu o escopo do complexo para uma refinaria de derivados de petróleo, prevista para 2015.

A obra entregue agora inclui o gasoduto Rota 3, que poderá transportar 18 milhões de m³ por dia de gás natural do pré-sal para a costa. A UPGN do Complexo de Energias Boaventura possuirá dois trens, cada um com capacidade de 10,5 milhões de metros cúbicos por dia. O empreendimento terá capacidade para processar 21 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural provenientes do polo pré-sal da Bacia de Santos.

A AEPET reafirma que O Brasil tem aumentado suas exportações de petróleo cru, sem valor agregado, quando deveria administrar a produção em função de suas metas de desenvolvimento, aumentando progressivamente o consumo energético per capita, investindo mais no refino e no setor de produção de gás natural. Assim, é necessário um aumento de consumo de energia interna que proporcione a população mais carente um maior acesso aos bens de consumo e aos serviços. O que se observa, a partir de 2015, é uma estratégia de curto prazo, que levou a empresa a ampliar os pagamentos aos acionistas e reduzir os investimentos. Essa tendência, inexoravelmente, compromete o futuro da empresa e a capacidade de a Petrobrás, ao menos em alguma medida, cumprir seu papel no que se refere ao desenvolvimento socioeconômico do Brasil.

Gustavo Simões, diretor da AEPET, observa:

“A Petrobrás é a maior empresa do país. É uma estatal que foi criada com funções específicas, como o fornecimento estratégico de petróleo e seus produtos derivados a custos compatíveis com a realidade da sociedade brasileira, e atuar tendo em vista seu papel único para a promoção de um projeto brasileiro de desenvolvimento. O governo Lula interrompeu a privatização da Petrobras e de suas subsidiárias, mas não iniciou em sua plenitude importantes processos de reestatização de estatais e subsidiárias que foram vendidas, como a BR, a Eletrobrás e a TAG.”

No nome do Complexo de Energias Boaventura é uma referência histórica ao convento católico que existia no terreno do empreendimento e que teve sua fachada principal preservada.

Alex Prado é jornalista da AEPET


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