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Os anos de 2015 a 2022 foram alguns dos piores para a história da Petrobrás. Os ataques da Lava Jato, dos governos Temer e Bolsonaro, o cerco midiático de fake news, o mito da Petrobrás quebrada. Os inimigos, dos quais falava Getúlio Vargas, quase conseguiram privatizar a maior e mais importante empresa do Brasil e símbolo de orgulho nacional.

A Petrobrás sobreviveu, mas com sequelas. Quase R$ 300 bilhões em ativos foram privatizados, incluindo a venda de refinarias, BR, Liquigás, Gaspetro, NTS e TAG. A região que mais sofreu com esta liquidação foi o Nordeste. Isto não ocorreu de forma aleatória. O plano implementado era o de transformar a Petrobrás em uma empresa produtora exclusivamente do Pré-Sal e com presença restrita ao eixo Rio-São Paulo. O impacto mais evidente foi a drástica redução no número de trabalhadores da empresa no Nordeste. Em 2012, o NE somava 17.663 petroleiros na empresa. Dez anos depois, este número havia caído para 4.124, uma subtração de 77%.

A Bahia sempre foi um dos principais polos de refino, exploração, extração, fertilizantes, térmicas e de serviços da Petrobrás. Foi na Bahia onde jorrou o primeiro poço de petróleo do Brasil e onde se construiu a primeira refinaria nacional, a Refinaria de Mataripe (RLAM) em 1950. Aqui também foi constituído o seu centro financeiro (COFIP) e a sede dos serviços compartilhados Norte Nordeste que prestava serviços às unidades de negócio da Bahia ao Amapá.

Já se passou quase metade do mandato do presidente Lula, que tinha como compromisso a reconstrução da Petrobrás. E como reconstrução, também entendemos a volta da estratégia de regionalização da empresa, com o retorno da redistribuição das atividades da estatal por todo o país, em busca de alocação mais justa de investimentos, de exploração dos potenciais regionais (de capital humano e de recursos naturais) e de desenvolvimento econômico. Até agora nenhum projeto de reconstrução da Petrobrás na Bahia foi efetivamente posto em prática. Temos notícias contraditórias sobre a recompra da RLAM e a reocupação parcial da torre Pituba. Ainda falta um plano concreto, que seja ao menos parcialmente público, demonstrando um compromisso claro com o estado da Bahia e o Nordeste.

A AEPET-BA entende que a Bahia deve retomar sua importância pré-Golpe de 2016: com o Conjunto Pituba voltando a ser um lugar que reúna importantes serviços administrativos, financeiros e de pesquisa da companhia, inclusive considerando a nova realidade da Margem Equatorial; retomando a RLAM como refinaria estatal, pondo fim ao monopólio privado da Acelen no estado, hoje responsável pela venda de todo o diesel às distribuidoras e de 77% da gasolina, e fazendo com que a Bahia seja em um dos estados com combustíveis mais caros; retomada da Fafen-BA e novos investimentos, para a necessária modernização da fábrica e preparação para a crescente oferta de gás natural do Pré-Sal; e como modelo de produção de energias eólica e solar para a estatal, setor completamente abandonado pelos governos anteriores.

Neste 3 de outubro temos que comemorar mais um ano de existência da Petrobrás, mas também temos de cobrar o governo e a direção da estatal o plano de retomada da estatal em nosso estado.

Parabéns, Petrobrás! À luta, petroleiros da Bahia!

Diretoria da AEPET-BA

Salvador, 03 de outubro de 2024


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