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De quem é a culpa? A falácia de responsabilizar os trabalhadores e trabalhadoras pela desmotivação

Postagem de uma gerente da empresa causa comoção entre os petroleiros e petroleiras

Uma postagem no LinkedIn de uma gerente da Exploração da Petrobrás está causando controvérsia entre os trabalhadores e trabalhadoras. A gerente expôs sua visão sobre a falta de motivação da equipe que lidera, sugerindo que a culpa pela desmotivação e falta de engajamento seria dos próprios trabalhadores.

No entanto, as declarações da gerente revelam um desprezo pela complexidade do papel de liderança, que precisa ser discutido e criticado para evitar que a corda arrebente para o lado mais fraco.

No comentário, a gerente afirmou que muitos de seus liderados estão “desperdiçando seu tempo em empregos dos quais não gostam” e que “não posso ajudar quem não quer ser ajudado, não importa quanto poder eu tenha”. A fala sugere uma transferência de responsabilidade, ignorando o papel central do líder na construção de um ambiente motivador e acolhedor para o coletivo.

Em outro trecho, ela radicaliza: “Sinto vontade de dizer a eles para deixarem seus empregos e encontrarem seu verdadeiro propósito. Mas me pergunto se isso seria útil, porque a maioria deles nem tem consciência do fato de que estão vivendo no automático

A falácia da culpa dos liderados

O discurso da gerente revela uma visão reducionista da liderança, onde o fracasso em engajar os trabalhadores é atribuído apenas a eles próprios. Tal perspectiva é perigosa, pois desconsidera as condições estruturais e as práticas de gestão que influenciam diretamente o ambiente de trabalho. Ao culpar os subordinados, a gerente exime-se de sua própria responsabilidade de criar um espaço de diálogo, incentivo e acolhimento.

O papel do líder: motivação e empatia

O papel de um líder é, acima de tudo, entender os desafios enfrentados pela equipe e agir como facilitador, buscando engajar cada membro de acordo com suas competências e interesses. A postura da gerente, ao contrário, reflete uma visão paternalista e individualista, onde a liderança é vista como um poder unilateral e a motivação como uma questão pessoal dos trabalhadores. Essa abordagem, no entanto, contrasta com práticas modernas de gestão que enfatizam a empatia, o diálogo e o engajamento coletivo.

A postagem está eivada de preconceitos elitistas e valores deturpados, próprios de baixa leitura e certa ignorância vaidosa. Precisamos analisar tal manifestação à luz do treinamento “Valores Petrobrás” e, então, verificar se há compatibilidade entre os valores propalados pela gerente e aqueles que se buscam difundir corporativamente. Nesse sentido, “Valores Petrobrás” está diante de um grande desafio. Veremos se deve realmente ser levado a sério pelos empregados (as) ou se é mera peça publicitária.

A AEPET-BA decidiu contribuir com a reflexão sobre o que permeia o pensamento das lideranças da empresa que menosprezam a força de trabalho. Para a entidade, o comentário da gerente parece mais uma tentativa de autopromoção, alavancando uma narrativa de “bom líder incompreendido” em detrimento da equipe. A entidade questiona se essa é a postura adequada para um cargo de liderança em uma empresa com a importância da Petrobrás. A fala sugere, nas entrelinhas, uma falta de autocrítica e empatia, essenciais para quem ocupa uma posição de comando.

O Impacto nas relações de trabalho

Publicações como a da gerente da Exploração podem afetar a moral dos trabalhadores e criar um ambiente de insegurança e desmotivação ainda maior. É preciso alertar para os riscos de uma gestão que prefere culpabilizar os trabalhadores em vez de buscar soluções coletivas. Esse tipo de visão, infelizmente, é comum em ambientes corporativos, mas não deveria ser aceito como padrão na Petrobrás, uma empresa que historicamente sempre valorizou o trabalho em equipe e a inclusão.

A reflexão sobre o papel da liderança é urgente e necessária. O comentário da gerente acende um alerta para todos os gerentes que pensam da mesma forma: é preciso reconhecer que o sucesso de uma equipe depende tanto dos trabalhadores quanto da capacidade da liderança de criar um ambiente motivador e de respeito.

A AEPET-BA reitera que é necessário um compromisso sério com a valorização dos profissionais, que são o verdadeiro motor da Petrobrás.

Para ver a postagem clique no link abaixo

A postagem original foi editada pela autora após grande repercussão interna

Mensagem da gerente postada há um mês


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