Embaixador André Corrêa do Lago defende transição energética ao participar do Diálogo da Indústria – Combustíveis Sustentáveis na COP30
O presidente da 30ª Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP30), André Corrêa do Lago, afirmou neste domingo (9) que o Brasil, por ser um país petrolífero, ocupa uma posição “especial” para liderar o debate global sobre o fim dos combustíveis fósseis. A declaração foi feita durante conversa com jornalistas em Belém, onde será realizada a conferência em 2025.
Segundo Corrêa do Lago, o desafio é encontrar uma “fórmula” que viabilize o consenso entre países produtores e consumidores de petróleo. “A sociedade brasileira está debatendo muito esse papel do Brasil no mundo. Não é que o Brasil tenha um plano totalmente definido e queira seguir diretamente em uma única direção, mas acredito que a discussão é realmente necessária. E a verdade é que todos os países produtores de combustíveis fósseis concordaram em fazer a transição do petróleo”, afirmou o diplomata.
Brasil no centro da transição energética
O posicionamento de Corrêa do Lago ocorre dias após o presidente Lula ter defendido, durante a Cúpula de Líderes que antecedeu a COP30, a criação de um “mapa do caminho” rumo ao fim do uso dos combustíveis fósseis. Apesar de apoiar novas frentes de exploração no País, Lula ressaltou que o lucro do petróleo deve financiar a transição energética e a expansão de fontes limpas, como o etanol.
A CEO da COP30, Ana Toni, lembrou que durante a COP28, em Dubai, os países se comprometeram a realizar uma transição “justa, ordenada e equitativa”. Segundo ela, o mundo já discute modelos que possam garantir uma transição climática que não deixe populações e economias dependentes de fósseis para trás.
Desafio diplomático global
Corrêa do Lago reconheceu que a eliminação dos combustíveis fósseis é um dos pontos mais sensíveis e divisivos das negociações climáticas. Em entrevista concedida ao Estadão na sexta-feira anterior, o embaixador destacou que o tema está “no radar” da presidência da COP30 e será um dos grandes desafios da conferência.
“A questão é nós encontrarmos uma fórmula, uma fórmula que permita tratar de um tema que divide tanto a negociação de clima e, sobretudo, um ambiente de preocupação de vários países produtores de fósseis”, declarou.
Responsabilidade compartilhada
Um dos princípios fundamentais da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima é o de “responsabilidades comuns, porém diferenciadas” — segundo o qual os países desenvolvidos, por terem contribuído historicamente mais para a crise climática, devem “puxar a fila” das transformações necessárias.
Embora o fim dos combustíveis fósseis ainda não esteja formalmente previsto na agenda da COP30, cresce a pressão internacional e da sociedade civil para que o assunto entre no centro das negociações.
Com a conferência marcada para Belém, em 2025, o Brasil terá diante de si o desafio de equilibrar sua condição de potência ambiental e produtor de petróleo, articulando consensos em um cenário global cada vez mais polarizado sobre o futuro energético do planeta.
Fonte: Brasil 247
