Mesmo com os anúncios de novos investimentos na Bahia com o fortalecimento da indústria naval, a AEPET-BA expressa preocupação com os rumos da atual gestão da Petrobrás, conduzida pela presidenta Magda Chambriard.
Ela e o presidente Lula estiveram na Bahia, no dia 09/10, a retomada dos investimentos da Petrobrás e o fortalecimento da indústria naval e de fertilizantes.
A associação vê com apreensão a adoção de modelos de negócios baseados na terceirização e em parcerias privadas em unidades estratégicas como a Petrobrás Biocombustível (PBio), as FAFENs e até em setores da Unidade Operacional da Bahia (UO-BA).
Entre elas está o modelo de gestão O&M (Operação e Manutenção), que vem sendo adotado em algumas unidades da Petrobrás. Esse formato esvazia a empresa, transfere tecnologia e conhecimento técnico para companhias privadas que não integram o Sistema Petrobrás e substitui trabalhadores próprios por terceirizados com salários muito inferiores.
Na prática, isso representa perda de soberania, precarização das condições de trabalho e descontinuidade do saber técnico acumulado ao longo de décadas.
Segundo a AEPET-BA esse caminho enfraquece a estrutura da empresa e contraria o projeto de país defendido pelo próprio presidente Lula — o de uma Petrobrás pública, integrada e voltada para o desenvolvimento nacional.
A conselheira eleita do Conselho de Administração da Petrobrás, Rosangela Buzanelli, também se posicionou em relação a esse modelo de gestão. “A PBio foi criada no segundo governo Lula com o objetivo de fomentar a agricultura familiar e impulsionar uma transição energética justa. É inadmissível que, no governo que ajudamos a construir, se vislumbre a privatização de um ativo tão estratégico”, destacou ela.
A AEPET-BA defende que a Petrobrás volte a operar com trabalhadores próprios, valorizando seu corpo técnico altamente qualificado, e rejeita qualquer tentativa de privatização disfarçada ou terceirização de atividades-fim.
“O novo modelo de negócio, com parcerias privadas e precarização das condições de trabalho, não representa o programa de governo apoiado pelos petroleiros. Temos certeza de que o presidente Lula é contrário a esse caminho”, reforça o presidente da AEPET-BA, Marcos André.
A entidade também reivindica a descentralização das operações da Petrobrás, com regionalização e nacionalização da produção e dos serviços, garantindo que a Bahia continue desempenhando papel estratégico na cadeia produtiva do petróleo e gás, especialmente na retomada da FAFEN-BA, da PBio e da refinaria Landulpho Alves.
A AEPET-BA considera fundamental alertar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenta da Petrobrás, Magda Chambriard, de que a Bahia tem sido sistematicamente preterida em relação a serviços administrativos e técnicos que, até o golpe de 2016, eram prestados a partir de suas unidades administrativas.
O atual modelo de gestão centralizado no Rio de Janeiro e São Paulo enfraquece a Petrobrás, reduz sua presença nacional e limita sua capacidade de gerar empregos e desenvolvimento nas regiões produtoras, como a Bahia. A concentração de decisões e atividades administrativas no Sudeste torna a empresa menos integrada e menos eficiente, além de impedir a justa distribuição dos investimentos e serviços.
Um exemplo claro dessa política é a situação do edifício Torre Pituba, em Salvador. O prédio, que já abrigou milhares de trabalhadores da Petrobrás e prestadores de serviço, hoje está subutilizado e compartilha espaço com outras empresas devido à falta de efetivo próprio da companhia na Bahia.
A AEPET-BA defende que o Torre Pituba seja plenamente reocupado pela Petrobrás, com o retorno de serviços estratégicos administrativos que antes eram realizados no estado, como o Serviço Compartilhado Norte e Nordeste, o Centro Financeiro e outras atividades de suporte corporativo. Essas estruturas foram transferidas para o Rio de Janeiro após o golpe de 2016, nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, o que resultou na perda de centenas de empregos diretos e indiretos e no enfraquecimento da presença da Petrobrás na Bahia.
Vale lembrar que foi a resistência dos petroleiros baianos que manteve a chama acesa e evitou o desmonte completo da área administrativa da Petrobrás no estado, mesmo com enormes sacrifícios. Essa luta contou com o apoio fundamental do Ministério Público do Trabalho na Bahia, que reconheceu a luta dos petroleiros e petroleiras.
Para a AEPET-BA, reconstruir a Petrobrás na Bahia significa retomar a regionalização e fortalecer sua atuação em todo o território nacional, de forma integrada, pública e voltada ao interesse do povo brasileiro.
Com 72 anos de história, a Petrobrás precisa reafirmar sua vocação pública e seu compromisso com o desenvolvimento soberano do Brasil.
A AEPET-BA seguirá mobilizada para defender uma Petrobrás estatal, integrada e a serviço do povo brasileiro.