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Enquanto anuncia R$ 33 bilhões no Rio, presidenta da Petrobrás ameaça desinvestimento na Bahia, berço da indústria do petróleo no Brasil

A AEPET-BA recebeu com profunda indignação a declaração da presidenta da Petrobrás, Magda Chambriard, sobre a possibilidade de a estatal vender o Polo Bahia Terra, ativo estratégico localizado no estado onde nasceu a indústria do petróleo no Brasil. A fala aconteceu durante uma entrevista à CNN, na segunda-feira (30/06)

Enquanto isso, no Rio de Janeiro, o governo federal celebrou com a presença do presidente Lula, um ambicioso plano de investimento de R$ 33 bilhões — incluindo R$ 4 bilhões da Braskem — para a ampliação da Refinaria Duque de Caxias (Reduc) e integração com o Complexo de Energias de Itaboraí.  Já a Bahia é atingida com ameaça de mais desmonte.

Magda afirmou que a Petrobrás avalia se “fica com o ativo, terceiriza a operação ou repassa” o Polo Bahia Terra, alegando que a queda do preço internacional do barril de petróleo compromete a viabilidade da produção onshore.

A declaração soa como um retrocesso inaceitável e desrespeitoso com a história da Petrobrás e com os trabalhadores e trabalhadoras baianos que ajudaram a construir essa empresa.

A AEPET-BA lembra à presidenta que foi na Bahia que o petróleo jorrou pela primeira vez, em Lobato (Salvador), em 1939; que foi aqui que nasceu o primeiro campo comercial do país, em Candeias (1941); e também onde foi instalada a primeira refinaria nacional: a Landulpho Alves, em São Francisco do Conde (1950). A Bahia sempre foi protagonista na construção da soberania energética do Brasil.

Lucro imediato

Ao dizer que manter o Polo só faz sentido com o barril a US$ 100, Magda desconsidera o papel estratégico da Petrobrás como indutora do desenvolvimento nacional e regional. A produção em terra firme (onshore), além de gerar empregos e arrecadação tributária, fortalece a presença do Estado brasileiro nos territórios.

O Polo Bahia Terra — cujos campos estão situados nos municípios de Catu, Alagoinhas, São Sebastião do Passé, Esplanada, Entre Rios e Cardeal da Silva — possui cerca de 1.700 poços em operação, mais de 900 km de gasodutos e oleodutos, além de unidades de produção de gás, estações coletoras, compressores e estruturas complexas que não podem ser negligenciadas. Em 2024, a produção baiana gerou aproximadamente R$ 257 milhões em tributos e participações governamentais.

Desmonte continua ameaçando a Bahia

A venda do Polo Bahia Terra havia sido colocada em marcha no governo anterior de Jair Bolsonaro, sendo suspensa com a posse do presidente Lula, que prometeu reverter os processos de desinvestimento. A Petrobrás foi intimada em 2022 por decisão liminar do Tribunal de Justiça do RJ a paralisar o processo de venda. Ainda assim, recentemente, a empresa retomou as tratativas com o consórcio formado por PetroRecôncavo (60%) e Eneva (40%) para vender o ativo por cerca de US$ 1,4 bilhão.

A Bahia não está à venda

A AEPET-BA repudia veementemente a ameaça de venda do Polo Bahia Terra. O estado não pode continuar sendo penalizado após anos de desmonte e privatizações que desmontaram a presença da Petrobrás no Nordeste. Diversos profissionais foram transferidos compulsoriamente da Bahia para outras regiões — muitos agora retornam com a esperança de reconstrução, que não pode ser frustrada com mais uma decisão equivocada.

A entidade lembra que, com investimentos adequados em exploração, perfuração, modernização e adoção de novas tecnologias, é possível manter e ampliar a produção baiana de petróleo e gás, que hoje gira em torno de 13,5 mil barris de óleo e 660 mil m³/dia de gás. A Petrobrás deve retomar sua vocação histórica e não agir como uma empresa privada movida apenas pela lógica do lucro.

Convocação à resistência

A AEPET-BA convoca petroleiros e petroleiras, aposentados, pensionistas movimentos populares e sociais e parlamentares comprometidos com a soberania nacional a resistirem a mais essa tentativa de desmonte da Petrobrás. Defender o Polo Bahia Terra é defender o desenvolvimento do Nordeste, os empregos, a renda e o legado histórico construído por gerações de trabalhadores e trabalhadoras da Bahia.

A Bahia não pode mais ser desprezada. O Brasil não pode seguir dividido entre regiões que recebem bilhões em investimentos e outras que são empurradas ao abandono. A luta continua. A Bahia resiste!


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