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por Eric Gil Dantas, economista do Ibeps

A Petrobrás apresentou ontem o seu resultado financeiro para o primeiro trimestre de 2024. O lucro da companhia foi de R$ 23,7 bilhões, 41,8% inferior ao do trimestre imediatamente anterior e 37,8% menor do que o mesmo trimestre do ano passado. Apesar da queda em perspectiva comparada, os números nos mostram mais uma estabilidade dos resultados da companhia em patamares elevados do que algum tipo de sinal amarelo.

O resultado do primeiro trimestre foi influenciado principalmente por três fatores. O primeiro foi a diminuição do total de vendas de petróleo e derivados. A Petrobrás vendeu 5% a menos destes produtos em relação ao trimestre anterior e 4,6% em relação ao mesmo período do ano passado, com destaque para a queda do volume de vendas do diesel (-57 Mbpd) e da gasolina (-37 Mbpd). O segundo aspecto foi a queda do preço dos derivados no mercado interno (principal mercado da Petrobrás), que caiu 7,8% em relação ao trimestre anterior e 16,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Por fim, o terceiro fator foi a perda de R$ 7 bilhões com variações monetárias e cambiais, impactado principalmente pela perda com variação cambial do real frente ao dólar.

Apesar destas diminuições, os preços estão relativamente estacionados em um patamar historicamente elevado. Tanto o barril de petróleo quanto o preço dos derivados só são menores do que os anos de 2022 e 2023. Se compararmos (em termos nominais) os preços atuais do petróleo (R$) e dos derivados no mercado interno com a média histórica de 2007 a 2020, hoje o patamar é 134% superior para o petróleo e 124% superior para os derivados. Ou seja, margens ainda muito confortáveis para qualquer petrolífera.

Como podemos ver no Gráfico 2, os valores financeiros da companhia corroboram com este argumento. Mesmo o 1º trimestre de 2024 apresentando o menor lucro líquido desde o início de 2021, os valores de receita de vendas e do EBITDA (soma dos lucros da empresa antes de subtrair os juros, impostos, depreciação e amortização) mostram certa estabilidade. À exceção de 2022, quando os preços do petróleo e dos derivados bateram recordes, as receitas de vendas e do EBITDA não são tão distintas de 2021 e 2023 (anos em que a Petrobrás também bateu recorde de lucros).

Este resultado gerou um fluxo de caixa livre (FCL) de R$ 32,4 bilhões, 18,6% inferior ao trimestre passado. Seguindo a regra de dividendos que define a remuneração de 45% do FCL, a Petrobrás distribuirá R$ 13,45 bilhões em dividendos e fará a recompra de R$ 1,15 bilhões em ações da companhia, totalizando 14,6 bilhões.

Por fim, em relação aos investimentos a Petrobrás não seguiu a tendência de alta vista anteriormente. Neste primeiro trimestre a estatal investiu US$ 3 bilhões, 14,5% a menos em relação ao trimestre anterior, mas ainda assim 22,6% superior ao mesmo trimestre de 2023.

(Reproduzido do site do Sindipetro SJC)


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