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O grupo Unigel, que arrenda as Fafens da Bahia e Sergipe e diz ser uma das maiores empresas químicas do país, ameaça milhares de trabalhadores com demissão em massa. Na segunda-feira (31/07), o Sindipetro dos Petroleiros de São Paulo (Sindipetro Unificado) publicou uma carta aberta acusando a empresa de fazer chantagem emocional.

Em ‘Unigel, não aceitaremos sua chantagem emocional’, o diretor do Sindipetro Unificado, Albérico Queiroz Filho, expõe a real pretensão da empresa com os funcionários. “Se vitimiza e se diz preocupada com os seus trabalhadores e com o Brasil, se coloca de heroína por garantir o abastecimento de Arla-32 e fecha com a ameaça final onde declara seu real objetivo: assinar o contrato de Tolling com início imediato para 01/08/2023, sob ameaça de demitir geral”.

 

Leia a carta na integra – Unigel, não aceitaremos sua chantagem emocional

 

O documento faz referência a um e-mail enviado pelo presidente da empresa química, Roberto Noronha Santos, a autoridades do governo federal. No e-mail, Roberto solicita uma solução urgente para a “continuidade da produção de ureia no Brasil”. Segundo ele, a Unigel acumulou prejuízos no valor de R$ 1,5 bilhão, no período de janeiro a junho de 2023, sendo obrigada a parar as unidades de Sergipe em 01/04 e da Bahia 06/06 devido ao preço do gás natural.

No dia 20 de junho, a Unigel iniciou as demissões, na unidade de Sergipe, mas no mesmo dia a Petrobrás encaminhou documento solicitando interrupção das demissões e que faria uma proposta à empresa. A proposta foi encaminhada dois dias depois solicitando fazer Tolling.

A Unigel acusa a Petrobrás de indefinição em relação à proposta e em decorrência disso está difícil manter o quadro de funcionários. Caso não houvesse retorno até a última segunda-feira, 31 de julho, a empresa diz que seriam “forçados a realizar as demissões”.

 

Tolling, o possível contrato entre Petrobrás e Unigel 

O método, também conhecido como industrialização em terceiros, consiste na utilização de infraestrutura de uma empresa por outra empresa. Na proposta apresentada pela Petrobrás à Unigel, a estatal falava de fazer a industrialização do Gás Natural convertendo-o em ureia e amônia.

Os trabalhadores avaliam a parceria entre as empresas como “o passo mais bizarro que a Petrobrás dará rumo à opressão e precarização da classe trabalhadoras, a terceirização da atividade fim”.

A proposta pode até ser onerosa para a empresa química, mas os trabalhadores seguem temendo as demissões, uma vez que a Petrobrás não poderia absorvê-los, já que pela lei das estatais o concurso público é obrigatório. Ainda por meio da carta, pedem condições mínimas e um plano de demissão digno para poderem tocar a vida.

 

A finalidade das fábricas de fertilizantes 

As Fábricas de Fertilizantes Nitrogenadas (Fafens), da Bahia e de Sergipe, sob operação da Unigel, foram arrendadas da Petrobrás em agosto de 2020. A Unigel investiu R$177 milhões no arrendamento das duas unidades pelo período de 10 anos.

Localizadas no Polo Petroquímico de Camaçari, na Bahia, e em Laranjeiras, em Sergipe, as Fafens produzem juntas até 1,15 milhões de toneladas de ureia e 925 mil toneladas de amônia por ano.

Em junho deste ano, a Unigel paralisou as operações nas fábricas enquanto tentava renegociar contratos de fornecimento de Gás Natural, principal matéria-prima usada na obtenção dos produtos da unidade. Com o agravamento da situação financeira, a empresa tentou negociar ainda a suspensão dos contratos de trabalho das unidades. Em julho, a produção na Bahia foi retomada, mas os problemas com o preço da matéria-prima persistiram até culminar na ameaça de demissão em massa.

 

Oposição da categoria trabalhadora

O arrendamento das Fafens foi um dos resultados do programa de desinvestimentos e desmonte da Petrobrás realizado pelo governo anterior. A categoria petroleira que sempre lutou em defesa da unidade da estatal mais uma vez foi às ruas em ato contrário ao arrendamento das unidades da Bahia e de Sergipe.

Além das unidades arrendadas, também existe o caso da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná, que foi fechada por determinação do Governo em março de 2020. A categoria ainda reivindica a reabertura da Fafen-PR e reforça que a fábrica pode gerar milhares de empregos e diminuir a dependência de fertilizantes importantes.

O fim do mito da eficiência das empresas privadas mostra que é urgente retomarmos os investimentos da Petrobrás em todo o Brasil, em particular, no Nordeste, onde a empresa foi muito mais destruída. Retomar as atividades das Fafens pela Petrobrás é garantia de emprego de qualidade, produção de fertilizantes, novos investimentos e até a produção de energia potencialmente renovável.

 

Por isso, a AEPET-BA reitera a importância das Fafens e defende a reversão das privatizações, por alienação ou arrendamento. Diferente do que argumenta os que apoiam o desmonte, as privatizações são extremamente nocivas à sociedade e à economia do país. Somos a favor da reestatização para reconstrução.

#ReconstruiraPetrobráséReconstruiroBrasil

#FafensSãoDaPetrobrás 

 


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