A Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET) analisou o documento “5 Pontos para Entender Nossa Estratégia” publicado pela atual direção da Petrobrás no blog Fatos e Dados. O objetivo é se contrapor aos argumentos utilizados pela empresa relacionadas às estratégias, consideradas equivocadas pela AEPET, pois a decisão de focar na exploração e produção do pré-sal com a venda de ativos estratégicos trará graves consequências ao Brasil.
A AEPET defende a Petrobrás como empresa pública, verticalizada, com integração da cadeia produtiva e foco nas energias potencialmente renováveis, entretanto, as ações implementadas pela gestão Castello Branco apontam para direção contrária, destruindo a maior empresa de petróleo da América Latina.
A análise das estratégias da empresa inclui: venda de ativos, redução do endividamento, viabilidade em grandes investimentos, adequação de custos corporativos e manutenção das estratégias a longo prazo. Rebate com argumentos sólidos e estudos confiáveis, essas estratégias usadas para justificar a privatização. Aliás, a entidade reitera que desde 2016 alerta não ser necessário vender os ativos para administrar e reduzir a dívida da empresa. Considera essa estratégia uma falácia.
Inclusive, dados divulgados pela própria empresa mostram que os recursos obtidos com a venda dos ativos tiveram influência pouco relevante na redução do endividamento líquido da companhia.
E não é à toa que a empresa abre o documento falando sobre a venda dos ativos. Estratégia mais do que equivocada, uma vez que as maiores petrolíferas internacionais são integradas desde a exploração e produção, ao refino, transporte, comercialização, distribuição e petroquímica. A integração se justifica porque garante a geração de caixa diante da inevitável variação dos preços do petróleo. “Durantes esses 30 meses de preços moderados do petróleo, os balanços trimestrais da indústria internacional apresentaram prejuízos bilionários do segmento de E&P, enquanto os lucros extraordinários do refino, transporte e comercialização garantiram a resiliência das petroleiras integradas”, diz a AEPET.
Em relação à estratégia sobre adequação dos custos corporativos, que a Associação diz ser uma obrigação dos executivos, não tem caráter estratégico, a Petrobrás coloca a necessidade de redução dos gastos corporativos fazendo comparação com os custos de diversas petrolíferas privadas. Entretanto, a AEPET mostra que, por exemplo, a Shell, que comprou a BG que tinha posição privilegiada no pré-sal brasileiro, dispendendo cerca de US$ 70 bilhões, fez um negócio rentável.
Já a Petrobrás, com a nova política de preços chamada de Preço Paritário de Importação-(PPI), implementada em 2016, além da perda de mercado, permitiu a ociosidade de suas refinarias, de até 30%. Além disto, em 2019, transferiu para terceiros o controle da BR Distribuidora, perdendo mais de 10% de sua receita. Outra estratégia equivocada que está custando caro aos consumidores com os preços altos do gás de cozinha e combustíveis.
A AEPET conclui no documento que as comparações da eficiência, entre as petrolíferas estatais e destas com as petrolíferas de capital privado, devem ponderar a complexidade dos objetivos perseguidos pelas estatais, em comparação com a simples maximização do retorno aos acionistas sobre o capital aplicado, que é a perseguida pelas companhias privadas.
“O desempenho de uma estatal deve ser medido com referência à sua função objetivo, e não a partir do objetivo das companhias privadas. A aceleração das vendas dos ativos da Petrobrás é resultado de decisão puramente ideológica, não tem coerência com as tendências da indústria internacional e não se justificam diante da realidade empresarial e financeira da companhia e de sua condição de estatal”, conclui a AEPET.
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