O Dieese divulgou uma Síntese Especial sobre a imposição de tarifas de 50% a produtos brasileiros pelo governo dos Estados Unidos, em vigor a partir desta quarta-feira, 6 de agosto. A decisão da administração Trump escancara as contradições do processo de globalização e inaugura um novo capítulo na disputa por hegemonia econômica e tecnológica entre as grandes potências mundiais.
Ao adotar medidas protecionistas, os EUA buscam conter o avanço da China, reindustrializar sua economia e reafirmar sua posição dominante no comércio e no sistema financeiro internacional. Diferentemente do episódio de 2018 — quando aço e alumínio brasileiros foram sobretaxados, mas depois protegidos por cotas de exportação — o novo pacote tarifário apresenta uma nítida motivação política embutida no discurso econômico.
Diante desse cenário, o Dieese propõe que o Brasil adote uma estratégia articulada para mitigar os efeitos das tarifas e fortalecer sua soberania econômica. Entre as medidas sugeridas estão:
- Diversificação dos mercados de importação e exportação;
- Estímulo à produção nacional, inclusive com parcerias internacionais;
- Reorientação da produção voltada ao mercado interno;
- Subsídios à transição produtiva;
- Utilização de estatais e de instrumentos de política fiscal e de crédito;
- Fortalecimento de alianças internacionais, como os BRICS e o Mercosul, para ampliar alternativas comerciais.
A médio e longo prazos, o foco deve estar na neoindustrialização. Parcerias estratégicas, como as promovidas pelos BRICS, podem servir de base para modernizar a estrutura produtiva brasileira, com a incorporação de tecnologias limpas e o fortalecimento do setor industrial.
Esse processo de reconstrução econômica precisa estar atrelado a contrapartidas sociais e trabalhistas, como a geração de empregos, a redução da rotatividade e a reinserção de trabalhadores afetados por mudanças tecnológicas — como destaca o Dossiê BRICS+ e o futuro soberano do Sul Global.
Nesse contexto de disputa entre Estados Unidos e China, a integração produtiva regional requer ainda uma revisão do protagonismo absoluto da China nas cadeias industriais globais, abrindo espaço para uma produção mais descentralizada.
Mais do que resistir ao tarifaço de Trump, o desafio é construir um novo modelo de desenvolvimento soberano e sustentável, que reduza a vulnerabilidade externa e valorize o trabalho, a produção nacional e o papel do Estado no planejamento econômico.
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