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A Eneva, que se autodenomina como a maior operadora privada de gás natural do país, propôs uma fusão com a Vibra Energia, antiga BR Distribuidora. A proposta sugere duas possibilidades: a troca de ações entre as empresas ou a criação de uma nova companhia. A ideia principal é juntar as reservas de gás da Eneva aos clientes industriais da Vibra.

Conhecida como merger of  equals (fusão de iguais, em tradução livre), a oferta avalia as empresas ao mesmo valor de mercado. Até o fechamento desta matéria, a Eneva está sendo avaliada em R$ 19,8 bilhões, enquanto a Vibra, R$ 22,7 bilhões. Com esse tipo de transação, a Eneva seria super beneficiada, uma vez que as ações da nova companhia, que teria um valor de mercado próximo de R$ 45 bilhões, seria dividido meio a meio e a Eneva vale menos do que a Vibra. No mercado, esse tipo de vantagem é chamado de prêmio.

Depois da Petrobrás e da Eletrobrás, a nova empresa seria a maior companhia de energia. Seria um negócio com atuação desde o segmento de combustíveis até geração, comercialização e distribuição de energia, também com um destaque menor para a área de renováveis. A proposta é válida por 15 dias e está sendo avaliada pelo Conselho de Administração da Vibra.

Em nota, a Eneva afirmou que as empresas têm em mãos uma grande oportunidade de criar uma estrutura forte que iria acomodar as operações através de uma sinergia única.
“A Eneva entende que uma fusão de iguais com Vibra representa uma oportunidade ímpar para as empresas e seus acionistas, tendo um sólido racional estratégico considerando, inclusive, a complementaridade dos negócios das companhias e, se efetivada, poderá implicar em ganhos significativos de eficiência e de alocação de capital”, diz o comunicado.

O que será da marca nacional BR?

Atualmente nomeada de Vibra Energia, a BR Distribuidora é a maior rede de postos de combustíveis do Brasil e era braço da Petrobrás na cadeia de distribuição de combustíveis. A empresa foi criada para quebrar o cartel de multinacionais no mercado de combustíveis, visando preços justos e soberania. Com o tempo, construiu um legado e a marca BR se tornou patrimônio e símbolo do país.
Em 2019 e 2021, a empresa foi privatizada em duas etapas durante o governo  Bolsonaro (PL). Passou a se chamar Vibra Energia, mas ainda utiliza em seus postos a marca BR, historicamente vinculada à Petrobrás, e continuará usando pelos próximos seis anos. E assim o país perdeu uma marca comercial expressiva, a BR Distribuidora, e o poder de atuação no mercado de combustíveis.

Não é difícil encontrar postos BR, operados pela Vibra, vendendo combustíveis muito mais caros do que outras franquias. E pior, poucos consumidores sabem que aquela gasolina ou diesel não é um produto Petrobrás.

A proposta de fusão entre a Eneva e a Vibra Energia é extremamente prejudicial ao mercado e, principalmente, ao consumidor, já que a concentração de poder e a falta de diversidade no setor energético comprometem a concorrência e influencia diretamente nos preços. Sem falar da dissolução total de uma marca nacional significativa.
Na verdade, a oferta mais parece uma estratégia da Enova que seria desproporcionalmente beneficiada, em comparação com a Vibra. Em seu comunicado, a própria empresa destaca que a fusão “representa uma oportunidade ímpar para as empresas e seus acionistas”. Ou seja, os consumidores não estão na jogada, e, pelo que parece, nem mesmo a Vibra seria contemplada com alguma vantagem significativa nessa transação.

É necessário e urgente que a Petrobrás retome a BR Distribuidora, pois muito mais que uma mera marca comercial, é o que há de melhor dos brasileiros e nos representa como povo e nação.

Retorno imediato da Petrobrás a distribuição é uma tarefa para assegurar mercado para os produtos das refinarias da Petrobrás e para que a empresa reúna condições de fazer chegar no consumidor final os derivados aos menores preços possíveis contribuíndo com o Brasil e fazendo cumprir a promessa de campanha do presidente Lula


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