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Com refinaria privatizada, estado ocupa segundo lugar com gás de cozinha mais caro no país

Com mais um aumento no gás de cozinha, o consumidor baiano sofre com os preços altos do produto. A Acelen, empresa que controla a Refinaria de Mataripe, antiga Landulpho Alves (RLAM), confirmou o aumento do preço do GLP (gás de cozinha) em 10,16% para as distribuidoras. O aumento passou a vigorar na quinta-feira (01/08).

Com o aumento, o baiano paga 37% mais caro pelo gás de cozinha em comparação ao preço cobrado pela Petrobrás.

Em março, a Acelen tinha reajustado em 8% o produto para as distribuidoras.

Nas distribuidoras, o preço médio do gás de cozinha, antes do aumento, estava em cerca de R$ 135,00, mas com aumento, a estimativa, segundo o Sindicato dos Revendedores de Gás do Estado da Bahia (Sinrevgas) ao jornal  À Tarde, é que ultrapasse os R$ 140,00, podendo até chegar a R$ 150,00, o que tornaria Salvador a capital com o gás de cozinha mais caro do país.

Segundo o economista da AEPET-BA, Eric Gil Dantas, a Acelen só perde o posto de refinaria mais cara, em relação ao GLP, para a Refinaria da Amazônia (REAM), no Amazonas, que está cobrando R$ 48,80 pelo botijão de 13kg, o que não inclui aí os custos de margem de distribuição e revenda e impostos.

Não coincidentemente, a RLAM e a Ream foram privatizadas nos dois últimos anos do governo Bolsonaro. Um relatório da Controladoria Geral da União (CGU), apontou que a Petrobrás assumiu o risco ao dar continuidade às negociações da venda das refinarias, naquele contexto de pandemia de COVID-19, quando o barril de petróleo estava desvalorizado no ‘mercado mundial’. A RLAM, por exemplo, foi vendida pela metade do preço do valor de uma Refinaria, segundo o BTG Pactual.

Mesmo quando a Petrobrás seguia os preços da Paridade de Importação (PPI), usando o dólar como referência nos preços, a Acelen tinha o gás de cozinha mais caro. É o que mostra o estudo de Eric Gil Dantas. “Desde que foi vendida a RLAM, os baianos pagam caro pelo produto, em média 14% a mais em comparação aos preços da Petrobrás que suspendeu o PPI, em 2023. A diferença hoje é de 37%”, declara ele.

Veja o gráfico:

O gráfico mostra a evolução dos preços desde que a RLAM foi vendida para o fundo árabe Mubadala em relação à Petrobrás.

O aumento do preço do gás empurra os mais pobres a cozinharem com lenha. Em 2022, quando o preço do gás de cozinha chegou ao maior patamar da história do Brasil, o consumo de lenha também cresceu. Foi o maior desde 2009.

Esses últimos aumentos evidenciam e escancaram o quão prejudicial foi a privatização de refinarias antes controladas pela Petrobrás, privatizações essas que só serviram ao mercado e a investidores estrangeiros, deixando o povo baiano, amazonense e potiguar nas mãos do capital privado. Os consumidores sofrem com recorrentes aumentos nos preços dos combustíveis, tornando a reestatização das refinarias cada vez mais urgente e necessária, bandeira defendida firmemente pela AEPET-BA.

O presidente da AEPET-BA, Marcos André, defende a volta da RLAM para a gestão da Petrobrás “como solução do fim da política de preços, aplicada pela Acelen, que leva em conta o valor do dólar e do barril de petróleo no mercado internacional. Política essa que já foi extinta pela Petrobrás”, diz ele.

Com a reestatização da RLAM, os consumidores baianos vão voltar a pagar preços justos da gasolina, diesel e gás de cozinha.

É preciso. A Bahia foi prejudicada com a implementação de um monopólio regional privado, após a venda da RLAM, que possibilita a Acelen ditar os preços da gasolina, gás de cozinha e diesel, com graves prejuízo para as famílias e a economia, na Bahia.


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